Mercedes lidera dia em Zandvoort, mas McLaren é quem dita ritmo na volta das férias

A sexta-feira de treinos livres do GP dos Países Baixos terminou com a liderança de George Russell e da Mercedes. O desempenho comprovou o momento de competitividade da equipe, que venceu três das últimas quatro corridas da temporada 2024 da F1. No entanto, o resultado esconde uma outra certeza: a McLaren parece ter o carro a ser batido em Zandvoort, enquanto a Red Bull ainda lida com alguns perrengues. No geral, a Fórmula 1 volta das férias ainda equilibrada e imprevisível

Ainda se sentindo vencedor do GP da Bélgica — última corrida antes das férias e que acabou desclassificado —, George Russell tratou de tirar velocidade da Mercedes, para liderar a sexta-feira de treinos livres do GP dos Países Baixos, que abre a segunda parte da temporada 2024 da Fórmula 1. Na estreita e ardilosa pista de Zandvoort, o inglês voou para cravar 1min10s702 em cima de pneus macios. A performance confirma também o passo à frente dado pela equipe alemã, que venceu três das últimas quatro etapas do campeonato. Só que há uma forte ameaça logo ali: Oscar Piastri colocou a McLaren em segundo, a pífios 0s061. O que também ratifica: o Mundial segue parelho após a pausa do verão no hemisfério norte.

De fato, a Mercedes tomou um caminho importante ainda na primeira fase e segue impressionando. Para a etapa neerlandesa, a esquadra chefiada por Toto Wolff não levou um pacote grande atualizações, mas decidiu fazer uso em definitivo de um novo assoalho revisado que havia sido testado nos treinos em Spa-Francorchamps. E embora o carro parecesse mais nervoso em alguns trechos da pista, o desempenho geral mostrou que a opção foi acertada. Russell e Lewis Hamilton — terceiro na tabela, a 0s111 do companheiro de garagem — apresentaram um ritmo forte de classificação, abusando da aderência e do downforce. Também foram os últimos a conduzir o ensaio de volta rápida, talvez no melhor momento da pista, que se mostrou mais traiçoeira que o normal após a chuva da manhã. As retas e as curvas de baixa velocidade são os pontos fortes das Flechas de Prata.

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Na verdade, o trabalho de acerto do W15 foi muito delicado, também em função dos ventos fortes no traçado que beira o mar. “Foi muito difícil, estava ventando muito. Que eu me lembre, foram os ventos mais fortes que enfrentamos nos últimos anos. Mas o carro estava performando muito bem e parece que teremos uma disputa apertada com a McLaren e com Max (Verstappen), mas tudo pode mudar amanhã”, afirmou o líder do dia, Russell.

Hamilton trouxe mais detalhes da sexta-feira da Mercedes. “Não foi o melhor começo para um fim de semana, mas é uma diferença muito grande quando comparado ao último ano. O carro está parecendo mais vivo e agora podemos estar lá na frente. Entendemos o carro muito melhor agora, então só precisamos fazer alguns ajustes, e isso faz com que tudo seja muito mais simples e torna nosso trabalho mais prazeroso”, destacou Lewis.

“Ainda temos algum desempenho para desbloquear, é mais uma questão de acerto do carro, mas no geral [em classificação] o ritmo é bom. Para corrida ainda é difícil de dizer. Não sei se estamos na briga pela vitória, mas certamente estaremos no top-5”, completou.

O heptacampeão tem razão em se preocupar com o desempenho em condição de corrida. Isso porque a McLaren parece alguns degraus acima neste sentido. Apesar de a tabela mostrar Piastri em segundo, colado em Russell, quem revelou o cenário mais real foi Lando Norris. A performance em ritmo de prova foi a melhor e a mais consistente entre as ponteiras do grid. Importante dizer também que a equipe laranja levou para Zandvoort o maior pacote de atualizações desde Miami, quando iniciou uma reviravolta no campeonato.

E como lá, a esquadra de Andrea Stella parece novamente no caminho certo. Os engenheiros em Woking focaram em mudanças na suspensão e entrada de ar dianteiras, bordas do assoalho, entrada de ar e asa traseiras e beam — asa menor localizada na parte de trás do carro que auxilia no fluxo de ar. Algumas das alterações feitas pela McLaren foram pensando especificamente no GP dos Países Baixos, outras têm como objetivo melhorar o fluxo de ar pelo MCL38.

De cara, já deu para notar que o carro inglês segue rápido e eficiente, especialmente nos trechos de baixa velocidade — curvas de alta ainda carecem de acerto, mas o modelo laranja voa em reta. A equipe também não se mostrou muito interessada na simulação de classificação, tanto que foi uma das primeiras a fechar essa fase. Na verdade, o time britânico concentrou forças na preparação para o domingo. Por isso, dividiu os trabalhos dos dois pilotos, que andaram de pneus médios e macios, para promover uma análise mais precisa do ritmo e da estratégia para as 72 voltas da corrida neerlandesa.

