Mercedes diz que olha “com interesse” para ‘caso Massa’: “Pode abrir precedente”
Toto Wolff foi claro: a luta de Felipe Massa para reaver o título da temporada 2008 da Fórmula 1 pode, sim, abrir um precedente para a Mercedes reabrir o caso referente à polêmica decisão de 2021
Aos poucos, a luta de Felipe Massa na justiça para reivindicar o título da temporada 2008 da Fórmula 1 vai ganhando a atenção do paddock da categoria, e um que admitiu que tem olhado para a história “com interesse” é Toto Wolff. E tudo porque o desenrolar dos fatos envolvendo a manipulação do GP de Singapura realizado há 15 anos pode, na visão do chefe da Mercedes, “abrir um precedente” para o que aconteceu em 2021.
A equipe jurídica de Massa começou a trabalhar no caso após o ex-chefe da F1, Bernie Ecclestone, ter admitido em recente entrevista que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) sabia antes do final da referida temporada que o GP que terminou com vitória de Fernando Alonso havia sido forjado. Uma batida proposital de Nelsinho Piquet, na época companheiro do espanhol, criou a situação para beneficiar o já bicampeão do mundo.
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De volta à pista em que tudo aconteceu, Wolff falou sobre o tema e disse que se tratava de um caso “interessante de acompanhar” do ponto de vista da Mercedes. “Claramente não é algo que foi previsto, as regras são muito claras na Fórmula 1”.
“Se houver um caso civil por trás disso, certamente abriria um precedente, seja ele qual for. Estamos olhando de fora com curiosidade”, completou o austríaco.
O interesse, claro, é totalmente justificável: em 2021, Lewis Hamilton — coincidentemente, o campeão de 2008 — perdeu o campeonato para Max Verstappen na última volta, após decisão polêmica do ex-diretor de prova, Michael Masi. Na ocasião, após o safety-car provocado por Nicholas Latifi na volta 54 de 58, Masi autorizou apenas que os carros entre os postulantes ao título — Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel — ultrapassassem o líder Hamilton e realinhassem nas posições corretas, e não todos os retardatários, como dizia o regulamento.
Esse, porém, não foi o único erro da direção de prova, uma vez que as regras determinavam que o safety-car deveria permanecer na pista por mais uma volta após o realinhamento do grid — ou seja, pelo número de giros restantes, o GP de Abu Dhabi de 2021 deveria ter terminado sob bandeira amarela.
A Mercedes protestou pelo resultado na época, mas teve os recursos rejeitados. Contudo, a ação recente de Massa para cancelar o resultado de um GP realizado há 15 anos, sob alegação de que perdeu o título para Hamilton por apenas um ponto por ter sido prejudicado pela manipulação em Singapura, deixa a base em Brackley atenta à possibilidade de reabrir o caso referente a 2021.
O próprio Ecclestone, aliás, citou a famigerada final em Abu Dhabi ao dizer ao periódico suíço Blick que “o clã Massa só se preocupa com dinheiro”. “Hamilton e Mercedes poderiam ter entrado com uma ação judicial contra a FIA após a final não muito limpa de 2021 em Abu Dhabi”, declarou o ex-chefão da categoria.
“A FIA falou sobre a corrida de 2021 com uma declaração clara. É por isso que estamos olhando com interesse”, finalizou Wolff.
Sobre o ‘caso Massa’:
No início de março, o ex-chefão da F1, Bernie Ecclestone, deu entrevista ao site alemão F1 Insider e revelou que já sabia do escândalo Crashgate, em Singapura, ainda em 2008, mas que decidiu não expor a informação, e que considera o brasileiro como o legítimo campeão mundial.
Na ocasião, a F1 viveu um escândalo de manipulação de resultado no GP de Singapura. O brasileiro Nelsinho Piquet bateu propositalmente com a Renault a fim de beneficiar o companheiro de equipe Fernando Alonso, que venceu a corrida e não tinha relação com a disputa de título. Massa foi um dos grandes prejudicados, já que partiu da pole-position e liderava até o acidente de Nelsinho.
Desde a declaração de Bernie, Felipe demonstrou o desejo de revisar o resultado do campeonato, inclusive avaliando uma possível ação na justiça. Ao GRANDE PRÊMIO, em março, o brasileiro falou sobre a decepção em ouvir o que foi dito pelo ex-mandatário da categoria.
“Uma situação inaceitável, que me deixou triste ao tomar conhecimento que o chefão da Fórmula 1 e o chefão da FIA souberam em 2008 e se calaram. Isso é muito grave e inadmissível para o esporte”, disse Massa.
O escândalo do Crashgate foi revelado em 2009, pouco tempo depois de Piquet ser demitido na Renault. Tanto Flavio Briatore, chefe de equipe, quanto Pat Symonds, diretor de engenharia, foram banidos da Fórmula 1, mas eventualmente reverteram a decisão na corte francesa e concordaram em se afastar do Mundial. Nelsinho nunca mais correu na categoria.
Na época, Felipe chegou a vocalizar pedidos para que o resultado do GP de Singapura fosse anulado, mas o estatuto da FIA tornou a opção impossível, já que segundo o Código Internacional Esportivo, a decisão do campeonato não poderia ser alterada após a cerimônia de premiação do órgão.
A investigação da FIA também não apontou evidências de que Alonso e a maior parte da equipe Renault sabiam do plano de batida proposital e auxiliassem na execução. O órgão entendeu que seria injusto mudar o resultado.
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