Mercedes sucumbe em emocionante GP do Canadá e abre caminho para 1ª vitória de Ricciardo na F1. Massa bate na volta final

Daniel Ricciardo venceu pela primeira vez na carreira na F1 em um GP do Canadá extremamente emocionante. Felipe Massa protagonizou acidente forte com Sergio Pérez na última volta em Montreal quando lutava pela quarta posição

A cobertura completa do GP do Canadá no GRANDE PRÊMIO
As imagens deste domingo da F1 no Canadá

Haja coração, diria o outro narrador se estivesse na transmissão do GP do Canadá deste domingo (8). E haja dente no largo sorriso apresentado por Daniel Ricciardo, o mais novo vencedor da F1. O australiano quebrou a sequência de vitórias da Mercedes no Mundial ao ultrapassar Nico Rosberg na 68ª das 70 voltas e subiu ao alto do pódio pela primeira vez na carreira.

Ricciardo, sexto no grid, se colocou na briga pela vitória após a segunda rodada de pit-stops, pouco após a metade da prova. Àquela altura, a Mercedes enfrentava sérios problemas mecânicos nos seus dois carros. A situação era tão feia que uma vantagem de mais de 25s foi por água abaixo. Lewis Hamilton não aguentou e recolheu para a garagem na volta 48.

Rosberg, sabe-se lá como, conseguiu resistir até que bem, mas dessa vez competindo dentro da categoria dos mortais. Foi pressionado por Sergio Pérez durante boa parte do trecho final da prova, só respirando mais aliviado quando a Force India ficou com os freios comprometidos. Aí que o #3 cresceu. Passou por Pérez na volta 66 e foi caçar a Mercedes do alemão.

Essa vitória coroa uma recuperação impressionante da Red Bull, que tinha um carro que mal aguentava andar nos testes de pré-temporada. Na primeira corrida, na Austrália, o time já havia mostrado que não estava disposto a andar no meio do pelotão. A evolução foi se mostrando cada vez mais notável conforme as semanas foram passando. O trabalho bem feito deixou o time no lugar certo na hora certa: o dia em que a Mercedes sucumbiu.

Para Ricciardo, o triunfo é a principal confirmação do seu talento. Ele vinha se apresentando muito bem desde que foi promovido pela Red Bull para seu time principal, andando inclusive à frente de Sebastian Vettel. E a primeira vitória chegou mais cedo do que se esperava. O hino australiano voltou a tocar na F1, algo que não acontecia desde o GP da Inglaterra de 2012, vencido por Mark Webber.

O troféu do vencedor do GP do Canadá (Foto: Getty Images)

Rosberg ainda salvou a segunda colocação, e Sebastian Vettel subiu ao pódio pela segunda vez no ano — assim como no GP da Malásia, na terceira posição.

Atrás de Vettel, na volta final, um forte acidente envolveu Sergio Pérez e Felipe Massa. Tentando ganhar a quarta posição, o brasileiro acabou acertando a traseira da Force India em alta velocidade no fim da reta. Os dois carros ficaram destruídos, mas ambos pareceram descer sãos do carro.

Jenson Button superou Nico Hülkenberg e Fernando Alonso na última volta e foi quarto. Valtteri Bottas, Jean-Éric Vergne, Kevin Magnussen e Kimi Räikkönen completaram a zona de pontuação.

icon_pesquisa  QUEM TEVE CULPA NO ACIDENTE: MASSA OU PÉREZ? VOTE
 Câmera aérea mostra movimento de Pérez antes de acidente 
 Após acidente, Massa e Pérez são levados a hospital para exames


Confira como foi o GP do Canadá de F1:

Nico Rosberg tem certa dificuldade para se entender com a embreagem do F1 W05 Hybrid, por isso não tem largado muito bem em 2014. Não largou bem de novo em Montreal. Sorte dele que a pole-position fica a apenas 150 metros da curva 1, pouco para que Lewis Hamilton conseguisse ultrapassá-lo. Uma travada no dianteiro esquerdo de Nico e um chega pra lá que deixou as duas Mercedes a poucos centímetros de se tocarem e manteve o #6 à frente. E faltou espaço para Lewis, que saiu da pista e perdeu o segundo posto para Sebastian Vettel. As Williams ficaram lado a lado e Valtteri Bottas continuou em quarto.

E os toques que não aconteceram nas apertadas curvas 1 e 2 foram compensados por uma forte batida entre as duas Marussia nas curvas 3 e 4. Duas semanas depois do time anotar os primeiros pontos de sua vida na F1, o acidente envolvendo Jules Bianchi e Max Chilton foi uma grande prova de como alegria de pobre dura pouco. O inglês escorregou na entrada da chicane e acertou a traseira do francês, que se chocou com violência contra o muro. Foi o primeiro abandono de Chilton em 26 corridas na carreira. Esteban Gutiérrez, que saiu do box, também se deu mal e teve um pneu furado ao passar por cima de detritos, precisando fazer um pit-stop no fim da volta 1.

Safety-car na pista.

Ainda na largada, Fernando Alonso foi superado por Jean-Éric Vergne e Kimi Räikkönen subiu de décimo para nono, deixando Jenson Button para trás.

