Opinião GP: Red Bull tem razão: Verstappen ‘não é humano’, e só quebra impede massacre

A China tentou desafiar a Red Bull e Max Verstappen de todo o jeito. O asfalto diferente, a queda de temperatura e até a chuva da sexta-feira foram elementos que testaram os limites e chegaram a criar alguma esperança na concorrência. Só que o tricampeão do mundo tem suas armas e não só venceu a sprint, como largou da pole no domingo e repetiu, em escala ainda maior, a performance excepcional do sábado, deixando claro: só mesmo uma hecatombe muda o curso da temporada. E aos demais do grid, sobra o lamento

A CHINA ATÉ TENTOU DESAFIAR a superioridade de Max Verstappen e da Red Bull. De certa forma, uma interessante mistura de fatores em Xangai pareceu querer trazer à tona alguma vulnerabilidade dos taurinos. E até que revelou alguns pontos, mas nada que realmente tire o sono de Christian Horner. No fim, o tricampeão riu melhor. Por outro lado, os adversários, sim, caíram nas diversas armadilhas do fim de semana e seguem ainda longe de uma disputa real, encorajada também por uma irritante recusa de ir à luta.

E olha que a etapa chinesa se esforçou para criar uma narrativa diferente. A começar pela escolha da estreia do formato sprint em 2024. Quando os pilotos tiveram o primeiro contato com o revisado circuito de Xangai, ainda na quinta-feira, a opinião geral era de que aquele asfalto tinha algo de esquisito. Acontece que a organização do GP decidira por um tratamento diferenciado, digamos assim, usando o betume, para tentar ‘pintar’ o piso e reduzir as irregularidades. Muita gente torceu o nariz, Verstappen incluso. E o traçado se mostrou abrasivo, escorregadio e, quando a chuva surgiu forte na classificação da sprint, foi um salseiro — aliás, os fiscais tiveram de lidar com pequenos focos de incêndio em alguns pontos do traçado, por conta da combinação faísca dos carros com o material colocado no asfalto. Até mesmo a Pirelli foi pega de surpresa. Quer dizer, surgia ali uma chance.

É bom dizer também que, naquele SQ3 na sexta-feira, talvez tenha sido o momento mais destrutível de Max e da própria Red Bull. Na realidade, a esquadra austríaca enfrentou dificuldades com os pneus para o piso molhado, na medida em que foi mais complexo lidar com a baixa temperatura. E isso levou a uma sequência de erros do piloto #1, que teve voltas deletadas, até acertar na tentativa final, só suficiente para o quarto posto do grid da sprint. Aqui, dá para elogiar Lando Norris, Lewis Hamilton e Fernando Alonso, que aproveitaram o cenário adverso para tirar uma lasquinha dos favoritos.

O início da corrida curta também animou, uma vez que Hamilton e Alonso seguraram a ponta, enquanto Max se via às voltas com um inesperado problema em uma das baterias da unidade de potência. Mas a falha foi logo controlada, o que abriu caminho para a recuperação do neerlandês. Sem tomar muito conhecimento de ninguém, Verstappen assumiu a liderança na volta 9 e desapareceu. A distância para o heptacampeão, segundo colocado, na linha de chegada foi de 13s.

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Mais tarde, Verstappen ainda selaria o sábado com a pole para o GP de domingo. E aí veio, novamente, um passeio. O dono do carro #1 estabeleceu um ritmo fortíssimo, que nem mesmo o companheiro Sergio Pérez foi capaz de reproduzir algo ao menos semelhante. Max dominou a prova como quis e, diante da performance no primeiro trecho, não seria exagero imaginar que o tricampeão terminasse a prova com uma diferença escandalosamente humilhante. Para se ter uma ideia, o líder foi pelo menos 0s5 mais rápido por volta que Pérez nesta parte da corrida.

O que livrou a concorrência do massacre foram as duas intervenções do safety-car, que reagruparam o pelotão e permitiram mudanças de estratégia — especialmente de McLaren, Ferrari e Aston Martin. Mesmo assim, Verstappen sublinhou a superioridade sobre todos e expôs também as deficiências de seus rivais.

É bem verdade que a McLaren viveu um fim de semana mais forte em Xangai. Os trechos de alta velocidade do traçado ajudaram o time laranja, mas a pilotagem de Norris, especialmente no domingo, fez diferença, muito embora haja grandes ressalvas sobre o inglês, que ainda teima em desperdiçar oportunidades — um exemplo foi a (não) atuação dele na sprint, quando saía da pole. De todo jeito, o segundo lugar do pódio, resultado de uma boa estratégia e desempenho, é expressivo, principalmente por anular um dos carros taurinos. Ainda, Pérez acabou sendo o mais prejudicado pelo carro de segurança, porque se viu atrás não só de Lando, mas também da Ferrari de Charles Leclerc. Porém, nunca é demais lembrar que o mexicano guia o melhor carro do grid.

Falando na escuderia italiana, a etapa chinesa foi a mais difícil desde o início da temporada. O carro vermelho sofreu com o piso escorregadio e teve de lidar com uma enorme diferença de performance entre os compostos alocados pela Pirelli, sobretudo os médios e os duros. O desempenho com o pneu C2 foi sofrível. Por isso, os ferraristas ficaram longe da briga pelo pódio e perderam também para a McLaren. De novo, a distância para Verstappen só não foi maior por conta das intercorrências ao longo da prova.

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Max Verstappen comandou o pelotão no GP da China de F1 (Foto: AFP)

E isso tudo se resume a um ponto importante, porque se existia alguma preocupação dos taurinos em termos de ritmo ou comportamento de pneus em um circuito novo de certa forma, Max a extinguiu sem deixar dúvida. E mais que isso, os rivais agora têm muito o que pensar depois desse GP da China — não só em termos de performance pura, mas também de um senso de oportunidade e combatividade. Portanto, diante desse cenário, uma única coisa é certa: só uma quebra para Verstappen em 2024.

Porque Max pratica um esporte diferente, e a Red Bull tem razão: ele não é humano.

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