Na Garagem: Rosberg vence GP da China e tira Mercedes de tabu de 57 anos na F1

Nico Rosberg nunca pareceu ameaçado e transformou a pole em vitória no autódromo de Xangai, num 15 de abril como hoje, há exatos dez anos. A primeira vitória da Mercedes desde o retorno como equipe de fábrica à Fórmula 1

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Quantas vidas cabem em 57 anos? Foi esse o tempo de hiato entre a última vitória da velha Mercedes e a primeira da nova Mercedes na Fórmula 1. Entre 1955 e 2012, uma vida, passaram quase seis décadas e uma construção da Fórmula 1 como gigante esportivo que ainda não pensava em ser naquele começo da história. E, aí, num 15 de abril como hoje, Nico Rosberg atrelou o novo caminho da marca alemã àquele de tanto tempo atrás. No GP da China, Rosberg deu sequência à história da Mercedes e venceu na Fórmula 1.

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A vitória começou no dia anterior, mas é preciso lembrar o contexto. A temporada 2012 começava dando ares de que seria tremendamente apertada. Nas duas primeiras corridas, duas poles e uma vitória para a McLaren, outra vitória para a Ferrari e pódio também para a Sauber e a bicampeã vigente Red Bull. A Mercedes voltaram em 2010 e ainda não tinha vencido corridas, mas olhava para a ordem de forças incerta daquele começo de ano e se animava.

Então, a China. E Nico Rosberg, que ainda nem tinha pontos no começo do campeonato, fez uma classificação impressionante. Por 0s5, bateu o segundo colocado, justo Lewis Hamilton no último ano de McLaren, e pôs a Flecha Prateada na pole-position. Mais que isso, Michael Schumacher, companheiro de Rosberg, largaria em terceiro. A Sauber e a Lotus, com Kamui Kobayashi e Kimi Räikkönen, respectivamente, vinham na sequência. Por fim, Jenson Button na outra McLaren, Mark Webber (Red Bull), Pérez (Sauber), Fernando Alonso (Ferrari) e Romain Grosjean (Lotus) fechavam o top-10.

A verdade é que Rosberg teve uma corrida relativamente tranquila e que não renderia tamanha tensão caso se tratasse de uma vitória corriqueira. De pneus macios, largou e defendeu a primeira colocação enquanto Button tomava a posição de Räikkönen e a dupla Webber-Alonso trocava golpes.

O momento de azar da Mercedes, quando podia parecer que tudo era somente um castelo de cartas, veio quando Schumacher sofreu com um pit-stop desastroso e foi liberado para seguir em frente com um pneu solto. Abandono bobo, bobo. Mas era só para ele, porque Rosberg parou e saiu com tranquilidade no fim da 14ª de 56 voltas. Quando a janela de paradas fechou, Nico voltou à liderança.

Nico Rosberg venceu o GP da China de 2012 (Foto: Mercedes)

Button voava na pista com a McLaren na marca de meia corrida, mas, por conta da posição inicial de largada, ainda tinha meio mundo entre si e Rosberg. A liderança era fruto de outro mundo e a McLaren apresentava uma estratégia de três paradas enquanto a Mercedes se reservava a fazer apenas duas. Após 21 voltas de pneus duros, Rosberg parou para colocar os médios – que teriam de resistir por 22. Novamente, com tudo estabelecido, ele tinha a ponta e a vantagem

Sebastian Vettel, que largara em 11º, aparecia em segundo após emular a estratégia de somente duas paradas, mas foi caçado por Button – e perderia mais posições. A 18 voltas do fim, a Mercedes avisava que Rosberg tinha 19s de frente e que o mais importante era gerenciar bem os pneus para não desperdiçar uma corrida ganha. Foi o que Rosberg fez de maneira bastante confortável.

Mesmo com o controle, venceu por 20s626 de margem para Button. Hamilton completou o pódio, enquanto Webber, Vettel, Grosjean, Bruno Senna, Pastor Maldonado, Alonso e Kobayashi finalizaram aquele top-10.

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“É um momento muito especial para mim. Todo o fim de semana foi perfeito. Minha primeira pole-position e agora a primeira vitória na F1, é realmente fantástico. Mas não apenas isso: é a primeira vitória para as novas Flechas Prateadas e este grande time. É muito especial mesmo”, comemorou Rosberg logo após sair do carro.

“Agradeço a todos na equipe, tanto os que estão aqui na China quanto aqueles nas fábricas de Brackley e Brixworth. Fico muito orgulhoso de ver que melhoramos nosso carro tão rapidamente. Jamais vou esquecer esta corrida e que as últimas 20 voltas deram a sensação de terem sido tão longas quanto correr as 24 Horas de Le Mans, mas cruzar a linha foi muito intenso”, seguiu.

Nico Rosberg comemora a primeira vitória dele na F1 (Foto: Reprodução/Youtube)
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“Vamos desfrutar do sucesso, mas nossos pés ainda estão no chão. Não estamos onde queremos, mas estamos trabalhando duro para entender o carro e os pneus em todas as condições. Vamos continuar buscar melhorar nosso ritmo de corrida ainda mais. Veremos como as coisas acontecem no Bahrein”, finalizou.

No Bahrein, pois, Rosberg foi quinto, enquanto Vettel ganhou a primeira do ano na Red Bull e as duas Lotus foram ao pódio. Duas semanas depois, na Espanha, Maldonado conquistou uma improvável vitória para a Williams. A Lotus seria mais uma equipe a vencer naquele campeonato, que terminou decidido por pouco a favor de Vettel contra Alonso. Rosberg foi somente nono colocado, Schumacher partiu para a segunda e definitiva aposentadoria em 13º. Cada um dos dois conquistaria apenas mais um pódio durante 2012.

Em 2013, as coisas começaram a virar, agora já com Hamilton na vaga de Schumacher: duas vitórias de Nico, uma de Lewis e vários pódios, além do vice-campeonato de Construtores. Um ano depois, a Era Híbrida e o domínio absoluto, iniciando uma sequência de oito títulos seguidos que segue valendo ainda atualmente. Tudo com o pontapé em Xangai, naquele dia de 2012.

Na fase anterior da F1, a Mercedes disputara as temporadas 1954 e 1955. Embora o Mundial de Construtores ainda não existisse, a equipe viu troféu nos dois anos: ambos com Juan Manuel Fangio – embora no primeiro deles, ’54, o argentino tenha disputado as duas primeiras corridas a bordo de uma Maserati. A saída, no fim do ano seguinte, deu-se pelo grande desastre de Le Mans, na edição de 1955, onde um acidente envolvendo um carro da Mercedes terminou na morte de 95 espectadores e um piloto. Ao fim da temporada, a Mercedes abandonou o esporte a motor.

O retorno à F1 aconteceu quase 40 anos depois, em 1994, então somente como fornecedora de motores para a McLaren. A equipe oficial da Mercedes só voltou a existir em 2010, na sela do sucesso da Brawn GP. O resto é história.

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