McLaren põe rivais para sambar em testes no Bahrein e domina ‘grupo especial’ da F1

Se a McLaren repetir na Austrália, daqui a duas semanas, a harmonia e a evolução que demonstrou nos ensaios desta semana no Bahrein, a Fórmula 1 já tem sua favorita à temporada 2025. A equipe laranja desfilou alegorias em um enredo que pretende ir além de 2024 e ainda chamou as rivais diretas para o samba. Os testes, agora encerrados em Sakhir, mostraram a força papaia, mas também um 'grupo especial' quase pronto para o combate, o que deixa a sensação de que o Mundial caminha também para disputas imprevisíveis

É bem verdade que ainda estamos nos ensaios e que nem tudo é o que parece, mas a forma como a McLaren encerrou a semana no Bahrein já deixa no ar a impressão de que, quando entrar na avenida para valer, lá em Melbourne, daqui a duas semanas, terá plena condição de reproduzir boa parte do enredo apresentado na temporada passada, quando se livrou de um incômodo jejum e garantiu o Mundial de Construtores. Então, não se permita enganar pela folha de tempos definitiva da pré-temporada barenita, finita nesta sexta-feira (28). Porque há muito mais a tirar desses números do que parece, e é a equipe papaia quem comanda o bloco neste momento. Ainda assim, há um ‘grupo especial’ que se desenha no grid, especialmente no trio Ferrari, Mercedes e Red Bull, que tem lá seus segredos para surpreender os jurados e tornar 2025 imprevisível.

Também é importante dizer que a McLaren não se preocupou tanto com tempos de volta única ou em andar com o carro mais leve, para pontear a tabela. O foco dos ingleses foi proporcionar quilometragem ao MCL39, mas também a chance de coletar dados, para análises mais profundas na fábrica, uma vez que a equipe chefiada por Andrea Stella decidiu inovar em muitos elementos do novo carro, especialmente na parte dianteira, incluindo asa e suspensão. A asa traseira também foi alvo de atenção. No entanto, é impossível não destacar a simulação de corrida.

Neste dia final de atividades, Oscar Piastri exibiu uma performance consistente em que lidou bem com os pneus, aproveitando também as condições da pista — um pouco mais quente que nos dias anteriores. Interessante colocar aqui que, ainda que tenha apresentando um desempenho forte e à frente dos adversários, o australiano não foi capaz de reproduziu o assustador ritmo de Lando Norris na quinta-feira.

▶️ LEIA TAMBÉM: 5 coisas que aprendemos no último dia da pré-temporada da F1 2025 no Bahrein

Ninguém acompanhou a McLaren neste quesito. Em média, levando em conta o uso dos pneus médios (C3), o time britânico impôs diferenças de 0s5 a 1s para a concorrência. “Temos de ter cuidado para não tirar conclusões precipitadas. Nas primeiras corridas, a gestão dos pneus será diferente do que nesta pista, aqui no Bahrein os dados nos dizem que o carro interage bem com os pneus, mas estamos em condições muito particulares, nunca havíamos encontrado essas temperaturas em Sakhir“, alertou Stella.

O italiano tem razão, as temperaturas mais baixas, de fato, alteram o acerto e o comportamento dos pneus. No entanto, também importa falar que o circuito barenita nunca foi um bom traçado para os projetos anteriores da esquadra laranja. Desta vez, não houve qualquer problema.

“O carro funcionou praticamente sem falhas, o que foi um ponto de partida sólido. Temos muito o que analisar antes de Melbourne, mas acho que estamos indo para lá em boa forma”, disse Piastri, que terminou o dia na quarta posição. Norris foi apenas o 11º.

Quem mais se aproxima dos papaias é a Ferrari. Diferentemente dos ingleses, os italianos procuraram ampliar a operação dos testes e mesclaram o programa técnico entre testes aerodinâmicos específicos, stints com pouca carga de combustível e pneus mais macios (C4), além das clássicas simulações de corrida. Umas das tarefas também dos dois pilotos ferraristas foi a de entender a volta de preparação de um giro de classificação, principalmente do ponto de vista dos pneus — algo que incomodou demais o time de Maranello em 2024.

No geral, Charles Leclerc acumulou mais quilômetros que o companheiro Lewis Hamilton, especialmente por ter tido a chance de conduzir em ritmo de corrida, trabalhando em dinâmica de GP. A simulação chamou a atenção pela consistência, embora a diferença para a McLaren ainda tenha sido significativa. O monegasco, que chegou a liderar a tabela pela manhã, ficou em nono no fim do dia.

