Ecclestone se defende após polêmica racista: “Não sou contra pessoas pretas”

Bernie Ecclestone se defendeu após as criticas recebidas por uma entrevista à CNN. O inglês de 89 anos ressaltou que o próprio pai de Lewis Hamilton quis fazer negócios com ele

Bernie Ecclestone não tardou em reagir às criticas recebidas por seu posicionamento em uma entrevista à CNN. O britânico de 89 anos destacou que não é “contra pessoas pretas” e lembrou que o pai de Lewis Hamilton, Anthony, já quis fazer negócios com ele.

Na semana passada, em entrevista à emissora norte-americana, o antigo chefão da Fórmula 1 minimizou o racismo e criticou a iniciativa da categoria, impulsionada por Lewis Hamilton, na luta contra a discriminação racial.

Bernie Ecclestone é conhecido por suas declarações polêmicas (Foto: Divulgação)
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“Não acho que vai fazer nem mal e nem bem para a Fórmula 1. Só vai fazer as pessoas pensarem, o que é mais importante. Em muitos casos, os afro-americanos são mais racistas que os brancos”, afirmou Bernie.

A F1, que lançou recentemente a campanha #WeRaceAsOne (corremos juntos, em tradução livre), reagiu e tratou de se distanciar de seu antigo dirigente.

“Em um momento em que a unidade é necessária para combater o racismo e a desigualdade, discordamos completamente dos comentários de Bernie Ecclestone, que não têm lugar na Fórmula 1 ou na sociedade”, explicou a categoria em nota. “Ecclestone não desempenha nenhum papel na Fórmula 1 desde que deixou nossa organização em 2017, com o título de Presidente Emérito, vencido honorificamente em janeiro de 2020”, completou.

Pelo Instagram, Hamilton também reagiu às declarações de Ecclestone e associou o britânico à falta de diversidade da F1.

“Muito triste e decepcionante ler esses comentários. Bernie está fora do esporte e é de uma geração diferente, mas é exatamente isso o que está errado: comentários ignorantes e mal-educados que nos mostram o quão longe ainda precisamos evoluir como sociedade para que a igualdade real possa acontecer. Faz total sentido para mim que nada tenha sido feito ou dito para tornar nosso esporte mais diverso ou discutir o abuso racial que eu recebi ao longo da minha carreira”, disse. “Se alguém que comandou o esporte por décadas tem tamanha falta de noção dos problemas profundos que nós, como pessoas pretas, temos de lidar todos os dias, como vamos esperar que aqueles que trabalham para ele entendam? Começa no topo”, seguiu.

“Agora é a hora de mudanças. Não vou parar de me esforçar para criar um futuro inclusivo para nosso esporte, com oportunidades iguais para as minorias. Vou continuar a usar minha voz para representar aqueles que não tem vez, falar pelos que não são representados para que tenham chance em nosso esporte”, finalizou.

Em uma nova entrevista, desta vez ao Daily Mail, Ecclestone se defendeu, citando, inclusive, o pai de Lewis.

“Não sou contra pessoas pretas. Pelo contrário. Sempre fui muito a favor. De fato, o pai de Lewis queria fazer negócios comigo”, contou Ecclestone. “Ele fez algumas boas máquinas de remo. Jamais teria considerado isso se fosse anti-pretos. Se o projeto estivesse certo, teria feito”, seguiu.

Ecclestone tentou esclarecer o que estava tentando dizer na entrevista à emissora norte-americana.

“Ao longo dos anos, conheci muitas pessoas brancas de que não gosto, mas nunca conheci um preto de que não gostasse”, contou. “Me assaltaram várias vezes, uma vez eram três negros. Acabei no hospital, mas, mesmo depois disso, nunca tive nada contra ninguém que fosse preto. Não penso em Lewis como preto, é só Lewis para mim”, indicou.

“Se uma pessoa preta ou uma pessoa branca é recusada para um trabalho, você tem de questionar o motivo. Foi pela cor da pele ou foi por que não estava a altura do trabalho? Era isso que eu estava dizendo”, defendeu.

Na mesma entrevista, Ecclestone lembrou o papel de Ron Dennis na carreira de Hamilton e afirmou que os pretos têm de saber se defender, como ele fez quando era chamado de anão nos tempos da escola.

“Ron Dennis não atrapalhou o caminho de Lewis quando ele era criança, cuidou dele. Willy T. Ribbs foi o primeiro homem preto a conduzir um carro de F1, para mim, nos anos 70. Quando perdi minha carteira de habilitação, tinha um motorista preto, não por que ele fosse preto, mas porque não me importava se era preto ou branco. Agora, de repente, está na moda falar de diversidade”, declarou.

“Não é minha culpa que eu seja branco ou que seja um pouco mais baixo que a média dos homens. Me chamavam de anão no colégio e me dei conta de que tinha de fazer algo a respeito. Os pretos devem cuidar de si mesmos”, defendeu. “E aí tem as pessoas que vão a esses protestos, organizados por quase marxistas que querem acabar com a polícia, o que seria um desastre para o país. Se perguntar o motivo delas protestarem, provavelmente não saberiam”, disparou.

Por fim, Ecclestone comentou a reação da Fórmula 1. “Me proibirem de ir às corridas? Eu aconselharia que não fizessem isso. É possível que queiram tentar na Rússia”, completou Bernie, que já se referiu ao presidente russo Vladimir Putin como “o melhor líder mundial” algumas vezes.

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