Ferrari acusa FIA de ferir regras: “Não pode mudar regulamento com diretriz técnica”

Mattia Binotto disse que, mesmo se a FIA decidir fazer mudanças no regulamento por questões de segurança, a decisão precisa ser aprovada pelo Conselho Mundial de Automobilismo

A sugestão da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) de permitir às equipes a introdução de um suporte extra para aumentar a estabilidade do assoalho do carro já no fim de semana no Canadá não foi nem um pouco bem aceita no grid. A Ferrari chegou a acusar a entidade de ferir o regulamento com a diretriz técnica, uma vez que as regras permitem o uso de apenas um suporte e, portanto, seria necessária uma aprovação do Conselho Mundial de Automobilismo para tal.

Após o GP do Azerbaijão, a FIA resolveu intervir no porpoising que afetam as equipes — sobretudo a Mercedes — desde a pré-temporada, determinando limites para as oscilações verticais dos carros na pista. Como ela ainda precisa estudar como será feita essa intervenção, permitiu que as equipes usassem no Canadá um suporte extra no assoalho tal como a Mercedes nos treinos livres, mas a atualização feita pelos alemães não agradou as adversárias, que ameaçaram entrar com protesto. O time de Brackley resolveu, portanto, tirar o aparato do W13.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

A Ferrari se manifestou sobre a liberação de mais um suporte para o assoalho dos carros no Canadá (Foto: Ferrari)

Mattia Binotto argumentou que diretrizes técnicas devem ser apenas para esclarecimento acerca do regulamento, e não para modificá-lo — como o suporte extra do assoalho, no caso. “Para nós, as diretrizes técnicas não são aplicáveis”, disse o chefe da Ferrari após a corrida de domingo. “É algo que mencionamos para a FIA, e a razão para isso é que uma DT está lá para esclarecer o regulamento ou policiá-lo de alguma forma, não para mudar o regulamento”, salientou.

“Você não pode mudar o regulamento por meio de uma diretriz técnica. Isso é governança”, frisou o italiano.

LEIA MAIS
Por que melhoria da Mercedes no Canadá incomodou Alpine e gerou ameaça de protesto

A FIA poderia promover uma mudança no regulamento sem a aprovação das equipes por motivos de segurança, mas ainda teria de ser ratificada pelo Conselho Mundial de Automobilismo. A próxima reunião do órgão será no final de junho, antes do GP da Inglaterra, o que significa que a alteração pode valer já para a próxima etapa do Mundial 2022 da F1.

“Mesmo por motivos de segurança, o que a FIA tem de fazer? Primeiro, consultar o TAC [Comitê de Assessoria Técnica], mudar o regulamento e ir direto ao Conselho Mundial para a aprovação formal sem precisar da aprovação das equipes por questões de segurança. Mas não se muda regulamentos com uma diretriz técnica. Por isso enviamos à FIA que, para nós, essa DT não era aplicável”, continuou Binotto.

Sobre o porpoising, problema que surgiu em decorrência da volta do efeito-solo nesta temporada, Binotto concorda que é uma questão que precisa ser avaliada com atenção em nome da saúde a longo prazo dos pilotos, mas acredita que, por ser ainda o primeiro ano sob o novo regulamento, o fenômeno pode se solucionado sem intervenção da FIA.

“O porpoising é algo que teremos de enfrentar no futuro e tentar reduzi-lo, e talvez seja preciso mudanças técnicas para isso. Mas não foi um problema tão grande até agora. É relacionado à pista. Os carros serão desenvolvidos ainda mais. É uma questão técnica que precisa ser discutida, e a questão que fica em aberto é como faremos isso”, finalizou Binotto.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.