Opinião GP: Semana de homenagens reforça mito criado em torno de Senna e consequências das mortes de 1994

Ayrton Senna se foi há duas décadas, mas continua movimentando uma legião de fãs no mundo todo. A comoção da última semana e o interesse do público por tudo o que era ligado ao tricampeão apenas reforçou o mito criado em torno do piloto

20 ANOS SE PASSARAM, mas Ayrton Senna continua sendo assunto de enorme interesse para fãs de automobilismo e de esporte em geral no mundo todo. Toda a repercussão que envolveu o último dia 1º de maio, quinta-feira da semana passada, é um dos grandes exemplos disso. Ninguém questiona mais que um mito foi criado em torno de sua imagem, mas a quantidade de material a respeito do tricampeão que foi produzida recentemente não só reforçou esse mito para aqueles que o viram correr, como também o apresentou a uma nova geração, a da internet.

Não são poucos os jovens que gostam de automobilismo que têm Senna como ídolo. Indo a um kartódromo já é possível perceber isso ? e olha que muitos que estão começando nas corridas hoje nasceram bem depois de 1994. O interesse normalmente cresce a partir das histórias que lhes são contadas pelos pais. Muitos desses têm a certeza de que o filho é o novo Ayrton Senna.

Ainda assim, a comoção dos últimos dias faz essa nova geração ter mais noção da importância de Senna para o esporte mundial.

Enquanto isso, os mais velhos relembram momentos que marcaram sua juventude.

E, claro, a lealdade e a intensidade com que os fãs defendem o ídolo de críticas pontuais continuam intactas.

Ayrton Senna celebra segundo lugar no GP de Mônaco de 1984 (Foto: Getty Images)

Senna estampou páginas de sites e jornais e apareceu na tela de televisões do mundo todo. As abordagens foram as mais diversas: desde a aclamação ao mito até relatos mais objetivos sobre os efeitos que sua morte teve para a F1

A AGÊNCIA WARM UP dividiu seu especial entre o GRANDE PRÊMIO e a REVISTA WARM UP, e a repercussão entre os leitores mostrou bem como se comportam os fãs de Senna.

A RWUp, com diversos depoimentos de gente que viveu de perto aquele GP de San Marino de 1994, entrevistas com pessoas que acompanharam o drama do tricampeão entre o acidente na Tamburello e a trágica morte, lembranças dos feitos marcantes nas pistas e também os ?outros 20 anos? e a história do ?gêmeo desigual? de Senna, Roland Ratzenberger.

O trabalho rendeu um recorde de audiência.

O GP recriou na quinta-feira a cobertura do GP de San Marino dentro dos moldes atuais: com internet e redes sociais. A audiência do site ficou bem acima da média para dias normais ? e olha que era feriado. E a interação foi impressionante nas redes sociais.

Em 1988, Ayrton Senna iniciava na F1 sua quinta temporada (Foto: Getty Images)

Trabalhos realizados por outros veículos também são dignos de nota. O 'Conexão Repórter, de Roberto Cabrini, no SBT, reconstituiu os últimos passos de Senna naquela semana na Itália. A Rede Globo, a TV 'oficial' da F1 no Brasil, exibiu um extenso documentário, embora seguindo um tom mais ufanista. O SporTV resgatou a íntegra de dez grandes corridas de Senna. Na Inglaterra, a Sky Sports fugiu do comum e tratou da morte do tricampeão com uma abordagem bastante original: um documentário que tem como narrador 'O último companheiro', Damon Hill. A BBC Radio produziu uma série de reportagens sobre o início da carreira do brasileiro nas categorias de fórmula e sua vida no interior da Inglaterra.

E devemos falar, naturalmente, da multidão que compareceu a Ímola para um dia de homenagens a Senna e a Ratzenberger. Cerca de 20 mil pessoas, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Estavam lá não só torcedores, mas muitos pilotos, dirigentes e profissionais envolvidos com a F1.

Por outro lado, a 'Semana Senna' serviu para a comunidade do automobilismo pensar em como aquele fim de semana mudou os rumos do esporte com a preocupação finalmente se tornando o tema mais importante das discussões.

Não que não se preocupassem com segurança em 1994, mas ninguém morria em um carro de F1 já há oito anos. Em um GP, há 12. Havia a impressão de que a segurança era segura, mas as mudanças feitas no início de 1994 se mostraram cruéis assim que a categoria chegou ao primeiro circuito mais veloz da temporada, com o acidente de Rubens Barrichello no primeiro treino livre.

Circuitos foram reformados, a célula de sobrevivência foi reforçada, o Hans foi adotado, procedimentos de resgate foram revisados, regulamentos refeitos. Mais ninguém perdeu a vida na F1 desde Ratzenberger e Senna. Nunca o Mundial viveu hiato tão grande sem acidentes fatais ? os únicos grandes dramas foram os acidentes de Felipe Massa em 2009 e de María de Villota em 2012.

Seja pelo mito criado em torno de Senna, seja pelo turning point que aqueles dias de abril e maio representaram pela F1, o GP de San Marino jamais será esquecido.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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