Fórmula 1 encerra não-corrida na Bélgica após 3 horas e meia, 2 voltas e Verstappen vencedor
O caos que deu o tom de todo o fim de semana em Spa-Francorchamps impediu a realização, na prática, do GP da Bélgica. A corrida foi encerrada depois de mais de três horas de espera e somente 2 voltas completadas, atrás do safety-car. Max Verstappen foi declarado o vencedor
O temporal de proporções bíblicas que desabou em Spa-Francorchamps neste domingo (29) impediu, na prática, a realização do GP da Bélgica, 12ª etapa do Mundial de Fórmula 1. A direção de prova tentou de todas as formas esperar por uma melhora das condições, extremamente críticas, desde o horário previsto para o início da disputa, às 10h (de Brasília). A bandeira vermelha interrompeu o primeiro procedimento de largada logo no início, e daí em diante foram mais de três horas de espera para que os carros voltassem à pista. Neste momento, o cronômetro disparou uma contagem regressiva de 60 minutos, e a prova foi considerada válida a partir do momento em que foram completadas duas voltas, atrás do safety-car, quando houve nova interrupção. Daí em diante, foi somente esperar dar os 60 minutos previstos, mas a prova foi oficialmente encerrada até antes disso. Por motivos de segurança, não houve como uma corrida pra valer ser realizada. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) desconsiderou a possibilidade de transferir a etapa para segunda e deu por concluído, então, o GP da Bélgica.
Max Verstappen, que largou na pole-position e liderou as voltas válidas atrás do safety-car, foi declarado vencedor na Bélgica. Mas como foram completadas apenas duas voltas, a pontuação foi contabilizada pela metade. George Russell, que largou em segundo depois da espetacular classificação no sábado, foi declarado segundo colocado, conquistando assim seu primeiro pódio com a Williams. E Lewis Hamilton, com a Mercedes, foi oficializado como o terceiro.
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Daniel Ricciardo foi confirmado como o quarto colocado, seguido por Sebastian Vettel. Pierre Gasly foi declarado o sexto, com Esteban Ocon em sétimo e Charles Leclerc em oitavo. Nicholas Latifi foi o nono e Carlos Sainz, o décimo.
Na classificação do campeonato, Hamilton permanece na liderança, mas agora com 3 pontos de vantagem para Verstappen. O heptacampeão mundial soma 202,5 pontos, contra 199,5 do holandês. Lando Norris, Valtteri Bottas e Sergio Pérez, que ficaram fora dos dez primeiros, mantiveram suas respectivas pontuações: 113, 108 e 104, em terceiro, quarto e quinto no Mundial de Pilotos. Carlos Sainz, com o 0,5 ponto com o décimo lugar na Bélgica, é o sexto na tabela.
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A Fórmula 1 volta a acelerar já no próximo fim de semana com o retorno do GP da Holanda, abrindo setembro no reformado circuito de Zandvoort.
Temporal, caos e mais de três horas de espera
O cenário de caos se fez presente em Spa-Francorchamps muito antes do horário previsto para a largada. Com muito frio, vento e muita chuva, os pilotos partiram dos boxes para a volta de alinhamento no grid de largada. Mas a traiçoeira pista belga pregou mais uma das suas peças neste fim de semana: Sergio Pérez aquaplanou ao percorrer a curva Les Combes, perdeu o controle da sua Red Bull e bateu na barreira de proteção. Na teoria, seria o fim de corrida antes mesmo da largada para o mexicano.
Diante de condições tão extremas, a direção de prova primeiramente anunciou que o procedimento de largada para o horário previsto anteriormente, 10h (de Brasília, 15h pelo horário local). Mas a chuva recrudesceu a ponto em que não havia outra escolha a não ser adiar o início de fato da corrida. As luzes vermelhas se apagaram às 15h25 locais.
VÍDEO
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Max Verstappen, dono da pole-position, não se mostrou satisfeito com o adiamento da largada. Carlos Sainz alertou a direção de prova para o aquecimento dos pneus, que estavam esfriando. A temperatura ambiente de momento era de 12ºC. “Diga ao Michael que ele não pode fazer isso com os pneus. Vai ser perigoso”, alertou.