O carro de Jules Bianchi fora de combate após batida na primeira volta do GP do Canadá (Foto: Divulgação/Twitter)

A bandeira verde só foi agitada na abertura da oitava volta, e Hamilton de cara iniciou os ataques para tentar reaver a segunda colocação. Demorou três giros, executando a ultrapassagem na zona de DRS só na volta 10. E a briga pela vitória ainda prometia ser boa, já que Rosberg abriu somente 2s neste ínterim.

Vettel logo se firmou na terceira colocação e abriu mais de 2s para Bottas. A outra Red Bull também apresentava ritmo melhor que a Williams, e Daniel Ricciardo pressionava Massa pelo quinto posto. Chegou a ficar a 0s4 do brasileiro antes de entrar nos boxes para realizar seu primeiro pit-stop na volta 14 e trocar os pneus supermacios pelos compostos macios.

Inaugurada a janela de pit-stops, o povo todo foi parando aos poucos, e a Williams mais uma vez complicou a vida de Massa com uma parada que durou longos 7s. O problema estava na pistola da roda dianteira esquerda, que não funcionava para desparafusar o bendito parafuso. Perdeu não só a posição para Ricciardo, como também para Alonso e Vergne.

Os líderes Rosberg e Hamilton entraram respectivamente nas voltas 18 e 19 e seguiram em primeiro e segundo separados por 2s4. A ordem se restabeleceu com a Force India deixando evidente uma tática diferente: Sergio Pérez e Nico Hülkenberg apareciam em terceiro e quarto sem ter feito pit-stops — queriam ir até o fim trocando os pneus só uma vez.

Quer ter o prazer de guiar uma Ferrari e assistir ao GP da Itália em Monza?

Clique e saiba dos detalhes do pacote GRANDE PRÊMIO pelo e-mail

A ordem era Rosberg, Hamilton, Pérez, Hülk, Vettel, Bottas, Ricciardo, Alonso, Vergne e Massa. O brasileiro andava forte e logo ultrapassou Vergne e Alonso.

E Vettel tentava dar o bote na Force India de Hülkenberg, mas seu motor Renault não permitia uma aproximação nas retas nem mesmo com a asa traseira móvel aberta. Na volta 23, tentou uma manobra bem otimista no grampo. Acabou foi errando feio. A Red Bull não parou e permitiu um X até que fácil do compatriota.

Lá na frente, a coisa ia esquentando entre Rosberg e Hamilton. O inglês era mais veloz volta após volta e fez sumir a diferença. Nico sentiu a pressão: na volta 26, ele errou na freada da última chicane e passou reto. Seguiu na ponta, mas foi colocado sob investigação pelos comissários, que queriam se certificar que ele não ganhou tempo por cortar a curva e, no final, apenas advertiram. Mas Hamilton não ia se deixar abalar por isso. Na volta 31, o britânico virou 1min18s970, volta mais rápida da prova, se aproximando ainda mais. Rosberg respondeu na 33 com 1min18s881. Prometia. Ah, como prometia.

O stint de Pérez durou até a volta 35, quando ele entrou no pit-lane para mudar dos supermacios para os macios. Conseguiria facilmente aguentar até o fim da prova, bem como Hülkenberg, que pararia na volta 41.

Preso atrás de Hülkenberg e Vettel, Bottas foi chamado pela Williams na volta 36 para colocar mais um jogo de pneus macios e tentar dar o bote assim nos dois alemães. Não deu muito certo. Além de ter travado — e muito — o dianteiro direito na freada do grampo, foi marcado pela Red Bull, que trocou os pneus de Vettel na passagem seguinte. Ambos voltaram atrás de Pérez e brigando com Räikkönen e Button. E Ricciardo parou na volta 38.

De repente, o drible que a Williams tentou dar com Bottas fez o caminho ficar livre para Massa, que começou a tirar a diferença para Hülk. Os dois eram mais rápidos que todo o povo que vinha na perseguição.

E também de repente, de forma ainda mais surpreendente, o ritmo da Mercedes desapareceu. Pelo rádio, Rosberg e Hamilton reclamavam de problemas nos carros. Passaram a virar acima de 1min21s por volta. Numa passagem, o tempo de Rosberg mais alto que 1min23s. A essa altura, o terceiro colocado era Hülkenberg, e ele estava 25s atrás.

Após o pit do alemão da Force India, Massa assumiu o terceiro lugar e ia sendo até 2s mais rápido por volta. E a engenharia da Williams veio com a sugestão que poderia mudar o destino da corrida: “Quer tentar fazer esses pneus durarem até o fim?”

Massa não é exatamente um piloto conhecido por poupar pneus, mas a tentativa era mais do que válida. Ainda mais com os muitos problemas da Mercedes. Rosberg parou na volta 45 e retornou à pista atrás de Massa. Hamilton foi aos boxes um giro depois e também perdeu posição para o #19. Pela primeira vez no ano, a F1 era liderada por um carro que não era prateada.

