Ricciardo mostra forças, mas para melhorar é preciso de constância nos resultados

É verdade que Daniel Ricciardo alcançou seu melhor resultado no GP da Inglaterra ao finalizar a corrida no quinto lugar. Mas há de lembrar que não é com lampejos que o australiano vai conseguir ajudar Lando Norris na disputa pela terceira força do campeonato: é preciso ser constante

Hamilton resiste após batida com Verstappen e vence GP da Inglaterra (Vídeo: Reuters)

Embora mais de 300 mil pessoas estivessem presentes no GP da Inglaterra, o show de Daniel Ricciardo foi apresentado para uma pequena audiência. Isso porque a disputa entre Max Verstappen e Lewis Hamilton foi o clímax da etapa britânica que, digno de uma trama de filme hollywoodiano, firmou ainda mais a guerra entre as duas potências. No entanto, a disputa entre os dois pilotos e seus desdobramentos dentro e fora da pista não deixaram o único australiano do grid passar batido. Pelo contrário, nesta mesma caótica corrida, ele não só se colocou a um degrau abaixo de Lando Norris, como também conquistou a sua melhor posição em 2021: um quinto lugar depois de uma luta incessante contra Carlos Sainz Jr.

“Fiquei feliz com meu primeiro top-5 do ano. Demorou um pouco, mas ‘antes tarde do que nunca’. Feliz com os pontos e por ter os dois carros entre os cinco primeiros pela primeira vez este ano”, disse ele, após a etapa em Silverstone.

No entanto, a presença dentro do top-5 não apaga a temporada abaixo do dono do carro #3 pela McLaren. Com problemas de adaptação já conhecidos e, embora tenha visitado a zona de pontuação em sete das dez etapas do campeonato até o momento, o ‘brilho inconstante’ de Ricciardo foi totalmente apagado pelo trabalho excepcional de seu jovem companheiro britânico – o único piloto a pontuar em todas as corridas de 2021. É dispensável dizer que esta é sua melhor temporada: se comparado ao ano passado, até a 10ª etapa, Norris somou 65 pontos. Na atual, contabilizou 113. Diferença gritante para o piloto de 31 anos, que se vê atrás por 63 pontos. O curioso é que, neste mesmo momento em 2020, Daniel tinha 63 tentos, 13 a menos do que tem hoje.

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Daniel Ricciardo foi bem e terminou o GP da Inglaterra na quinta posição (Foto: McLaren)

E isso é pouco. Pouco para um competidor que chegou a peso de ouro na equipe de Woking e vive de lampejos. Afinal, se perguntasse a qualquer um amante da Fórmula 1 se esperava ver Ricciardo sendo um mero coadjuvante do enredo com Norris, poucos diriam que sim. Talvez, até o próprio australiano. Isso porque, se recapitularmos sua chegada na McLaren, ele mesmo almejava (e projetava) por mais. Em fevereiro, quando teve a primeira experiência no time o dono do carro #3 foi um pouco mais cauteloso do que foi na Renault, afinal, tem a mesma meta, mas em condições mais favoráveis.

“Ano passado foi de rivalidade grande entre boa parte do pelotão. E alguns acabaram não conseguindo nenhum pódio. A briga pelas primeiras posições foi ficando mais intensa, mesmo com a Mercedes ainda tendo o melhor carro. As outras equipes estão tentando se aproximar e acho que vão. Espero que minha experiência e minha motivação sirvam para que a gente vença a batalha que for”, disse ele.

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De fato, a competitividade existe em 2021 – inclusive, com o carro laranja de número #4 se saindo muito bem e, em algumas oportunidades, chegando a emparelhar o ritmo com Red Bull e Mercedes. Mas há de se ressaltar que isso tem acontecido muito mais por mérito de Norris do que de Ricciardo. Embora já tenham dito que a relação fora da pista é muito positiva, dentro dela, o piloto mais velho já tentou decifrar o que o mais jovem faz para tirar o máximo do MCL35M. E, por mais excepcional que seja, não é mágica. A McLaren tem um bom carro, um bom motor, um piloto que consegue entregar e um piloto que está lutando para fazê-lo. E este último está tentando de todas as formas, desde estudos após as corridas a até simulador dentro de casa – algo que o fez torcer o nariz, mas que não custa testar.

“No começo, pensei: ‘Não quero simulador em casa porque tenho coisas melhores para fazer esses fins de semana grátis’. Essas corridas virtuais nunca me animaram, mas não quero ter a mente fechada porque pode realmente ajudar. Max [Verstappen], Lando [Norris] e Charles [Leclerc] são muito ativos no simulador e, afinal, pode, sim, contribuir com alguma coisa. Ainda não me agrada, mas eu vou experimentar”, declarou Ricciardo, em entrevista ao portal alemão Auto Motor und Sport, semanas antes do GP da Inglaterra.

Daniel Ricciardo fez o primeiro top-5 do ano (Foto: McLaren)

Por isso, é louvável que ele esteja lutando, mas é preciso apressar o aprendizado. Por mais que os dois últimos resultados, na Áustria e Estíria, e os lampejos no top-10 aconteçam, é preciso que este ‘brilho inconstante’ seja constante e se tornem regra. Porque mesmo à frente da sua rival Ferrari por míseros 15 pontos, ainda que a equipe de Maranello esteja já com o foco em 2022, ela ainda é uma ‘caixa de surpresas’ na temporada de 2021 – sobretudo, com o ótimo ritmo de classificação mostrado em Silverstone -, e seus dois pilotos não vão largar o osso tão facilmente. Depois do GP da Inglaterra, é nítido como a luta pela terceira força está viva e está na hora de Lando Norris receber o apoio de sua dupla no ringue.

Talvez seja cedo para apontar a mudança de Daniel Ricciardo. Mas a confiança de um resultado positivo em Silverstone pode ajudá-lo. Pode vir a ser mais combustível para fazer as pazes com seu carro e dominá-lo. Afinal, não ele não é tão arisco e sua experiência de dez anos na Fórmula 1 é muito útil. Mas precisa ser rápido. O tempo é cruel e qualquer milissegundo desperdiçado pode ser fulminante em um grid tão acirrado. O primeiro – e seu melhor – passo já foi dado. Resta saber se ele vai continuar percorrendo esse caminho ou voltar a se perder.

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