Na Garagem: No GP do maior acidente na largada, Schumacher quis pegar Coulthard

A largada do lotérico GP da Bélgica de 1998, realizado há exatos 17 anos, foi marcada por uma inacreditável batida que envolveu boa parte dos pilotos do grid. Por sorte, ninguém se feriu. Depois, o paddock de Spa-Francorchamps quase virou um ringue, já que Michael Schumacher, enfurecido, queria pegar David Coulthard. E no fim, uma vitória improvável de Damon Hill e da Jordan

O ano de 1998 foi marcado pela intensa disputa pelo título entre Mika Häkkinen e Michael Schumacher desde a primeira etapa. Na primeira metade do campeonato, o finlandês venceu quatro corridas e Schumacher, outras três. Assim também foram distribuídas as vitórias na segunda metade do ano: quatro para o piloto da McLaren e três para o alemão.

Schumacher só conseguiu levar a disputa do titulo até a derradeira etapa daquele ano, em Suzuka, por conta da regularidade. Ele obteve 11 pódios até o GP da Europa, contra apenas nove de Häkkinen nessas 15 etapas. Depois de dois anos de domínio da Williams, a dupla de postulantes ao título ganhou 14 das 16 etapas. O GP de San Marino ficou nas mãos de David Coulthard, piloto da segunda McLaren.

A corrida restante, o GP da Bélgica, não ficou nas mãos da Ferrari e nem McLaren. O vencedor naquele 30 de agosto de 1998 foi o inglês Damon Hill, então na Jordan. A primeira vitória da equipe de Eddie Jordan veio em grande estilo, pois Ralf Schumacher, com o outro carro da escuderia irlandesa, terminou em segundo. Entretanto, essa conquista de “barba e cabelo” da Jordan veio em circunstâncias especiais, fazendo do GP belga o mais emocionante daquele ano.

No sábado, o dia estava encoberto, mas a pista de Spa-Francorchamps estava seca. Fazendo uso da potência do motor Mercedes, o finlandês ganhou a briga pela pole com o tempo de 1min48s682. Coulthard fechou a primeira fila, apenas 0s163 atrás. Schumacher marcou 1min50s027, ficando apenas em quarto, atrás até da Jordan-Mugen-Honda de Damon Hill.

Batida incrível marcou largada do GP da Bélgica de 1998 (Foto: Reprodução)

Quando os carros alinharam para a largada, na tarde de domingo, a chuva caia forte em Spa. Os carros passaram limpo pela primeira curva e o pelotão começou a descida para contornar a Eau Rouge, uma das curvas mais velozes da F1. A Ferrari de Eddie Irvine, saindo em quinto, largou bem e estava atrás da McLaren de Coulthard.

Um toque do irlandês da Ferrari na roda traseira direita da McLaren fez o escocês perder o controle do carro, bater no muro do lado interno da pista e voltar para o meio da reta. Em pista seca, já seria suficiente para causar um grave acidente. Na chuva, com o grid inteiro sem visibilidade, foi a deixa para o maior engavetamento de toda a história da F1.

Coulthard, sem poder reagir, viu sua McLaren virar uma bola de boliche e atingir vários carros: a Benetton de Alexander Wurz, a Sauber de Johnny Herbert, as Tyrrell de Ricardo Rosset e Tora Takagi, as Stewart de Rubens Barrichello e Jos Verstappen, as Arrows de Pedro Paulo Diniz e Mika Salo e as Prost de Jarno Trulli e Olivier Panis.

Barrichello, Panis, Salo e Rosset sequer participaram da segunda largada, pois as equipes tinham apenas um carro reserva. Na segunda largada, mais confusão: Häkkinen roda na curva La Source e é atingido pela Sauber de Herbert. Fim de prova para o líder do campeonato. Para o finlandês, só restava torcer para Schumacher marcar poucos pontos. Naquele momento, a tabela indicava 77 x 70 em favor do piloto da McLaren.

Hill aproveitou as más-largadas de Häkkinen, Coulthard e Schumacher e pulou na ponta. Irvine aparecia em segundo, mas o irlandês logo foi ultrapassado por Schumacher. O azar da McLaren continuava: Wurz e Coulthard bateram, e o escocês ficou várias voltas nos boxes. Schumacher partiu no encalço do inglês da Jordan e logo tomou a liderança.

Depois de 25 voltas, Schumacher tinha folgados 40 segundos de vantagem para Hill. O alemão se preparava para aplicar uma volta de vantagem em Coulthard. O escocês resolveu facilitar a ultrapassagem: brecou demais e, no meio de tanta água, o ferrarista não viu o carro do rival e encheu a traseira da McLaren. O alemão ainda conseguiu levar a Ferrari, sem o bico e sem a roda dianteira direita, até os boxes.

Furioso, Schumacher desceu do carro disposto a acertar contas com Coulthard. Para o alemão, o escocês havia brecado de propósito, para tirá-lo da corrida e beneficiar Häkkinen. Os mecânicos de Ferrari e McLaren contiveram Schumacher para que a confusão não acabasse em agressão física. A situação só foi resolvida 15 dias depois, em Monza: depois de uma hora de conversa a portas fechadas, eles apertaram as mãos e Schumacher se convenceu que a barbeiragem não foi proposital.

Sobrevivente em meio ao caos, Damon Hill venceu pela última vez na F1 em 30 de agosto de 1998 (Foto: Forix)

Assim, Hill herdou a ponta e tinha Ralf Schumacher, na outra Jordan, em segundo. O caçula dos Schumacher se aproximava rapidamente do inglês, mas Hill sustentou a dianteira. Tempos depois, Ralf revelou que Eddie Jordan — temendo uma batida similar à de Coulthard e Schumacher — pediu a ele que tirasse o pé e não atacasse Hill. Alesi, de Sauber, completou o pódio – foi o último pódio do francês na F1.

Além dos três, apenas outros três pilotos terminaram a prova: Heinz-Harald Frentzen (Williams), Pedro Paulo Diniz (Arrows) e Jarno Trulli (Prost).

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