Grande fase de Pérez ainda é pouco para seguir na F1, mas mostra talento desperdiçado

Sergio Pérez ainda tem risco real de ficar fora do grid em 2021, mesmo com o segundo lugar na Turquia. Ainda assim, o mexicano ao menos deixa claro: teria ido longe na Fórmula 1 se tivesse recebido ao menos uma oportunidade realmente boa

Sergio Pérez tinha todos os motivos para estar andando mal nesse fim de 2020. Mesmo com belo currículo, o mexicano segue sem andar em um carro verdadeiramente de ponta na Fórmula 1 e já sabe que perde a vaga na Racing Point para Sebastian Vettel. As chances de ficar fora do grid são reais e crescentes. Ainda assim, com tudo pesando contra, Pérez segue fazendo o que faz de melhor: com um segundo lugar no GP da Turquia, mostrou que ainda é talento dos mais subestimados dos últimos tempos.

Pérez andou bem no sábado e muito bem no domingo em Istambul. A grande atuação na classificação ficou à sombra da pole de Lance Stroll, é verdade, mas o ritmo forte de corrida virou o jogo. O mexicano não errou, soube se defender e, de quebra, recorreu a um truque que remete aos primeiros anos na F1: saber cuidar dos pneus como poucos. Foram 48 voltas com pneus intermediários, acompanhando Lewis Hamilton em empreitada que parecia impossível. O segundo lugar veio com muito merecimento, representando o nono pódio na principal categoria do automobilismo. Todos por equipes medianas.

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Sergio Pérez viveu uma grande jornada neste domingo em Istambul (Foto: Racing Point)

Resultados assim até demoraram para vir em 2020, ano em que a Racing Point começou muito forte e foi murchando aos poucos. Erros estratégicos impediram pódios no Red Bull Ring e em Ímola, por exemplo. Só que não dá para jogar tudo nas costas da equipe: o próprio Sergio não estava tão brilhante quanto de costume no começo do ano. Depois de perder duas corridas por coronavírus e ver Stroll brigar pela vitória em Monza, havia um certo clima de fim de feira. Como se justamente a temporada mais decisiva da carreira de Checo fosse justamente a de mais oportunidades desperdiçadas. Foi só em semanas mais recentes, de setembro para cá, que voltamos a ver o piloto que conhecemos de outros carnavais.

A reação, ainda que não imediata, não muda a beleza do 2020 de Pérez. Pontuou em todos GPs disputados, algo que só Hamilton também conseguiu. É quarto no Mundial de Pilotos, atrás apenas dos habitués de pódios na atualidade. O piloto que nunca foi além do sétimo lugar em uma classificação final tem agora a chance de quebrar com sobras seu recorde pessoal

E, ainda assim, pode não ser suficiente para seguir na F1 em 2020.

Pérez tem na Red Bull a única chance real de seguir na F1 em 2021 (Foto: Racing Point)

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É que Pérez só tem uma chance real agora. É a Red Bull, dona de uma das únicas vagas ainda abertas para 2021. É uma chance pequena: depende de a equipe não renovar com Alexander Albon e de ser escolhido em uma disputa com Nico Hülkenberg. Essa segunda parte não parece tão desafiadora, mas o alemão tem o apoio de Max Verstappen, com quem tem relação bastante amistosa. Ou seja, não é exagero algum falar em chances reais de Checo ser forçado a ter no mínimo um ano sabático.

Seria um desfecho adequado para um piloto que nunca teve uma chance real de brilhar na F1. Pérez pilotou pela McLaren em 2013, é verdade, mas já em uma fase mais decadente de poucas oportunidades. Flertes com Mercedes e Ferrari ocorreram, mas nunca viraram algo concreto. O pelotão intermediário não impediu uma carreira bonita, mas custou a chance de virar um vencedor.

Se Pérez de fato acabar sem vaga no grid em 2021, não será a primeira grande injustiça do automobilismo. Certamente não será a última também. Só que será, sem dúvida, um dos casos mais claros da falta de meritocracia que existe na F1. Se for um pecado Nico Hülkenberg sair após ficar claramente atrás de Daniel Ricciardo na Renault em 2019, o que dizer do piloto que ano após ano é uma força do pelotão médio? Perde a F1, perde Pérez, perde o público.

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