McLaren dobra aposta na Bélgica e larga favorita, mas Verstappen ainda é ameaça

Max Verstappen bancou uma escolha ousada em termos de acerto e dominou a chuvosa classificação do GP da Bélgica. A pole, no entanto, acabou nas mãos de um surpreendente Charles Leclerc, devido à punição pela troca do motor. Ainda assim, o neerlandês tem lá suas armas para tentar a recuperação. Por outro lado, a McLaren ignorou a intempérie e se manteve fiel à configuração de pista seca, condição prevista para o domingo. E mesmo fora da primeira fila, os laranjas seguem favoritos, apesar dos planos de Sergio Pérez, Ferrari e Mercedes

A disputa das posições de largada do GP da Bélgica colocou à prova a ousadia das equipes neste chuvoso sábado (27), em Spa-Francorchamps. Enquanto algumas decisões mais petulantes renderam respostas certeiras, como no caso de Red Bull e Ferrari, outras escolhas vão ter de esperar até domingo para saber se vão funcionar, como o caminho tomado pela McLaren. Diante disso, não à toa Max Verstappen dominou o dia. Acontece que os taurinos apostaram na pista encharcada do circuito belga e optaram por uma configuração de maior carga aerodinâmica como forma de garantir a aderência necessária para romper o veloz traçado das Ardenas. E o tricampeão não desperdiçou a chance, cravando o que seria a 41ª pole da carreira. Apesar da perda do número, a colocação na folha de tempos atingiu o objetivo e o fez cair o mínimo possível no grid, o que por si só já o torna uma séria ameaça aos planos dos rivais.

A Red Bull conduziu o sábado já sabendo que Max perderia dez posições pela troca do motor. Inclusive, a equipe trabalhou até tarde na sexta-feira para ajustes na unidade de potência. Depois, optou por um acerto ainda mais extremo em termos de downforce, para ampliar o equilíbrio e cuidar bem dos pneus. Foi tão importante que Verstappen foi capaz de usar apenas um jogo de compostos intermediários entre o Q1 e Q2, reservando dois conjuntos para a parte decisiva da classificação. E assim, ninguém foi mais veloz que o piloto #1. A ponta na tabela foi garantida com 1min53s159, mais de 0s5 para Charles Leclerc, que acabou herdando o posto de honra do grid.

Ainda, em um primeiro olhar, a decisão por uma carga maior de downforce pode significar a perda de velocidade de reta, algo que será necessário, especialmente se a corrida realmente acontecer com pista seca — entretanto, esse é um temor que os austríacos não têm, pois acreditam na eficiência da asa traseira e no trabalho do DRS. E também é verdade que a configuração será mais valiosa no que diz respeito aos pneus. Fala-se em temperaturas mais altas neste domingo, o que pode agravar o desgaste dos compostos, de acordo com a Pirelli. Por isso, esse acerto deve ajudar a controlar melhor a degradação — uma vez que há uma desvantagem em termos de jogos de compostos duros entre os taurinos e os ingleses de Woking.

“Depois de entendermos algumas coisas ontem, optamos por ter uma carga aerodinâmica maior do que muitos dos nossos rivais diretos, e isso nas condições que encontramos na classificação ajudou demais”, reconheceu Max, que pela terceira vez consecutiva, em Spa, terá de escalar o pelotão por conta de uma sanção — e em todas as vezes, venceu. Ainda como curiosidade, nessas três vezes em que foi obrigado a abrir mão da pole, foi sempre um piloto da Ferrari que ficou com os louros. Em 2022, Carlos Sainz saiu na frente e, em 2023, Leclerc, repetindo a dose agora.

“Amanhã, claro, sei que será um dia bem diferente: mais quente e provavelmente sem chuva. O desgaste dos pneus terá um papel importante, e apenas precisamos nos certificar de que conseguiremos ir bem nesse quesito. A corrida pode ser perdida já na curva 1, então preciso ver o que acontece na largada, naturalmente, e apenas seguir a partir daí. É uma prova muito longa e que cobra muito dos pneus, apenas precisamos ter certeza de que vamos gerenciá-los da melhor maneira possível”, alertou o líder da Fórmula 1 2024.

“Vai ser uma batalha difícil. Tentaremos fazer o melhor que pudermos. Espero que possamos lutar contra a Ferrari e a Mercedes à frente e, se tivermos um pouco de sorte, talvez possamos desafiar a McLaren”, completou.

