Opinião GP: Perfeita, Mercedes joga Red Bull nas cordas. E Hamilton nocauteia Verstappen

Como um boxeador experiente, Lewis Hamilton aceitou os primeiros golpes, mas se poupou ao longo da luta, para dar um bote no fim. Com uma estratégia certeira, o inglês enrolou o Max Verstappen e a Red Bull. E agora o placar aponta 3 x 1 em favor do heptacampeão

A RED BULL ESTÁ NAS CORDAS. O golpe dado pela Mercedes e por Lewis Hamilton no GP da Espanha foi certeiro e quase deixou a equipe no chão, em um mais um assalto vencido pelo adversário. Ainda há como reagir, pois a contagem não foi aberta, mas precisa ser rápido. Isso porque a esquadra heptacampeã resolveu as falhas e agora tem um carro mais equilibrado e veloz – até um pouco melhor do que o RB16B, na verdade. E que nas mãos de Lewis Hamilton parece muito dócil. Só que esse nem foi mesmo o maior drama vivido pelos austríacos nessa luta contra os alemães. E isso é um problema.

Os energéticos chegaram a Barcelona ainda sentindo a derrota de sete dias atrás, quando os erros de Max Verstappen acabaram limando as chances de vitória. Ainda assim, existia a confiança de possuir um equipamento melhor. Tanto que os taurinos preferiram testar novidades e até esconderam o jogo durante os treinos. Na classificação, Verstappen surgiu forte e ficou pouco atrás de Hamilton. O ritmo de corrida se dava de maneira semelhante, enquanto as estratégias se desenhavam iguais. Então, veio a largada. Max saltou bem da segunda colocação e fez aquilo que era necessário: tomar a ponta logo de cara.

A questão foi que Hamilton teimou em ficar no encalço. O que se viu a partir de então foi que a Mercedes tinha uma cartinha na manga, e Lewis começou a imprimir um desempenho mais forte, o que talvez tenha impulsionado a equipe da estrela a ir por um caminho diferente. Como no Bahrein, Verstappen seguiu o plano original e parou na volta 24, trocando os compostos macios pelos médios em um pit-stop muito, muito lento. No retorno, a performance já não era a mesma.

Enquanto isso, a Mercedes deixou Hamilton mais quatro giros na pista. É bom dizer aqui que pareceu um erro dos alemães, dado o desgaste e a performance inicial de Verstappen com pneus novos. Mas o cenário mudou rapidamente. Depois da troca, no giro 28, Lewis voltou muito rápido e, em menos de cinco voltas, descontou a diferença de 6s que o holandês havia construído. Só que ainda não estava claro se Hamilton realmente conseguiria pegar Max.

“Como fizemos aquela parada lenta, pensamos que eles viriam aos pits imediatamente na volta seguinte”, admitiu o chefe da equipe Red Bull, Christian Horner. “Não foi assim, nós retomamos à posição de pista, mas eles apenas pareciam ter um carro mais rápido. Eles não tinham o desgaste dos pneus, eles foram capazes de acompanhar de perto, e isso deu a eles todas as opções.”

Por conta do rendimento e da natureza do circuito catalão, só um erro do líder poderia fazer Lewis tirar proveito naquele momento. Foi então que a Mercedes tirou a carta que tinha na manga: um jogo extra de pneus. “Foi planejado durante todo o fim de semana guardar dois jogos de pneus médios para poder fazer dois pit-stops. Mesmo que uma parada única parecesse melhor, eu sei por experiência própria que uma parada única é muito, muito difícil de realizar. E assim que tivemos o ritmo necessário, eu sabia que iria ultrapassá-lo, se eu conseguisse chegar”, revelou Hamilton após a corrida, que chegou a duvidar dos engenheiros de sua equipe, mas acatou a decisão.

Conheça o canal do Grande Prêmio no YouTube! Clique aqui.
Siga o Grande Prêmio no Twitter e no Instagram!

Mercedes anuncia que gastou mais de R$ 2,3 bilhões na temporada 2020

GP DA ESPANHA; LARGADA; MAX VERSTAPPEN; LEWIS HAMILTON
Lewis Hamilton abriu vantagem contra Max Verstappen depois do GP da Espanha (Foto: Circuit de Barcelona-Catalunya)

Foi uma grande jogada da Mercedes, principalmente porque a Red Bull não tinha como reagir. Verstappen não tinha mais jogos de pneus médios. Havia, sim, um jogo de macios, mas a dúvida quanto a resistência desses compostos acabou fazendo com que os estrategistas só se lembrassem deles na parte final, quando Max veio aos boxes para tentar o ponto da volta mais rápida. Isso depois de ter sido superado por Hamilton na pista – após o segundo pit, o heptacampeão voou pelo circuito e chegou rapidamente no holandês, que ficou vendido.

Agora, o placar está em 3x 1.

Portanto, o GP da Espanha deixou claro algumas diferenças importantes entre as duas postulantes ao título. Enquanto a Mercedes se preparou para o fim de semana, pensando em diferentes estratégias, além de ter uma operação afinadíssima e um Hamilton impecável, a Red Bull teima em não aprender lições necessárias. O Bahrein/2021 e a Hungria/2019 foram completamente esquecidos pelo time. E tem mais: é inaceitável uma equipe como a dos taurinos não estudar todas as possibilidades, especialmente brigando com a Mercedes. E se manter presa a uma só tática, assistindo como espectadora o que é feito pela rival.

A verdade é que a Red Bull e Verstappen poderiam ter vencido em Barcelona e em Sakhir. Até mesmo Portugal, com mais esforço. Hoje, seriam líderes, mas a realidade mostra Hamilton 14 pontos à frente do holandês.

De novo, ainda dá tempo, a luta segue, mas a resposta precisa ser imediata.

A Fórmula 1 volta a acelerar com o GP de Mônaco, quinta etapa da temporada, em 23 de maio.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.