Com muita chuva e a visibilidade totalmente comprometida, os pilotos saíram para a volta de formação atrás do safety-car, pilotado por Bernd Mayländer. Hamilton se mostrava bastante preocupado. “Já não consigo ver nada”. Pole, Verstappen disse: “Tenho de deixar mais espaço para o safety-car porque não consigo enxergar”.
Só que não havia a menor condição de correr daquela forma. Diante do posicionamento quase unânime dos pilotos diante de uma chuva imparável, a direção de prova adotou o bom senso e acionou bandeira vermelha. Só Verstappen, que tinha apenas o safety-car à sua frente, não gostou muito. “Parece que não está tão ruim, mas ok”, disse.
Neste meio tempo, a Red Bull entrou em contato com a direção de prova para saber sobre a possibilidade de colocar o carro de Pérez de volta à pista. Após a primeira consulta, revelada pela transmissão da Fórmula 1, Michael Masi se posicionou.
“Eu acho que não. Porque ele teve assistência externa para voltar”. Jonathan Wheatley, diretor-esportivo da Red Bull, retrucou. “Isso aqui não é Le Mans, então acho que ele pode fazer, e a assistência mecânica só conta na corrida”. Mas o regulamento esportivo da Fórmula 1 diz que o carro que não completa a volta de reconhecimento e que não chega por seus próprios meios ao grid não pode começar a corrida do grid. E em teoria, Pérez não poderia largar do pit-lane porque o procedimento de largada já fora realizado antes.
A meteorologia indicava que a chuva seria ainda mais forte nos minutos seguintes, de modo que parecia impossível correr naquele momento em condições seguras. Toto Wolff, chefe da Mercedes, era claro: “Não vai melhorar nos próximos 45 minutos, vai chover mais forte”. O dirigente austríaco brincou ao falar que não queria saber de corrida na segunda-feira: “Prefiro correr hoje. Para amanhã, já tenho planos. Vou curtir uma praia”, disse. Mas os chefes da Red Bull e da Alpine já consideravam a possibilidade de postergar a prova.
Michael Masi disse que a janela para a corrida é de três horas a contar do início previsto originalmente para a largada. Ou seja, a definição sobre os rumos da corrida seria determinada até 13h (de Brasília). O australiano também confirmou que Pérez estava liberado para largar, mas do pit-lane.
Mas no horário em que a corrida provavelmente terminaria, às 11h40 (de Brasília), não havia nenhuma definição. A única perspectiva era de mais chuva para as próximas horas em Spa-Francorchamps, o que tornava a sequência do domingo totalmente incerta.
Em cenário bastante confuso, o diretor de prova disse que a corrida começaria com luz verde, com os pilotos atrás do safety-car, e que seriam necessárias pelo menos duas voltas para valer a pontuação, ainda que pela metade.
A contagem regressiva avançava e chegava a uma hora do tempo-limite para a decisão sobre a sequência (ou adiamento) da corrida. Justamente naquele momento, Michael Masi travou o cronômetro alegando força maior — o que é previsto pelo Código Esportivo —, interrompendo a contagem. Desta forma, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) conseguiu uma manobra para levar até o limite a possibilidade de correr ainda neste domingo.
Mas havia outro adversário para as pretensões da FIA. Isso porque o pôr do sol estava previsto para a região de Spa-Francorchamps por volta de 19h30, horário local, ou 14h30 de Brasília.
Com o carisma que lhe é habitual, Daniel Ricciardo tratou de entreter o público e acenou para os fãs presentes nas arquibancadas. George Russell também se comunicou com a multidão em Spa. “A todos os fãs que estão encharcados aqui em Spa agora, desculpe por mantê-los esperando e obrigado por enfrentar esse tempo. Sabemos que é frustrante para todos vocês, mas a segurança tem de vir em primeiro lugar. Vamos torcer, podemos ter um bom resultado hoje, de uma forma ou de outra”. Entediados, Lando Norris e Carlos Sainz tiravam um cochilo nos boxes.
Hamilton foi na mesma linha de Russell. “Galera, perdão a vocês que estão aí esperando. Essa chuva não vai parar. É muito perigoso para nós sairmos [dos boxes]. Isso nos coloca todos em risco, e a segurança tem de vir em primeiro lugar. Mando positividade a vocês e obrigado pela paciência”, escreveu o heptacampeão no Instagram.