O tricampeão do mundo falou em sorte porque espera que a McLaren retome a performance da sexta-feira de treinos, quando Lando Norris liderou a dobradinha. De fato, a expectativa é essa. O carro laranja se mostrou particularmente forte em dois pontos até aqui em Spa: no rápido setor 2 e também em velocidade de reta. A equipe, inclusive, manteve esse acerto neste sábado, mesmo diante da pista molhada. “Estávamos preparados para pagar um preço na classificação, pois queríamos ter o carro melhor preparado para a corrida de amanhã no seco, por isso não comprometemos o nosso acerto”, ratificou o chefe da McLaren, Andrea Stella.

De fato, Norris e Oscar Piastri não foram capazes de acompanhar o ritmo de Verstappen e ainda foram surpreendidos pela Ferrari de Leclerc e um Sergio Pérez mais à vontade com a escolha feita pela Red Bull. Ainda assim, Norris fecha a segunda fila, logo à frente do australiano. “Queremos capitalizar o resultado da corrida e, no final, não creio que estejamos numa má posição de largada com ambos os carros”, emendou o dirigente italiano.

Max Verstappen perdeu a pole, mas tem potencial para alcançar o topo (Foto: Red Bull Content Pool)

A realidade é que a McLaren é favorita em Spa-Francorchamps em condição de pista seca, como parece ser o caso. Mas terá de se livrar rapidamente de quem está à frente: Leclerc (pole), Pérez e um Lewis Hamilton que sabe fazer valer a experiência. A favor da equipe inglesa está a enorme velocidade de reta que possui e o fato de lidar bem com o calor e os pneus.

Ainda assim, não se pode desprezar o top-3 do grid. O monegasco foi capaz de surpreender no fim do Q3 por conta de uma tática atrevida da Ferrari. Como Verstappen deixou claro antes, o uso dos pneus intermediários novos e usados fez grande diferença para a performance. No caso ferrarista, o pit-wall reservou apenas um conjunto novo de inters para os instantes finais. Foi um risco, porque a chuva que vinha intermitente poderia ter se tornado mais pesada.

A McLaren, por outro lado, decidiu calçar os novos pneus logo de cara, então precisou se virar com compostos usados no fim. Enquanto isso, Hamilton soube driblar a oscilação da Mercedes ao longo da classificação e, por pouco, não se estabeleceu na primeira fila — a equipe alemã ainda recuou e descartou parte das atualizações levadas para Spa.

No fim, Charles voou nos dois últimos setores e garantiu o melhor lugar do grid com uma diferença de 0s011 para Pérez — que respirou aliviado com o bom desempenho e a primeira fila, importantes dentro dos planos dos taurinos. Já o heptacampeão tenta retomar a velocidade que a Mercedes apresentou na sexta-feira, para entrar na briga pelo pódio e tirar vantagem no duelo que a Mercedes trava com a Ferrari neste momento.

Charles Leclerc vai largar na ponta no GP da Bélgica (Foto: Ferrari)

Neste cenário, também é importante dizer: a corrida belga terá a tática como ponto base. O GP da Bélgica vai exigir dois pit-stops, na combinação de pneus médios e duros. “Em comparação com o ano passado, a nova superfície da pista mudou o equilíbrio significativamente para uma estratégia de duas paradas. Isso também significa que o pneu mais duro aqui, o C2, agora é muito mais adequado para a corrida do que era há 12 meses, em detrimento do C4 mais macio. No entanto, todos os três compostos ainda são perfeitamente viáveis, também porque apenas quatro equipes — Ferrari, McLaren, Mercedes e Alpine — têm dois conjuntos de compostos duros disponíveis”, explicou a Pirelli.

“No papel, a estratégia mais rápida é fazer o primeiro stint de pneu médio antes de trocar para o composto duro. A alternativa lógica é ir médio/duro/médio, mas as opções macio/duro/duro e macio/duro/médio não podem ser descartadas. A parada única é muito lenta, enquanto a parada tripla, mesmo em uma pista onde a ultrapassagem é definitivamente possível, pelo menos de acordo com as simulações, não é mais rápida”, completou.

E como a configuração de cada carro segue a mesma deste sábado e responde de maneira diferente, diante das condições da pista e dos pneus, os dados em Spa estão lançados.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Bélgica de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. No domingo, os pilotos disputam a corrida em Spa-Francorchamps a partir das 10h (de Brasília, GMT-3).

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