Pérez sugere comissários permanentes e diz que “inconsistências continuam” na Fórmula 1

Sérgio Pérez foi mais uma voz a reclamar da inconsistência nas decisões da direção de prova na Fórmula 1. O mexicano recomendou para a Federação Internacional de Automobilismo [FIA] que os comissários sejam permanentes ao longo da temporada, alegando que assim o trabalho será uniforme em cada corrida.

Desde a morte de Charlie Whiting, então diretor de corridas da FIA, em 2019, este assunto se tornou ainda mais controverso e alguns caminhos foram tomados, sem que nenhum deste agradasse os envolvidos.

Foi o australiano Michael Masi quem assumiu o cargo com a morte repentina de Whiting e sua gestão ficou muito longe de ser satisfatória para o grid. Seu “ato final” foi na decisão da temporada 2021, em Abu Dhabi. Na ocasião, ele autorizou a relargada permitindo que apenas os retardatários que separavam Lewis Hamilton e Max Verstappen pudessem descontar as voltas atrás, gerando um duelo entre os candidatos ao título na volta final, com vitória do neerlandês.

Em 2022, a FIA iniciou um revezamento entre Niels Wittich e Eduardo Freitas no cargo de diretor de prova, mas pilotos e equipes da Fórmula 1 não gostaram da iniciativa, pois cada um tinha seus métodos e a inconsistência se manteve. Buscando encontrar um parâmetro, o órgão máximo do automobilismo colocou Nikolas Tombazis como chefe dos diretores de prova a partir de 2023.

Para Pérez, a solução não está na direção de prova, mas na manutenção daqueles que trabalham com os diretores, os comissários — estes variam a cada etapa.

“Definitivamente, acho que comissários permanentes e mais comunicação com a FIA [ajudarão a diminuir as inconsistências]. Mantém a evolução corrida a corrida. Atualmente, me parece que é desconexo cada final de semana. Quando muda quem avalia, não tem continuidade do que é feito, não tem regularidade”, afirmou.

“É como o acerto do carro. Se você não aprende a cada prova como as coisas funcionam, nunca vai encontrar o set-up adequado. É o mesmo com os comissários, que se não estiverem em toda etapa, vai ser difícil achar o compromisso adequado”, completou.

Pérez usou alguns exemplos para explicar as inconsistências nas decisões da direção de prova na Fórmula 1. O primeiro deles foi a punição a Fernando Alonso no GP da Austrália, que levou 20s por direção defensiva perigosa, que ocasionou a batida de George Russell. O mexicano não vê problema em punir o espanhol, mas que se permaneça penalizando nesse tipo de situação.

“Minha opinião é que definitivamente foi acima do limite, diria que foi um pouco desnecessário aquilo. O receio é que possamos ver esse tipo de incidente novamente neste ou em outro fim de semana e nada acontecer. É o maior medo”, disparou.

O piloto da Red Bull ainda trouxe à tona duas ocorrências que se passaram com ele nesse início de temporada. Pérez encerrou alegando que as divergências são “dolorosas” aos competidores.

“Fui bloqueado em Jedá a mais de 300 km/h por dois carros, [Oliver] Bearman e [Alexander] Albon, e não teve punição. Atrapalhei [Nico] Hülkenberg, que perdeu 0s5, mas foi mais rápido na volta seguinte. Levei três posições no grid”, apontou.

“Consistência é o grande ponto a ser falado. Se os incidentes são dignos de penalização, que haja punição para eles em todos os finais de semana. Dói quando você trabalha e vê essas divergências”, concluiu.

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