▶️ LEIA TAMBÉM: Sainz em 1º, Bortoleto 18º: os tempos combinados dos testes da F1 2025 no Bahrein

Ônibus invade pista durante testes: o dia também teve esse episódio bizarro (Vídeo: reprodução/F1)

Já o heptacampeão trabalhou em outras frentes, também em busca de uma melhor adaptação à escuderia. A única ressalva foi que Hamilton fechou a pré-temporada sem um ensaio em condições de corrida. A Ferrari decidiu encerrar mais cedo as atividades com Lewis após “detectar uma anomalia na telemetria”. A imprensa italiana, no entanto, revelou que houve uma falha na transmissão. Certamente, um problema de confiabilidade é sempre uma dorzinha de cabeça nesse momento. De toda a forma, o piloto #44, sexto hoje, deixou os boxes animado e falou em “dias incríveis”, apesar de entender que a equipe tem muito a fazer ainda até encontrar um acerto mais refinado.

Neste ponto é essencial falar da Mercedes, que liderou o dia final de testes. Lançando mão de uma quase configuração de classificação, George Russell alcançou o topo quando restavam apenas 10 minutos para o fim dos trabalhos. E ainda que a esquadra alemã tenha tido tempo para simular voltas rápidas, o foco foi mesmo o de dar quilometragem ao carro e entender o comportamento dos pneus, especialmente em dinâmica de corrida, com diferentes cargas de combustível. Neste sentido, o time soube aproveitar bem os pneus C2 — agora mais próximos da composição dos C3. No entanto, houve certa oscilação com o C1. O britânico garantiu a liderança com o tempo de 1min29s545.

Há também um ponto interessante aqui. Russell foi bastante consistente em seus tempos de volta, mas o novato Andrea Kimi Antonelli também apresentou uma clara evolução. Na parte da manhã, quando conduziu o W16, pareceu bastante ambientado ao carro e à equipe. Foi o segundo colocado da folha de tempos matutina e também mostrou ritmo em condição de prova.

“Tivemos três dias sólidos de testes de pré-temporada aqui no Bahrein. A equipe trabalhou muito durante o inverno para melhorar os pontos fracos do W15 e, pelos sinais iniciais, parece que demos bons passos nessas áreas”, confirmou Andrew Shovlin, diretor de engenharia da equipe. “É claro que ainda é muito cedo para fazer uma previsão precisa da ordem competitiva. No entanto, estamos satisfeitos com o resultado do teste e ansiosos para ir para a Austrália”, emendou.

▶️ LEIA TAMBÉM: Mercedes líder, Red Bull lanterna: a quilometragem dos testes da F1 2025

Max Verstappen, por alguma razão, mostrou o dedo do meio em direção ao pit-wall (Vídeo: reprodução/F1 TV)

Por fim, a Red Bull viveu um dia menos turbulento do que na quinta, mas não totalmente tranquilo, como avaliou o diretor Pierre Waché. Isso porque o programa técnico dos austríacos foi mais frenético. Max Verstappen, responsável pelos testes nesta sexta, não teve tempo para simular corrida e nem mesmo classificação, porque a equipe se concentrou em entender o carro — a ressalva aqui é a baixa quilometragem. O neerlandês conduziu stints mais curtos, com mudanças de configuração e elementos do carro. Os engenheiros também levaram para a pista uma asa dianteira revisada, mais perto do desenho usado por McLaren e Ferrari. Ainda é difícil decifrar os números dos energéticos, especialmente pela ausência de um ensaio propriamente dito, mas não é sensato descartá-los da briga.

“Não foram testes tão tranquilos quanto esperávamos, mas é melhor encontrar alguns problemas aqui do que mais tarde. E estamos aqui para entender o carro. O clima não foi dos melhores e ocorreu de um modo que não foi representativo para essa pista, mas tentamos explorar o potencial do carro e entender como ele responde aos diferentes ajustes — e isso conseguimos mais ou menos”, explicou o diretor-técnico da Red Bull.

Ainda assim, há um semblante de preocupação. Embora tenha falado em “dia decente”, Verstappen — que concluiu a sessão com o segundo melhor tempo — lamentou os problemas e acha que ainda há muito a ser feito pela Red Bull. “É difícil saber qual é o ritmo de cada um, então ainda temos um pouco de trabalho pela frente.”

E assim, o grupo especial voa para a Austrália. Alguns com muito samba no pé e outros com muito a aprender. De toda a forma, a Fórmula 1 está bem servida de enredo e comissão de frente.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ LEIA TAMBÉM: GPTV alcança 2 milhões de espectadores e prepara novos formatos de exibição

Com o período de testes coletivos oficialmente encerrado, a próxima atividade da Fórmula 1 é a estreia da temporada, no GP da Austrália. A etapa está programada para acontecer entre os dias 14 e 16 de março, com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.