McLaren vê Piastri explodir e vislumbra juízo final em duelo pela coroa contra Norris
A McLaren ainda tem em Lando Norris seu principal piloto, mas o crescimento e a ousadia de Oscar Piastri em 2024 deixam claro que a equipe inglesa vai sofrer para trabalhar a dinâmica interna caso se mantenha em posição de título para 2025
Depois de um domínio absoluto e acachapante da Red Bull em 2023, com 21 vitórias em 22 corridas, esperava-se uma temporada 2024 novamente com os taurinos à frente. O ano realmente começou assim, mas a competência da McLaren no desenvolvimento do carro desde a edição passada finalmente rendeu frutos a partir do GP da Emília-Romanha, no primeiro sopro de real competitividade na pista. De lá para cá, o time inglês desbancou o austríaco como principal força do campeonato e viu surgir uma dor de cabeça inesperada: o confronto interno entre Lando Norris e Oscar Piastri pelo posto de #1 em Woking.
Com Piastri em seu segundo ano na Fórmula 1 e Norris titular da McLaren desde 2019, a expectativa geral era de que o inglês abraçasse o crescimento da esquadra e assumisse um posto de liderança indiscutível, algo na linha do que faz Max Verstappen na Red Bull. Não é, porém, o que se tem visto em 2024.
Norris surgiu como o grande concorrente de Verstappen justamente por ser considerado o líder da McLaren, aquele que conseguiu ser rápido o suficiente para se aproximar perigosamente em Ímola e enfim venceu a primeira na F1 em Miami. Além disso, já são cinco poles na atual temporada, menos apenas que o próprio Max, com oito. Só que a coisa começou a apertar para Lando após as largadas.
Depois de mostrar grande condição de buscar as vitórias aos sábados, se tornou comum ver Norris desperdiçar uma posição privilegiada logo na primeira volta. Não por acaso, a primeira vez que o inglês conseguiu de fato largar em primeiro e terminar o giro inicial ainda na liderança foi em Singapura, última etapa disputada até aqui. Perdeu posições em Espanha, Hungria, Países Baixos e Itália, esta última em um movimento espetacular do parceiro. A única em que conseguiu recuperar a vitória foi em Zandvoort.
Piastri, que já havia sido protagonista de uma estratégia inexplicável da McLaren na vitória da Hungria, partiu para cima do próprio companheiro em Monza e tomou a liderança algumas curvas após a largada. Com os dois mais preocupados um com o outro, Charles Leclerc silenciosamente conduziu a Ferrari ao triunfo, mais um desperdiçado pela McLaren.
Então, formou-se um paradoxo: Norris é obviamente o líder da equipe e, apesar das críticas exageradas, o mais rápido entre os dois na maioria das corridas. A questão é que Piastri segue demonstrando traços comuns em campeões mundiais, em especial a frieza, o arrojo e a disposição de questionar o posto de liderança do companheiro.
Vale destacar, inclusive, que tanto Norris quanto Piastri conquistaram suas primeiras vitórias na Fórmula 1 em 2024. Mesmo que Lando esteja na categoria desde 2019, foi apenas em Miami que subiu ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez, enquanto Oscar o fez na Hungria. Isso sem contar a sprint do Catar de 2023, vencida pelo australiano, mas que não entra na contagem oficial.
O crescimento de Piastri é assustador, mas ainda falta ao jovem australiano certa dose de consistência. É um piloto que, quando se equipara ao ritmo de Norris, deixa claro que a McLaren tem um pepino nas mãos para resolver. Além disso, ainda acumula apresentações de veterano, com o maior exemplo no Azerbaijão: surpreendeu Leclerc no ataque, tomou a liderança e não cometeu um erro sequer até o fim.
No entanto, também acumula etapas em que não consegue acompanhar o britânico, como Singapura, Canadá, Inglaterra e Países Baixos, entre outras. As críticas à falta de arrojo de Norris são absolutamente justas, mas o fato é que o inglês é o mais rápido entre os dois no momento — ao menos de forma regular.
O problema para Norris, porém, é o futuro. O crescimento de Piastri acontece a passos largos, e o posto de líder da equipe não está garantido sob nenhum aspecto. As confusões da McLaren nas estratégias, algo que impede Lando de estar mais próximo de Verstappen no campeonato, não podem se repetir na hora de comandar a dinâmica interna.
Com dois pilotos duelando silenciosamente pelo posto de liderança na equipe mais forte da F1 no momento, a McLaren puxou para si os holofotes da categoria e gera dúvidas sobre se vai saber lidar com a situação. Norris é o nome do time há cinco anos, mas, pela primeira vez, tem alguém à espreita em caso de erro: um Piastri que cresce a cada corrida e não tem medo de dividir para impor sua superioridade. Por incrível que pareça, o novato vai se consolidando como alguém de teto maior a longo prazo. E apenas Lando pode impedir que o posto de líder da equipe troque de lado na garagem.
A Fórmula 1 agora faz longa pausa e retorna de 18 a 20 de outubro em Austin, Estados Unidos, início da perna americana da temporada 2024.
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