Ferrari x McLaren emerge de sexta-feira estranha no México. E Red Bull vive novo apuro

Certamente, a Fórmula 1 viveu na Cidade do México uma das mais dramáticas sextas-feiras da temporada 2024. Depois de retomar as ações nos Estados Unidos há sete dias, mas com formato sprint, a maior categoria do esporte a motor desembarcou no México para um fim de semana de programação quase normal. Isso porque o segundo treino livre durou 90 minutos em razão de um teste de pneus, o que por si só já seria confuso o bastante para entender a ordem de forças da 20ª etapa do campeonato. Acontece que o dia terminou ainda mais difícil de traduzir, diante de fortes acidentes nas duas sessões e dos problemas enfrentados pela Red Bull. Ainda assim — e apesar da enorme dose de trapalhadas deste dia —, é possível dizer que o circuito Hermanos Rodríguez se prepara para uma batalha das mais interessantes neste ponto da disputa: Ferrari x McLaren.

Antes, porém, é importante entender essa sexta-feira (25) que se mostrou mais esquisita desta segunda parte de ano. O primeiro treino livre do dia ficou marcado por um estranhíssimo acidente entre Alexander Albon e o novato Oliver Bearman — que assumiu a Ferrari de Charles Leclerc. O tailandês perdeu o controle da Williams ao se deparar com Bearman em parte veloz da pista. Alex estava em volta rápida, mas o inglês vinha lento. Até tentou sair da frente, mas não deu tempo. Albon rodou e encheu o muro de proteção, destruindo o carro azul e amarelo, que carregava importantes atualizações da equipe britânica. Enquanto isso, Max Verstappen já encarava um sinal inicial de falha no motor. Mesmo assim, ainda foi capaz de virar o quarto tempo em atividade liderada por George Russell e a Mercedes. Carlos Sainz colocou a Ferrari em segundo. Vale o destaque também para a participação de diversos jovens nessa sessão. Além de Bearman, Felipe Drugovich (Aston Martin), Andrea Kimi Antonelli (Mercedes), Robert Shwartzman (Sauber) e Pato O’Ward (McLaren).

Já no treino livre 2, os titulares retomaram aos seus postos, para os trabalhos de 1h30. A Pirelli decidiu conduzir testes com os pneus de 2025. E para uma análise detalhada nos dados, a fabricante determinou número voltas, configuração de classificação e corrida. A ideia da fabricante é reduzir o superaquecimento dos compostos, para facilitar as ultrapassagens, e diminuir acentuadamente a degradação. Só que a sessão não foi tão bem aproveitada. Russell bateu logo no começo e chamou nova bandeira vermelha. O piloto da Mercedes perdeu o controle do carro ao passar por cima da zebra na curva 8 e chocou-se contra o muro, também danificando bem o W15. Então, depois de uma longa interrupção para ajustar as barreiras da pista, as ações foram retomadas, e aí Verstappen passou a ter novos problemas. Uma vez mais, o motor apresentou falhas e, como se não bastasse, os freios também se tornaram uma questão. O neerlandês sequer foi capaz de concluir o TL2 e ficou sem tempo de volta registrado.

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“Tivemos um dia para esquecer”, resumiu o tricampeão. “Estamos investigando um problema na unidade de potência e, infelizmente, isso encurtou nosso dia. Não tivemos nenhum bom stint, especialmente no TL2, em que fiz apenas quatro voltas. Não há muito o que ler ou dizer sobre as sessões de hoje. Espero que possamos progredir durante a noite e estar em uma boa posição amanhã”, completou.

A Red Bull tratou ainda de afastar a possibilidade de uma troca completa da unidade, o que resultaria em perda de posições no grid.

Agora, Verstappen tem alguma razão quando diz que não há muito o que tirar desta sexta. Mas isso tem muito a ver também com os pneus de 2025. Os pilotos tiveram a chance de comparar os compostos C4 e C5 atuais com protótipos do mesmo composto, bem como uma nova especificação, o C6, que serão usados ​​na próxima temporada. Por exemplo, Sainz liderou o TL2 com 1min17s699, calçado com o C4 do ano que vem. Já Oscar Piastri foi o segundo, 0s178 atrás, andando com os C5, também de 2025. Enquanto isso, Yuki Tsunoda cravou o terceiro melhor tempo com o C5 padrão. Leclerc surgiu em quarto na tabela, tentando recuperar o tempo perdido, enquanto Lando Norris foi o quinto, colado no monegasco.

Então, por conta da escolha dos compostos e da diferença de configuração, ficou mais difícil estabelecer a hierarquia de forças. No entanto, a Ferrari se mostrou poderosa novamente, abusando da boa tração e da enorme velocidade de reta da SF-24. E diferentemente da semana passada, a performance em volta única foi bem mais vistosa. Os italianos estão no páreo. “Começamos bem no TL1, com um bom carro e uma boa configuração. E depois, ao longo do TL1 e TL2, trabalhamos para ajustar algumas coisas, mas nada importante”, contou o líder da sexta-feira. “Estou muito feliz com a maneira como tudo aconteceu. Quando vi as características das curvas em que fomos competitivos em Austin e vi o que estava por vir no México, sabia que poderíamos ser competitivos”, comemorou.

“As simulações de corrida foram boas. Acho que, no que diz respeito à classificação, enfrentaremos muitos desafios para derrotar nossos adversários. E, sim, em ritmo de volta lançada, teremos uma batalha acirrada”, completou.

Só que não dá para descartar a McLaren também. Embora a equipe papaia tenha sofrido um novo revés ao ter o pedido de revisão da punição de Norris rejeitado, o desempenho em pista segue muito sólido. E aqui é importante dizer também que, apesar do momento do campeonato, os engenheiros não hesitaram em conduzir um novo pacote de atualizações, incluindo uma revisão do assoalho — com “mudanças geométricas em todas as áreas” para que se tenha “mais carga aerodinâmica sob todas as condições” —, além de outros detalhes específicos para o circuito mexicano.

As alterações parecem ter dado resultado. A simulação de corrida dos ingleses foi consistente, apesar da cautela de Andrea Stella. “Testamos todos os itens que havíamos planejado, incluindo o teste de pneus no TL2 e componentes aerodinâmicos no TL1, e no final, Lando teve tempo suficiente para fazer uma simulação com pneus médios. Foi um dia razoável, parece que estamos próximos em termos de desempenho”, afirmou o chefe da McLaren.

“Neste circuito, no entanto, sempre há muito a melhorar, o que tentaremos fazer durante a noite e amanhã.”

De fato, o terceiro treino deste sábado deve mostrar um cenário mais real, diante de condições mais normais de configuração e aderência. Ainda assim, Ferrari e McLaren parecem mais próximas do que na semana passada, com forças bem definidas, enquanto a Red Bull ainda lambe as feridas. Por ora, está mais longe. Assim como a Mercedes — que tem potencial, mas ainda peca em reunir os elementos certos.

O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Cidade do México, no Autódromo Hermanos Rodríguez, e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Depois das atividades de cada dia, debate tudo o que aconteceu no Briefing. No sábado (26), o treino livre 3 está marcado para as 14h30 (de Brasília, GMT-3), ao passo que a classificação acontece às 18h. No domingo (27), a largada está marcada para as 17h.

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