Norris perde prazo de transformar domínio em título e só bate Verstappen com sorte
Os mesmos 52 pontos que separavam Lando Norris e Max Verstappen após a China ainda existem. Agora, Norris precisa de um golpe de sorte para tomar o caneco
Houve tempo e oportunidades. Quando o livro de história do campeonato da Fórmula 1 em 2024 estiver terminado, capa e contracapa ilustrados e prontos para olhos famintos de leitores vorazes, Lando Norris e a McLaren, caso sejam derrotados no Mundial de Pilotos, não podem reclamar da ausência de possibilidades de fazer a mesa virar. Mas o tempo passou e fechou algumas janelas. O prazo da McLaren transformar domínio em título passou e a sorte é a fronteira final para evitar o tetracampeonato de Max Verstappen.
Na lista de análises que o GRANDE PRÊMIO apresentou ao público nas últimas semanas, desde o GP de Singapura, a história foi contada. Verstappen abriu 52 pontos em relação a Norris após o GP da China, quinta prova do campeonato e última antes da vitória que mostrou ao mundo que a McLaren pegara o elevador. Nas 13 corridas desde então, com a McLaren no mesmo nível ou melhor que a Red Bull, os dois marcaram exatamente a mesma pontuação. Com apenas seis provas pela frente, os mesmos 52 tentos pós-Xangai separam Verstappen de Norris.
Em ‘McLaren hoje sobra na F1, mas despreparo para vencer aproxima Verstappen do tetra’, desmembramos as causas da separação ser mantida e da Red Bull ter conseguido defender a vantagem até este ponto. Quem quiser vê-las enumeradas, pode abrir o link e conferir, mas não faz sentido repetir agora. Estão, basicamente, na qualidade individual de Max e no desconhecimento geral da McLaren sobre como vencer e caçar o líder do campeonato.
O objetivo aqui é entender e projetar o que virá pela frente nas próximas seis corridas, duas rodadas triplas separadas por duas semanas, que definem o campeonato. GPs dos Estados Unidos, Cidade do México e São Paulo, depois Las Vegas, Catar e Abu Dhabi. Para isso, é importante entender que a soma do zero a zero não é a fotografia atual da competição. Nas quatro provas desde o recesso, a situação que se apresentou foi diferente.
Fundamental entender que a McLaren saiu para as férias como o melhor carro do grid na média, mas voltou dominante. Neste período, a força da McLaren foi tão acachapante que as vitórias saíram ao natural, sem a dificuldade apresentada antes, por mais que os deslizes estratégicos ainda estivessem à espreita. Além disso, claro, a experiência de andar na frente vai se somando e torna o sucesso algo mais natural, com qual a equipe e os pilotos não se deslumbram
Norris venceu duas provas e somou mais um terceiro e um quarto posto no período, além de três voltas mais rápidas. A soma dos pontos é de 80. Já Verstappen, conseguiu dois segundos lugares, um quinto e um sexto, o que rende a soma de 54 pontos. Ao longo das últimas quatro provas, portanto, a fotografia mostra uma vantagem de 26 pontos na balança do campeonato. Se a projeção for mantida para as últimas seis corridas, Verstappen será campeão pela vantagem de 13 pontos.
É claro que a pontuação da janela de quatro corridas que engloba os GPs dos Países Baixos, Itália, Azerbaijão e Singapura. Em Monza, por exemplo, a McLaren jogou pelas tais ‘papaya rules’, código de conduta esportivo que a equipe preza por ter, mas que posteriormente anunciou que estava rifando por enquanto. Afinal, permitiu que Oscar Piastri passasse Norris e levasse a melhor em meio a uma briga pelo título. Daqui para frente, isso não acontecerá novamente. Mas esse tipo de coisa é uma via de mão dupla, e Verstappen também teve de lidar com uma punição de dez posições para a largada em Spa que transformou pole em 11ª colocação.
Caso os carros estivessem empacados daqui para a decisão do campeonato, a projeção poderia ser feita com certa compreensão de que a ordem de forças seguirá igual. Só que a situação é diferente. Já nesta semana, em Austin, a Red Bull promete liderar a carga de atualizações nos carros para a fase americana do campeonato. O que será o carro após o pacote de mudanças? O que serão Mercedes e Ferrari, também prontas com suas novidades? E a McLaren, que traz os próprios ajustes?
Austin tem contornos de decisão. Se não sobre o destino da briga pelo título, ao menos para a compreensão do que cada um dos postulantes pelas primeiras colocações de cada corrida, Norris e Verstappen especialmente, terão pela frente. Por enquanto, Verstappen pode terminar na segunda colocação três vezes e em terceiro outras três e ainda sair com o caneco mesmo que Norris vença tudo.
Evidente que, dada a importância de compreender o que muda, se algo muda, com os pacotes diversos de atualizações, a avaliação precisa ser ajustável para os próximos dias, mas é justo dizer que a McLaren perdeu valiosa chance. Nas últimas corridas antes do recesso, teve campo para cortar mais a desvantagem, mas mesmo com o sucesso recente a tarefa se tornou inglória.
A sorte, sempre ela, é um elemento que definirá muito sobre o campeonato, caso queira aparecer. Um abandono de ambos, seja por qual motivo for, tende a definir para onde o pêndulo se desequilibrará. Mais ou menos o que aconteceu em 2016, quando Lewis Hamilton partia para vencer o GP da Malásia e retomar a liderança do campeonato quando o motor estourou e jogou o caneco nas mãos de Nico Rosberg.
Imagine a diferença no panorama caso Verstappen tenha algum tipo de problema em Austin e não pontue, com Norris vencendo. A diferença seria, nesse cenário, de 27 ou 26 pontos – dependendo da melhor volta – com cinco provas pela frente. Aí, a situação mudaria: o campeonato estaria nas mãos de Norris.
Caso fosse o inglês a abandonar, enquanto Verstappen alcançasse mesmo que um terceiro posto, a diferença subiria para 67 e game over.
Os números do campeonato apontam para Verstappen segurando a ameaça e conquistando o tetracampeonato, mas a sorte, caso deseje oferecer a honra de sua misteriosa presença, decidirá a batalha. Norris precisa dela a favor, enquanto Verstappen só não pode tê-la contra. O que vem por aí?
A Fórmula 1 volta neste fim de semana, entre os dias 18 e 20 de outubro para o GP dos Estados Unidos, em Austin.
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