George Russell foi o mais rápido da sexta de treinos nos Países Baixos (Foto: AFP)

Diante disso, Norris se impôs nesta sexta-feira. Há uma vantagem de 0s2 em cima da Mercedes e da Red Bull em termos de classificação — ou seja, de pneu macio. Já em corrida, Lando esteve entre 0s3 (macios) e 0s6 — a diferença no composto médio é assustadora — melhor que Max Verstappen e ainda colocou 0s5 de distância para Hamilton também nos amarelos. É uma performance significativa. “Fizemos um bom progresso, e o carro está em uma posição forte antes da classificação de amanhã”, garantiu o dono do McLaren #4, que terminou o dia na quarta posição da tabela.

“Não havíamos trazido nenhuma inovação técnica para a pista desde Miami. Posso dizer que estou otimista, mas ainda não tenho certeza se tudo funcionará perfeitamente. Hoje foi um bom dia, mas acho que ainda há algo a descobrir para desafiar a Mercedes nas melhores condições”, emendou.

Curiosamente, Norris sequer cita a Red Bull. É que os taurinos não viveram a melhor das sextas-feiras da temporada — mais uma vez. Verstappen fechou o dia com a sensação de que ainda vive os perrengues de meados da primeira metade de 2024. O tricampeão descreveu os problemas do RB20 em Zandvoort e acha que o time dos energéticos terá ainda muito trabalho. Realmente, o circuito neerlandês exige um bom mais do equilíbrio. “Fomos muito lentos tanto na volta mais rápida como no ritmo de corrida”, reconheceu Max, quinto na tabela, a 0s284 de Russell.

“Neste momento, não temos uma resposta clara sobre os problemas que encontramos, teremos que examinar as coisas com calma. Mas não posso dizer que estou completamente surpreso, no fim das contas não estamos longe do desempenho visto nas últimas corridas”, acrescentou.

Oscar Piastri foi o segundo no TL2: a McLaren parece ainda mais forte (Foto: McLaren)

De toda a forma, os austríacos tendem a crescer ao longo do fim de semana, e a ideia é que a disputa seja tripla de novo. Isso porque a Ferrari está mais distante desse grupo, que tem a McLaren como ponteira. Carlos Sainz sequer teve tempo de completar o dia, graças uma falha da caixa de câmbio. Enquanto isso, Charles Leclerc foi apenas o nono colocado, atrás da cliente Haas. “Difícil, como esperado. Não tivemos o mesmo ritmo dos carros da frente, infelizmente. Acho que no final, é um pouco melhor do que parece quando se vê apenas a tabela de tempos, mas certamente também não estamos na briga pela vitória. Ainda precisamos nos esforçar muito, e é o que estamos fazendo. Então espero que isso seja recompensado em breve”, destacou o #16.

“Nosso objetivo é conseguir fazer algo especial na classificação, mas ainda existem algumas lacunas no momento, então vai ser difícil conseguir algo muito impressionante. Se conseguirmos encontrar algo entre 0s2 ou 0s3 talvez possamos conseguir algo. Caso contrário, teremos um fim de semana difícil”, completou. Neste momento, a Ferrari perde de 0s4 a 0s5 para as rivais.

Por fim, o dia foi tão intenso, marcado pela chuva no TL1 e por condições adversas ao longo da sexta-feira, especialmente devido aos fortes ventos na região da pista neerlandesa, que as equipes trabalharam mais que o normal. E, incrivelmente, os cinco tipos de pneus da Pirelli foram utilizados. Ainda, foi interessante perceber que, diante da combinação menos agressiva de temperatura e desgaste, os três compostos slicks se tornaram opções possíveis para a corrida. “Com as condições da pista e temperaturas experimentadas no TL2, o C1 provou ser muito competitivo e consistente, com o C2 não muito longe em termos de desempenho, como previsto em simulações antes do fim de semana, com uma diferença de cerca de 08s a 0s9 entre o macio e o médio e 0s4 entre o médio e o duro. O C3 demonstrou maior degradação, mas não a ponto de ser descartado como opção para a corrida de domingo”, explicou Mario Isola, chefe da Pirelli.

“Um ponto interessante será ver como a aderência da superfície da pista evolui nos próximos dias. A previsão é de chuva neste sábado, o que, combinado com o vento, deve redefinir um pouco as condições. Mas a previsão é melhor para a classificação e para a corrida, que deve ser realizada em condições semelhantes às do TL2, embora a temperatura da pista possa ser alguns graus mais alta.”

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP dos Países Baixos de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. No sábado (24), o TL3 abre o dia às 6h30 (de Brasília, GMT-3), ao passo que a classificação será às 10h. Por fim, no domingo (25), os pilotos disputam a corrida em Zandvoort a partir das 10h.

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