Ferrari ratifica força e vê chance de se vingar da Red Bull em GP de Las Vegas à la Monza

Charles Leclerc tirou o máximo proveito da velocidade máxima da Ferrari para cravar uma bela pole no GP de Las Vegas. Mas a notícia aqui é que os italianos têm mais do que uma alta performance em reta, há também um ritmo de corrida mais forte e real, o que abre a chance para um embate direto com a Red Bull, numa quase vingança do que aconteceu na Itália

Depois do fiasco e da vergonha que a Fórmula 1 passou na madrugada de sexta-feira em Las Vegas, o sábado (18) surgiu como um bálsamo. Nenhum grande drama, apenas uma crítica à ausência de um pedido de desculpas mais formal por parte da organização. Já na pista, o cenário se mostrou bem mais intrigante do que se pensava inicialmente. E isso é total mérito do traçado que percorre as icônicas avenidas da Cidade do Pecado. A natureza veloz do circuito era tudo que a Ferrari precisava para recuperar a forma perdida há algumas etapas. E tendo Monza como referência, a escuderia se preparou muito bem, antecipando estratégias e colocando em prática uma configuração de baixíssimo downforce, o que deu a Charles Leclerc a chance de brilhar na noite de Nevada. Mas há algo ainda mais interessante na pole do monegasco. Assim como na Itália, os carros vermelhos têm um ritmo de corrida consistente, e isso por si só já acena para a perspectiva de uma corrida menos previsível e mais disputada.

Mas antes de analisar a ordem de forças do grid, é preciso falar da Ferrari. A verdade é que, desde o primeiro treino livre, a equipe italiana mostrou enorme adaptação à pista. E não só em termos de acerto aerodinâmico, mas também no que se diz respeito ao comportamento dos pneus. As baixas temperaturas fizeram bem à SF-23, que foi capaz de lidar melhor com a degradação. Inclusive, na simulação da sexta-feira, foi notável a performance com diferentes compostos, novos e usados, com carga maior e menor de combustível. Portanto, esse é o fator que torna tudo mais interessante. Com relação à pole, o ritmo de classificação já é naturalmente uma característica dos modelos de Maranello em 2023, mas o que a dupla ferrarista fez foi algo assustador.

Talvez ainda melhor que em Monza. Não fosse o revés de Carlos Sainz, na punição pela troca dos componentes da unidade de potência, que o força a perder dez posições no grid, a Ferrari estaria fortemente na primeira fila. Todo o trecho final do circuito, onde as velocidades batem os 320 km/h, os carros italianos voaram, mas foi o primeiro setor que fez diferença neste sábado. Houve um salto de desempenho entre o treino 3 e a classificação. Então, o segredo ferrarista se deu no melhor ritmo no início da volta, aliado também a uma preparação de giro rápido extraordinária. Só a Ferrari conseguiu aquecer os pneus corretamente e tirar tudo deles na busca do melhor tempo.

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Diante disso, Leclerc foi imperial na comparação até mesmo com Max Verstappen. E poderia ter sido ainda melhor, não fosse os pequenos erros que cometeu nas duas tentativas do Q3. Até por isso, quase perdeu a pole para Sainz, que também exibiu performance primorosa. “Para ser honesto, me senti confiante aqui desde o primeiro treino. O carro está fantástico”, afirmou o dono do carro #16, que cravou a pole em 1min32s726 – apenas 0s047 melhor do que a marca de Sainz, que registrou o segundo tempo, mas terá de partir em 12º neste domingo. Verstappen ficou a longínquos 0s378.

 “No último treino livre, lutamos muito logo na primeira volta com pneus novos, mas entendemos e resolvemos o problema, foi feito um trabalho de equipe muito bom”, confirmou o piloto, para depois fazer uma previsão da corrida.  “Sabemos que a Red Bull será muito forte em termos de ritmo de corrida, mas até agora temos apenas sinais positivos, mesmo quando estivemos com o tanque cheio de combustível. Já foi melhor do que em outras corridas. Espero que possamos transformar a pole em uma vitória”, emendou.

