Controverso patrocinador da Onyx nos anos 80 na F1, Van Rossem morre de câncer na Bélgica

Aos 73 anos, o economista Jean-Pierre van Rossem morreu de câncer de pulmão. O também político belga chamou atenção no esporte ao patrocinar a pequena equipe Onyx da F1 no fim dos 80, bem como por enriquecer a partir de uma controversa empresa de investimento no mercado de ações

Jean-Pierre van Rossem, de 73 anos, morreu nesta sexta-feira (14) em decorrência de um câncer. Há quatro dias, o belga escreveu em seu perfil no Facebook que “estava sofrendo com grave doença nos pulmões”. Van Rossem era economista, político na Bélgica e ganhou notoriedade no esporte ao financiar a pequena equipe Onyx na F1, no fim dos anos 80. Criador da empresa de investimentos 'Moneytron', Jean-Pierre foi uma figura controversa e chamou atenção no paddock, embora tenha tido uma breve passagem pelo Mundial.
 
Van Rossem teve destaque no mercado de ações com a 'Moneytron', que prometia ganhos intermináveis, pois tinha a capacidade de prever as flutuações econômicas. No entanto, somente ele tinha acesso ao modelo. Entre seus clientes, estava a Família Real Belga.

Formado em Economia na Bélgica, com pós-graduação nos EUA, era também um estudioso do sistema financeiro. Jean-Pierre possuía simpatia pelas teorias de Karl Marx e afirmava ter desenvolvido um formato de transações de vendas e aquisições de ações que poderia vencer o modelo capitalista. O belga enriqueceu rapidamente, mas acabou sendo condenado a cinco anos de prisão por alegações de fraudes financeiras, em 1991, mas cumpriu apenas parte da sentença.

Jean-Pierre Van Rossem morreu de câncer de pulmão e ficou conhecido na F1 por patrocinar a pequena Onyx no fim dos anos 80 (Foto: Reprodução)

Van Rossem também fundou um partido político na Bélgica, o ROSSEM. Em uma tradução livre, seria algo como 'Reformistas radicais e lutadores sociais por uma sociedade mais justa'. Nas eleições de 14 de novembro de 1991, o partido conseguiu surpreendentes 3,2% de votos, obtendo o direito a três lugares no governo, dois na Câmara e um no Senado. 

 
Jean-Pierre, inicialmente, não pode assumir o posto, por conta da condenação, mas, no ano seguinte, acabou empossado. Em 1993, se envolveu em uma outra polêmica ao gritar 'Viva a República Europeia!', durante a cerimônia de juramento do Rei Albert II. O político seguiu a vida pública e participava com frequência de programas de TV. 

A Onyx 

Onyx estampou a marca da Moneytron em 1989 (Foto: Forix)

A Onyx teve breves dois anos de F1 e ficou marcada para sempre como uma das nanicas da história da categoria. Só que, antes de chegar ao grid, a equipe britânica teve uma boa passagem pela F3000. De 1985 até 1987, venceu corridas em todas as temporadas, todas com italianos: quatro com Emanuele Pirro e três com Stefano Modena.

 
A chegada à F1 aconteceu em 1989 e as duas temporadas da Onyx foram marcadas por crises e uma série de problemas. A equipe não conseguiu sequer largar em mais da metade das provas que fez, abandonou outras tantas e nem ao final de 1989 chegou, fechando as portas ainda no GP da Hungria.
 
Mas nem só de sofrimento foi a história da nanica. O momento de glória veio pelas mãos do sueco Stefan Johansson, único piloto a conseguir anotar pontos pela Onyx. Mais do que isso: em uma das duas vezes em que pontuou, conseguiu chegar ao pódio em 1989 no GP de Portugal. Teve também um quinto lugar no mesmo ano na França.
 
Além de Johansson, que foi, de longe, quem mais se destacou guiando os carros de motor Ford, a Onyx ainda teve o belga Bertrand Gachot – que nunca passou do 12º lugar -, o finlandês JJ Lehto – que também ficou como 12º em sua melhor corrida – e o suíço Gregor Foitek – que chegou em sétimo em Mônaco em 1990.
 
A grande curiosidade que ilustra bem como foi o calvário da Onyx na F1 está no número de vezes em que o time completou uma prova. Foram apenas oito oportunidades em 26 corridas colocando os dois carros para tentarem classificar para a prova. Uma passagem de pouco brilho, mas recordações intensas para o fã da categoria e das equipes menores.
 
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