Fim de semana encurtado dá tom de mistério ao GP de Eifel: nem tudo é o que parece
Por si só, a corrida em Nürburgring já reservava algum segredo, especialmente pelas condições climáticas. Só que a ausência dos treinos de sexta-feira agravou esse cenário e emprestou um toque a mais de imprevisibilidade
Um formato mais curto de fim de semana na F1 apenas seria testado no mês que vem, com o GP da Emília-Romanha, em Ímola. Só que, obedecendo à ordem própria desse ano tão singular, o Mundial se deparou muito antes e de forma inesperada com uma etapa enxuta, em um cenário pouco conhecido. É bem verdade que já se esperava que o clima frio na região de Nürburgring, onde a temporada está para o GP de Eifel, desempenhasse um papel particular, mas certamente não estava nos planos ver dois treinos livres cancelados. E isso já confere a essa corrida um ar de suspense, de um roteiro em que nem tudo é o que parece. Porque há uma tríade de fatores que precisam ser desvendados e não existem ainda muitos vestígios claros de qual será a combinação perfeita entre o clima, a estratégia e o gerenciamento dos pneus.
Como de costume, a trama começa sempre pela classificação, que desta vez foi disputada apenas com os dados coletados nos 60 minutos de sessão livre que antecederam à definição do grid de largada. Foi interessante perceber que a Red Bull, sempre nas mãos de Max Verstappen, se apresentou forte, com o holandês ponteando a primeira fase da disputa. Não foi uma performance comum, de fato. O capítulo seguinte foi ainda mais intrigante. Normalmente, a Mercedes tem a vantagem de escolher o composto menos veloz, mas mais duradouro para o início da corrida. Ou seja, a equipe dos carros pretos pode optar pelos médios quase sempre, como uma forma de já trabalhar melhor com a tática que a concorrência. Isso se deve à segurança de ter um modelo eficientíssimo, enquanto os demais não podem vacilar. Mas algo aconteceu.
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Valtteri Bottas e Lewis Hamilton deixaram os boxes calçados com os pneus amarelos, os C3, neste caso. O tempo de volta do inglês não foi nada ruim, na verdade. Ele cravou 1min26s183, contra 1min25s720 de Verstappen, que já veio em cima dos pneus macios, os C4. A diferença chama atenção, mas ninguém realmente incomodou o hexacampeão. Quem não conseguiu tirar proveito foi Bottas. Com 1min24s954, o nórdico ficou realmente fora da janela de desempenho. Foi neste ponto que a Mercedes decidiu recuar. É claro que, por conta da ausência dos treinos de sexta, as informações sobre o comportamento da borracha foram reduzidas, mas a opção dos alemães tem outra razão.
Ao invés de tentar uma tática diferente entre seus dois pilotos, a esquadra de Toto Wolff preferiu seguir Verstappen. De fato, Lewis não precisava retornar, mas teve de aceitar a decisão e ir à pista para um novo tempo com os macios. Valtteri, que não tinha alternativa, também registrou marca com os vermelhos. Quer dizer, Max é uma ameaça e nunca esteve tão perto em classificação.
A última parte da sessão também surpreendeu. O dono do RB16 #33 participou de uma briga real com os carros da Mercedes. Mas foi Bottas quem brilhou. Com uma segunda volta perfeita, cravou sua terceira pole na temporada, talvez a mais saborosa, devido à diferença de 0s256 que impôs em Hamilton, o segundo, que foi só 0s037 mais rápido que o holandês. Aqui cabe a menção honrosa a Charles Leclerc. O monegasco tirou tudo de uma Ferrari tenta se recuperar para conquistar um ótimo quarto tempo – o que o fez separar os dois carros da Red Bull. Notícia nada animadora para Alex Albon…
“Além da estratégia, um desses pontos de interrogação envolve o clima, que deve ser ainda mais frio e possivelmente úmido amanhã. Se ficar seco, todos os dez primeiros do grid vão começar com o pneu macio, que remove uma variável, mas o que acontece depois disso ainda é uma incógnita”, explicou Mario Isola, o chefe da Pirelli.
“Nessas temperaturas extremamente baixas, vimos alguma degradação leve pela manhã, como esperado, mas com a pista melhor emborrachada, a situação melhorou. Cuidar dos pneus amanhã será crucial, no que deve ser um GP de Eifel imprevisível com tempo incerto”, completou.
Ainda de acordo com a fabricante italiana, a tática mais provável do GP de Eifel se tudo correr de forma normal, é a de dois pit-stops. Um primeiro stint de 19 voltas com os pneus macios, aí um novo trecho de 22 giros com os médios e, então, retorna com os vermelhos até o fim da prova. Há, entretanto, uma previsão de chuva ou que parte da prova seja disputada com piso molhado ou muito úmido. A máxima não deve ultrapassar os 9ºC – será a corrida mais fria do ano. E isso, claro, tem um impacto enorme no desempenho da borracha.
De toda a forma, a classificação do GP de Eifel, embora muito mais do mesmo, pode enganar. Verstappen está mais perto do que parece – e a Mercedes percebeu e reagiu rapidamente. Ainda está em vantagem, ocupa a primeira fila, mas, certamente, não pode vacilar.
A largada do GP de Eifel está marcada para 9h10 (de Brasília). Antes, a partir das 8h, o GRANDE PRÊMIO transmite o Briefing, programa pré-corrida na GPTV, o nosso canal no YouTube, com toda a análise da classificação e as últimas informações direto de Nürburgring.
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