F1 2025 abre trabalhos em dia incomum no Bahrein e ensaia equilíbrio. Mas há mais por vir
Enfim, a Fórmula 1 saiu das garagens e agora é realidade em 2025. O Bahrein foi palco do primeiro dia da pré-temporada e responsável pela primeira grande surpresa dos testes coletivos: além do estranho clima frio e da chuva (!), equipes e pilotos ainda foram acometidos por uma inesperada falta de energia no circuito, o que tornou tudo mais divertido nesta quarta-feira (26). Agora, sob a ótica crua da folha de tempos, é possível dizer que há mais por vir, muito embora a McLaren tenha se apresentado muito bem, começando o novo ano como terminou o passado: na frente de todos
A Fórmula 1 2025 é realidade. Depois do lançamento coletivo da semana passada e de alguns individuais, os carros enfim ganharam a pista e já foi possível observar detalhes aqui e ali do que as equipes pensaram para a temporada que começa no mês que vem, na Austrália. É claro que é sempre importante olhar para a tabela de tempos com a cautela devida, mas não dá para dizer que foi um dia comum de testes. A verdade é que o Bahrein foi o responsável pela grande surpresa do início dos trabalhos, porque o clima frio, a chuva (sim, choveu no deserto!) e as fortes rajadas de vento tornaram tudo mais interessante, impondo um desafio a mais ao grid. Certamente, esses elementos terão um papel crucial na hora da análise dos dados. E ainda teve um inesperado apagão que prolongou o primeiro dia, mas que não impediu a McLaren de fechar a sessão na frente de todos, com Lando Norris. Quer dizer, o novo ano começa da maneira como o passado terminou. E só isso já rende uma bela manchete.
Como de costume, todo o grid saiu em busca de informações e coleta de dados, mas o fato é que as equipes começaram a quarta-feira (26) diante de temperaturas próximas as do inverno europeu, e isso provocou mudanças no comportamento dos pneus, nas avaliações e mesmo dos testes aerodinâmicos — os ventos foram um fator também determinante. Ainda assim, o dia 1 transcorreu sem grandes dramas em pista, exceto uma rodada de Liam Lawson, causada também pela instabilidade do tempo. Portanto, as primeiras horas das atividades acabaram afetadas por esses elementos, o que obrigou pequenas alterações nos programas técnicos.
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Do lado da Pirelli, o C3 (médio) foi o mais utilizado — 1.017 de 1.326 voltas ou 76,7%. Dois outros compostos, dentre os seis possíveis, também foram usados: o C2 (279 voltas ou 21,04%) e o C1 (30 voltas ou 2,26%), este último apenas pelo líder do dia e pelo francês Pierre Gasly (Alpine). Ainda, esses são os pneus mais duros da gama oferecida pela fabricante italiana.
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Diante desse cenário, a equipe papaia foi a que menos acumulou quilometragem entre as ponteiras, mas exibiu velocidade. O vice-campeão de 2024 completou o dia em 1min30s430 como melhor marca, após 52 giros. Ao contrário do colega Oscar Piastri, que guiou o novo MCL39 pela manhã e se dedicou aos testes aerodinâmicos, Lando trabalhou com a performance, alternando diferentes configurações e carga de combustível. Chegou ao topo da tabela sem muito problema e parece ter nas mãos um carro de novo equilibrado, veloz e muito eficiente nas curvas rápidas do circuito de Sakhir — algo que faz parte dos objetivos da McLaren para 2025.
“Primeiro dia produtivo com o MCL39 nos testes oficiais. A equipe e os pilotos fizeram um bom trabalho, seguindo um plano de trabalho intenso. Terminamos o dia com muito mais dados”, falou o chefe da McLaren, Andrea Stella.
“Oscar se concentrou principalmente em testes aerodinâmicos nesta manhã e, à tarde, desenvolvemos a configuração base com o Lando, realizando mais ajustes. As condições hoje estavam mais frias e com mais vento do que o normal, o que gerou alguns desafios na pista para todos. No entanto, graças aos esforços da equipe da McLaren na pista e no Reino Unido, conseguimos coletar muitos dados importantes que podemos usar para evoluir amanhã”, completou.
A segunda posição na tabela no Bahrein ficou com George Russell. A Mercedes também investiu em velocidade no W16, muito embora ainda pareça perseguir um conceito menos instável. O inglês se concentrou no comportamento geral do carro em 70 voltas. A equipe alemã tem como missão fazer com que o novo modelo sofra menos com as diferentes temperaturas, além de criar uma estabilidade na parte traseira. O novato Andrea Kimi Antonelli chegou a liderar a sessão da manhã — no geral, acabou em sétimo —, depois de focar em uma melhor adaptação à esquadra e aos testes aerodinâmicos. Importante destacar que a esquadra foi a terceira com maior número de voltas: 148. Só perdeu para Haas (160 giros) e a Racing Bulls (154).