As esperanças pachecas cresceram ainda mais com o problema de freio que tirou Hamilton da corrida na 48ª passagem. Mas Massa não daria conta de terminar a prova com aquele jogo de pneus colocado na volta 15. 55 voltas era demais. E ele parou na 49, colocando novos pneus macios e retomando o traçado em sétimo na cola de Bottas.

No 52º giro, Rosberg, lento demais na pista, fui alcançado pelo pelotão que compreendia Pérez, Ricciardo, Vettel e, um pouco mais atrás, Hülkenberg, Bottas, Massa e Alonso.

Massa ganhou a quinta colocação no momento em que Bottas tentou passar por Hülk no grampo. O finlandês exagerou na dose e fez os dois espalharem. A porta ficou aberta para Massa, que consumou a ultrapassagem dupla na freada da chicane do fim da volta. Era o quinto e tinha um ritmo tão bom que fez a volta mais rápida, 1min18s504. Em poucas voltas ele já chegou no pelotão que lutava pela vitória.

Rosberg respirou mais aliviado ao ver que Pérez ficou menor no espelho retrovisor. Tinha problemas de freio, o piloto da Force India, que foi ultrapassado por Ricciardo na reta dos boxes. E Rosberg voltou a prender a respiração.

Duas voltas mais tarde, Ricciardo chegou em Rosberg e assumiu a liderança da corrida. Dali em diante, guiou na ponta dos dedos para pouco menos de 10 km até o momento mais importante de sua carreira no automobilismo até aqui: receber em primeiro a bandeirada de um GP de F1.

Primeira vitória da Red Bull desde os tempos de Sebastian Vettel (Foto: Getty Images)

As emoções não haviam se encerrado. Pérez perdeu também o pódio para Vettel e as chances de pontuar ao ser acertado em alta velocidade por Massa na última volta. Os dois saíram ilesos de um acidente fortíssimo que deixou os dois carros destruídos. A quinta posição já seria o melhor resultado de Felipe desde a mudança para a Williams naquela que, sem dúvida, foi sua melhor apresentação.

Ainda na volta final, Button jantou Hülkenberg e Alonso para cruzar em quarto e colocar no bolso 12 pontos. Bottas, com desempenho ruim nas derradeiras passagens, ainda conseguiu ser sétimo, seguido por Vergne, Magnussen e Räikkönen.

Só 14 pilotos foram classificados no resultado final, sendo que a dupla da Sauber, Adrian Sutil e Esteban Gutiérrez, terminou atrás até mesmo de Pérez e Massa. Os outros pilotos que abandonaram foram Grosjean, Kvyat, Hamilton, Kobayashi, Maldonado, Ericsson, Chilton e Bianchi — dessa lista, todos exceto os da Marussia por questões mecânicas.

A F1 volta a se encontrar para realizar um GP dentro de duas semanas. O palco será o tradicional Red Bull Ring, em Zeltweg, na Áustria, circuito que retorna à rota do Mundial após 11 anos.

F1, GP do Canadá, Montreal, final:

1 3 DANIEL RICCIARDO AUS RED BULL RENAULT 1:39:12.830 70 voltas
2 6 NICO ROSBERG ALE MERCEDES +4.236    
3 1 SEBASTIAN VETTEL ALE RED BULL RENAULT +5.247    
4 22 JENSON BUTTON ING McLAREN MERCEDES +11.755    
5 27 NICO HÜLKENBERG ALE FORCE INDIA MERCEDES +12.843    
6 14 FERNANDO ALONSO ESP FERRARI +14.869    
7 77 VALTTERI BOTTAS FIN WILLIAMS MERCEDES +23.578    
8 25 JEAN-ÉRIC VERGNE FRA TORO ROSSO RENAULT +28.026    
9 20 KEVIN MAGNUSSEN DIN McLAREN MERCEDES +29.254    
10 7 KIMI RÄIKKÖNEN FIN FERRARI +53.678    
11 11 SERGIO PÉREZ MEX FORCE INDIA MERCEDES +1 volta    
12 19 FELIPE MASSA BRA WILLIAMS MERCEDES +1 volta    
13 99 ADRIAN SUTIL ALE SAUBER FERRARI +1 volta    
14 21 ESTEBAN GUTIÉRREZ MEX SAUBER FERRARI +6 voltas    
  8 ROMAIN GROSJEAN FRA LOTUS RENAULT +11 voltas NC  
  26 DANIIL KVYAT RUS TORO ROSSO RENAULT +23 voltas NC  
  44 LEWIS HAMILTON ING MERCEDES +24 voltas NC  
  10 KAMUI KOBAYASHI JAP CATERHAM RENAULT +47 voltas NC  
  13 PASTOR MALDONADO VEN LOTUS RENAULT +49 voltas NC  
  9 MARCUS ERICSSON SUE CATERHAM RENAULT +63 voltas NC  
  4 MAX CHILTON ING MARUSSIA FERRARI +70 voltas NC  
  17 JULES BIANCHI FRA MARUSSIA FERRARI +70 voltas NC  
                 
MELHOR VOLTA FELIPE MASSA BRA WILLIAMS MERCEDES 1:18.479 volta 58  

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.