Hamilton rebate críticas de lendas do passado na F1: “Talvez um dia eles superem isso”

Nos últimos meses, Lewis Hamilton foi criticado por seus posicionamentos e até pela roupa que veste. Na esteira da vitória 91 da carreira na Fórmula 1, o hexacampeão do mundo garantiu que terá uma postura diferente quando estiver mais velho e vai torcer para que seus recordes sejam quebrados

Lewis Hamilton aproveitou o ensejo na esteira da vitória 91 da sua laureada carreira na Fórmula 1 para desabafar. Nas últimas semanas, o hexacampeão mundial foi bastante criticado por pilotos veteranos, já aposentados ou na fase final da carreira, seja por seu posicionamento, seja pela sua capacidade ou até mesmo pela roupa que veste. No domingo (11), em Nürburgring, o piloto da Mercedes deixou claro que se incomoda com o que lê e ouve e avisou que, quando chegar o momento em que ele for o mais velho, vai adotar uma postura diferente.

Ao ser questionado sobre o debate sobre quem é o melhor de todos os tempos, algo que sempre surge quando recordes históricos são alcançados, Hamilton disse que não enxerga tão discussão como importante.

“Você pode ser lembrado por ter os maiores números, e isso seria algo legal de se ter, mas o mais importante é a sua jornada, a forma como você faz as coisas e os obstáculos que você enfrentou. Cada um tem a sua jornada”, explicou.

Hamilton foi criticado até pela sua luta contra o racismo nos últimos meses (Foto: Mercedes)

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Foi então que, sem citar nomes, Hamilton desabafou. “Não acho que você deva criticar ninguém pela maneira como fazem as coisas. Sou criticado por muitas pessoas, principalmente por pilotos mais velhos. Não sei por quê”.

“Talvez um dia eles superem isso, mas eu tenho muito respeito pelas lendas do passado, mesmo aqueles que continuam a falar negativamente sobre mim o tempo todo. Eu ainda tenho grande consideração por eles. Foi uma época diferente na história. Foi incrivelmente duro para eles”, salientou.

Semana passada, o tricampeão mundial Jackie Stewart minimizou os recordes alcançados por Hamilton e apontou o lendário Juan Manuel Fangio, dono de cinco títulos mundiais nos anos 1950, como o maior de todos na Fórmula 1.

“Não acredito que pode colocar na conta esse tipo de sucesso. Nos dias de hoje, há 20, 22 corridas. Para mim, Juan Manuel Fangio é o maior piloto que já viveu, Jim Clark é o segundo, à frente até mesmo de [Ayrton] Senna. Mas eles correram apenas seis, oito corridas na Fórmula 1. Pilotavam carros de GT, etc”, disse ao podcast Fast Lane.

“Hoje os campeões, Lewis ou qualquer outro, correm 22 corridas — e só na Fórmula 1. Não em carros de turismo, GT, Indy. A pressão é muito menor. Claro que precisam ir para a fábrica e o simulador, mas não é a mesma coisa. É um mundo diferente”, continuou o escocês.

O tricampeão ainda apontou que a era de domínio da Mercedes joga contra Hamilton. “Lewis pilota extremamente bem, não comete erros. Não estou aqui para diminuir seu talento, mas não é a mesma coisa. [Fangio] Pilotava de uma maneira extraordinária – escolheu a Ferrari e depois pensava ‘bem, a Maserati pode ir bem no ano que vem’, então, não assinava contrato por mais de um ano”, apontou.

“Depois pilotou para a Mercedes e venceu dois mundiais com eles, pois tinham o melhor carro naquela época. Lewis fez uma ótima escolha quando deixou a McLaren e foi para a Mercedes. Tiro meu chapéu por essa decisão. Mas, sinceramente, o carro e o motor são tão superiores que é quase injusto com o resto do pelotão”, disparou Stewart.

Em julho deste ano, Mario Andretti, principal nome de uma família que é símbolo de esporte a motor nos Estados Unidos e campeão mundial de Fórmula 1 em 1978, criticou Hamilton pelo seu posicionamento na luta contra o racismo. O norte-americano de origem italiana deu uma entrevista ao jornal chileno El Mercurio e alfinetou. “Respeito muito Lewis, mas por que se converter num militante? Ele sempre foi aceito e ganhou o respeito de todo mundo. Acho que o objetivo disso é pretensioso. Sinto muito, ele está criando um problema que não existe”.

Nos stories de sua conta no Instagram, Hamilton criticou as declarações de Mario. “Isso é decepcionante, mas infelizmente é uma realidade que algumas das gerações mais velhas que ainda hoje têm voz não conseguem sair do seu próprio caminho e não reconhecem que há um problema. Novamente, isso é pura ignorância, mas não vai me impedir de continuar lutando por mudanças”, escreveu Lewis.

A opinião de Andretti foi endossada por Stewart. “Ele [Hamilton] fala muito a respeito disso, mas não acho que exista um problema tão grande. Não há resistência à mudança. Se [pretos] forem bons no que fazem, vão ser aceitos na Fórmula 1”, disse o tricampeão ao site Good Morning Britain.

Hamilton se mostrou decepcionado com o comentário do ex-piloto escocês, hoje com 81 anos. “Nunca é tarde para aprender e espero que este homem pelo qual sempre tive respeito possa dedicar algum tempo para se educar”.

Recentemente, nos stories da sua conta no Instagram, Kimi Räikkönen debochou da roupa usada por Hamilton quando comparou o britânico a James Hunt, um dos seus ídolos na pista. Sobre a postagem, Lewis não se manifestou.

Contudo, o hexacampeão avisou que lá na frente, quando ele for mais velho e tiver de falar sobre os jovens pilotos, vai adotar uma postura diferente em relação ao que vê e sente na pele nos dias de hoje.

“Daqui a 20 anos, quando eu olhar para trás, posso prometer que não vou rebaixar nenhum jovem piloto que estiver vivendo um sucesso. Porque a responsabilidade de um piloto mais velho é fazer brilhar forte a luz o máximo possível e incentivá-los”, comentou.

Hamilton agora tem 91 vitórias, 96 poles e incríveis 160 pódios na Fórmula 1. Tal como foi na época em que Michael Schumacher alcançou todos os recordes e outrora eram considerados inalcançáveis, Lewis quebrou todas as marcas. Mas, se em algum lugar do futuro outro piloto conseguir chegar lá, não haverá espaço para críticas e, sim, torcida pelo recorde, garante o britânico de 35 anos.

“Vai haver outra pessoa buscando o recorde que finalmente estabeleci, e é errado esperar que ele não seja quebrado. Você deve incentivá-los a viver todo o seu potencial e, se isso significa que esse recorde seja alcançado, isso é incrível”, concluiu.

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