Mesmo com a chuva ainda bem forte, a única possibilidade era mesmo a largada atrás do safety-car para completar poucas voltas e tornar a corrida válida, com pontos a contar pela metade. Às 13h05 (de Brasília), a FIA realizou uma atualização sobre a sequência da programação. A intenção da direção de prova era realizar uma corrida de ao menos uma hora de duração neste domingo, mas ainda em condições desconhecidas.
Às 13h07 (de Brasília), a direção de prova anunciou a retomada da corrida para dez minutos depois, ou 13h17 (18h17, horário local), encerrando assim uma espera de mais de três horas. Mas a chuva, que estava mais amena naquele momento, seguia sendo um fator imprevisível.
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A confirmação do novo procedimento de largada, com os carros atrás do safety-car provocou uma correria no pit-lane. ‘Checo’ Pérez, que estava praticamente fora da corrida depois do erro na volta de saída para o grid, também estava pronto para acelerar e partir do pit-lane, como Kimi Räikkönen e também Lance Stroll, depois de a Aston Martin trocar a asa traseira do seu carro.
Com 13ºC de temperatura ambiente e apenas 15ºC na pista, os pilotos deixaram o pit-lane quando, novamente, voltou a chover muito forte. Naquele momento, disparou a contagem regressiva de 60 minutos. Para a corrida valer a pontuação completa, a prova teria de ter 75% do total das 44 voltas previstas. A partir de duas voltas atrás do safety-car, o GP já valeria pontos para o campeonato, com metade da pontuação original.
A visibilidade que os pilotos enfrentavam mesmo atrás do safety-car era mínima e bastante crítica. Mas a corrida já estava valendo, mesmo com bandeira amarela e em regime de SC. E isso proporcionou uma situação inusitada: Nikita Mazepin tinha a volta mais rápida da corrida.
Mas depois de somente duas voltas completadas, a direção de prova voltou a acionar a bandeira vermelha. A determinação para os pilotos foi de recolher os respectivos carros para o pit-lane. Mesmo assim, o cronômetro não travou e manteve a contagem regressiva.
Na prática, a direção de prova usou do recurso que tinha para tornar a corrida válida, ainda que com apenas duas voltas sob regime de safety-car. Na verdade, foi uma não corrida, em que foi meramente cumprida uma formalidade para que a disputa fosse considerada oficial e válida para o campeonato. Max Verstappen, que largou na frente, foi declarado vencedor, com George Russell em segundo lugar, conquistando assim o seu primeiro pódio na categoria, e Lewis Hamilton em terceiro.
F1 2021, GP da Bélgica, Spa-Francorchamps, Resultado Final:
1 | M VERSTAPPEN | Red Bull Honda | 3 voltas | ||
2 | G RUSSELL | Williams Mercedes | +2.198 | ||
3 | L HAMILTON | Mercedes | +3.518 | ||
4 | D RICCIARDO | McLaren Mercedes | +5.851 | ||
5 | S VETTEL | Aston Martin Mercedes | +7.894 | ||
6 | P GASLY | AlphaTauri Honda | +10.275 | ||
7 | E OCON | Alpine | +11.791 | ||
8 | C LECLERC | Ferrari | +13.217 | ||
9 | N LATIFI | Williams Mercedes | +15.634 | ||
10 | C SAINZ | Ferrari | +16.961 | ||
11 | F ALONSO | Alpine | +20.259 | ||
12 | V BOTTAS | Mercedes | +21.946 | ||
13 | A GIOVINAZZI | Alfa Romeo Ferrari | +23.530 | ||
14 | L NORRIS | McLaren Mercedes | +26.085 | ||
15 | Y TSUNODA | AlphaTauri Honda | +28.781 | ||
16 | M SCHUMACHER | Haas Ferrari | +30.900 | ||
17 | N MAZEPIN | Haas Ferrari | +32.687 | ||
18 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | +34.838 | ||
19 | K RÄIKKÖNEN | Alfa Romeo Ferrari | +36.322 | ||
20 | S PÉREZ | Red Bull Honda | +38.690 | ||
VMR | N MAZEPIN | Haas Ferrari | 3:18.016 |