“Ficou claro no ano passado que sofremos muito nas corridas quentes e o carro saía de traseira com a pista sob essas condições. Isso é algo que queremos acabar. Claro, para todos, é mais complicado quando está calor, mas nosso desempenho mostrou que tínhamos retrocedido, andando no fio da navalha. O foco foi deixar o carro mais fácil de pilotar, mais intuitivo, e, até agora, parece que estamos fazendo isso”, comentou Russell.
Logo atrás dos prateados, quem apareceu foi Max Verstappen. Embora a equipe austríaca tenho tido um dia mais discreto, o neerlandês andou muito na parte da tarde, buscando quilometragem. O tetracampeão ficou a pouco mais de 0s2 de Norris, mas focou em diferentes configurações ao longo do dia e terminou a sessão com um sorriso no rosto, falando em “surpresas positivas”. A meta dos energéticos é tornar o RB21 mais previsível e menos sensível a traçados de baixa velocidade, ondulações e zebras altas. E parece que, mesmo com um carro sem grandes inovações, o time chefiado por Christian Horner reencontrou o caminho.
“Depois da pilotagem de hoje, tudo parece bom. Apenas surpresas positivas, o que é bom. Não sabemos qual é o ritmo ainda, mas as coisas funcionaram bem e o carro fez tudo o que eu queria. Tudo está sob controle, e isso é tudo o que podemos esperar para o início dos testes”, resumiu o campeão vigente.
Há ainda a Ferrari. Charles Leclerc foi o responsável por colocar a equipe italiana na quarta colocação. Mas o time vermelho trabalhou de uma forma diferente das rivais no Bahrein. Durante boa parte da sessão, especialmente quando Lewis Hamilton guiou a SF-25, o foco esteve em análises muito particulares da parte aerodinâmica do carro, suspensão e asas. A estreia do heptacampeão ficou mais voltada a esses testes do que qualquer outra coisa, enquanto Leclerc sequer aproveitou o melhor momento da pista para tentar voltas únicas e uso de pneus mais novos. O monegasco optou por seguir ganhando quilometragem.
“É bom estar de volta à pista. Toda a equipe se dedicou ao máximo ao projeto da SF-25 durante a pausa de inverno, então é emocionante finalmente poder começar a acelerar com o carro”, afirmou Charles. “Quanto a hoje, é sempre positivo ter uma sessão sem contratempos, sem surpresas desagradáveis que afetem o programa de trabalho. Dito isso, ainda é muito cedo para tirar conclusões sobre nosso desempenho. Analisaremos bem os dados e utilizaremos o que aprendemos esta noite quando retomarmos o trabalho amanhã.”
Destaque interessante deste primeiro dia no Bahrein também vai para a Williams. Carlos Sainz colocou a equipe em quinto, depois de stints bastante sólidos na parte da tarde. Os testes também acompanharam a estreia de Gabriel Bortoleto na Sauber — que terminou em 12º. O brasileiro andou na sessão vespertina, após Nico Hülkenberg iniciar os trabalhos. No total, o atual campeão da Fórmula 2 completou 59 voltas e anotou 1min31s690 como melhor giro no cronômetro — 1s260 atrás do líder. Sem surpresa alguma, a meta do dia foi ampliar a adaptação ao carro e ao time, mas Gabriel também se concentrou na análise de peças aerodinâmicas.
“Meu primeiro dia oficial com o C45 foi uma experiência bem interessante. Focamos em algumas avaliações aerodinâmicas ao longo da sessão, testando diferentes aspectos e acumulando uma quilometragem útil. Perto do final, tínhamos alguns jogos novos de pneus para forçar um pouco mais e nos divertir”, disse o piloto, que volta à pista nesta quinta-feira.
Por fim, embora seja altamente arriscado falar em hierarquia de forças ou projetos vencedores, dá para dizer que a Fórmula 1 ao menos tende a acompanhar um novo equilíbrio técnico — as quatro principais equipes mostraram consistência e até certa semelhança. Ninguém ousou demais, até por conta da mudança de regulamento em 2026, mas há mais por vir.
O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do período de testes da Fórmula 1 e acompanha tudo que acontece no Bahrein em TEMPO REAL. As atividades acontecem entre os dias 26 e 28 de fevereiro, sempre com duas atividades por dia, uma entre 4h e 8h (de Brasília, GMT-3) e outra entre 9h e 13h. A estreia do campeonato está programada para acontecer duas semanas depois, entre os dias 14 e 16 de março, no GP da Austrália.
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