De fato, a Ferrari está na briga pela vitória, justamente por conta desses aspectos positivos. Quer dizer, o carro vermelho tem mesmo um ritmo de corrida consistente e muito próximo ao do RB19. Os dados da sexta-feira sugerem uma diferença muito pequena, de cerca de 0s1, dependendo do melhor momento do pneu. A favor dos italianos está também a tração e o menor desgaste desta vez. Ainda assim, a escuderia terá de driblar uma Red Bull ainda muito sólida e que optou por uma configuração bem diferente — também levando em conta o que aconteceu em Monza. Apesar de costumeiramente ter a velocidade de reta como vantagem, os engenheiros taurinos escolheram um acerto de maior carga aerodinâmica, para melhor a aderência e a eficiência nos trechos sinuosos da pista. Isso proporciona maior equilíbrio. É a aposta da equipe austríaca, que tem em Verstappen uma grande arma.

Max Verstappen não se abalou com a derrota na classificação (Foto: AFP)

Até por isso o tricampeão deu pouca importância à desvantagem da pole. E sim, o holandês tem razão em confiar nas decisões da Red Bull. A vitória na Itália foi baseada nessa diferença de configuração, inclusive. De toda a forma, Max ainda se deu bem, vai largar da primeira fila em um trecho curto até a primeira curva. “Aqui está muito frio e escorregadio e, por ser uma pista de rua , a gente tenta ficar o mais próximo possível dos muros, só que isso não é tão fácil. Mas foi legal, acho que maximizamos o resultado. A gente perdeu um pouco o ritmo em uma volta rápida. Espero ter uma boa corrida amanhã, nosso carro e o comportamento dos pneus devem ser melhores”, avaliou Verstappen.

“Ontem a simulação [de corrida] estava boa. Gostaria de estar um pouco mais rápido, mas acho que vai ser difícil amanhã. Sabemos pouco sobre essa pista, então pode ter safety-car, as retas são longas. Vamos torcer para que o carro lide bem com os pneus.”

Portanto, a largada tende a ser um fator importante, mas não completamente decisivo, dado o mistério que ainda é essa pista de Las Vegas. Então, além desse embate Ferrari x Red Bull que se desenha, há outros fatores. Um deles é George Russell. Ainda que a Mercedes tenha sofrido mais na classificação — especialmente Lewis Hamilton, que larga só em décimo, mas por conta da punição a Sainz. Na verdade, o heptacampeão sequer passou ao Q3 —, o carro preto tem um ritmo de corrida forte de novo. Parece outro modelo, na comparação com o fiasco de São Paulo. O desempenho está mais próximo das duas ponteiras, e Russell, que sai em terceiro, tem enorme chance de entrar nessa disputa.

George Russell será um fator importante na corrida deste domingo (Foto: Mercedes)

Os outros elementos de atenção são Pierre Gasly, que foi capaz de dar velocidade ao carro capenga da Alpine, e a dupla da Williams. Os três são as maiores surpresas dessa classificação, junto com Valtteri Bottas e Kevin Magnussen, em menor escala. Será ainda interessante entender como Fernando Alonso (9º), Hamilton (10º), Sergio Pérez (11º) e Sainz (12º) vão escalar esse pelotão, num cenário totalmente desconhecido, até em termos de estratégia neste domingo. Dito isso, se a briga lá na frente se desenha das mais intrigantes, o mesmo deve acontecer no pelotão intermediário.

Enquanto isso, ainda tem um drama para se acompanhar. A McLaren, que se colocou muito forte nas últimas etapas, sucumbiu às curvas de baixa velocidade em Las Vegas. Lando Norris e Oscar Piastri caíram já no Q1 e terão algum trabalho na busca por pontos. 

É esperar para ver.

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