Pneus duros, asfalto novo e traçado desconhecido: Portimão põe F1 a pensar

A classificação do GP de Portugal pode até ter deixado a impressão de mais do mesmo, mas a corrida deste domingo ainda é um mistério. E isso é resultado direto da combinação singular entre traçado novo, asfalto escorregadio e uma intrigante escolha de pneus

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O engenhoso circuito de Portimão proporcionou uma das mais interessantes sessões de classificação dos últimos anos, neste sábado (24). Nem tanto pelo resultado em si, que acabou sendo um pouco mais do mesmo, a não ser pelo toque de genialidade de Lewis Hamilton, mas também pelas dúvidas que tornaram mais difíceis as escolhas durante a formação do grid. Mistérios que só serão solucionados mesmo neste domingo. É bem verdade que a Mercedes foi quem melhor entendeu esse cenário, uma vez que entregou a seus pilotos a decisão quanto à tática para a fase final da sessão, mas, até mesmo ela, tem lá suas preocupações.

E tudo começa com o asfalto português. O piso do circuito de Portimão foi recentemente recapeado e, embora suave, se mostra ainda escorregadio e pouco aderente. Essa é uma situação que leva tempo, mas há a expectativa de que a corrida aconteça em condições melhores. Ainda assim, não ameniza o fato de que os pilotos têm nas mãos os pneus da gama mais dura da Pirelli. Foi uma escolha conservadora, mas também observando o novo chão da pista do Algarve. Só que o comportamento desses compostos se mostrou mais complexo que o normal, e isso só ficou claro na classificação.

Apenas como forma de entender as opções, a fabricante italiana levou a Portimão os seguintes jogos de pneus: C1 (duro e branco), C2 (médio e amarelo) e C3 (macio e vermelho). Normalmente, o macio é o composto escolhido para as voltas mais rápidas – o Q3, especialmente. Mas não foi bem assim, apesar de que muita gente seguiu essa premissa. E a própria Mercedes também. Tudo vem na esteira de uma grande dúvida que pairou sobre as garagens: que pneu usar?

O problema é que o aquecimento da borracha mais dura está levando mais tempo do que o habitual em Portimão. Tanto com o C3 quanto com o C2, com o acréscimo de que os macios têm apresentando pequena degradação. Além disso, essa é uma pista que também possui uma variedade grande de curvas, então os pneus estão sujeitos a demandas de energia laterais e, principalmente, longitudinais, devido às fortes freadas. Quer dizer, traçado desconhecido e desafiador, baixa aderência do asfalto e pneus difíceis acabam sendo os elementos principais da deliciosa confusão que virou a disputa pelas posições no grid.  

Junte-se a isso o fato de que a previsão inicial da Pirelli apontava uma diferença de 0s6 entre os compostos macios e médios não se confirmou. Isso porque Valtteri Bottas obteve o melhor tempo de todo o treino no Q2 e usando os compostos amarelos. Neste momento, o sinal de alerta soou. O finlandês, Hamilton e um ousado Charles Leclerc optaram pelos médios e, em tese, largam com alguma vantagem. Já Max Verstappen, o único a se aproximar com perigo dos carros pretos, preferiu os macios, muito embora tenha se queixado deles.

A festa de Lewis Hamilton após mais uma pole position na Fórmula 1 (Foto: Beto Issa)

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A escolha por táticas diferentes deve tornar a corrida ainda mais intrigante. Afinal, ninguém possui dados concretos de desempenho, uma vez que a simulação de corrida na sexta-feira foi comprometida pelas bandeiras vermelhas. O que dá para prever é que os compostos vermelhos devem proporcionar maior aderência e velocidade para o primeiro stint, que será mais curto, enquanto os pneus médios devem sofrer mais para atingir a temperatura ideal. Em compensação, o trecho inicial da corrida tende a ser mais longo. A Pirelli fala em dois pit-stops.

Ainda, foi justamente essa performance na segunda fase da classificação que acabou determinando a incomum escolha pelos amarelos também no Q3. Os dois homens da Mercedes até começaram a parte decisiva com os macios, mas ficou claro imediatamente que aquele composto não era o melhor. Os alemães perceberam rapidamente e colocaram nas mãos de Hamilton e Bottas a decisão pela opção. Ambos escolheram os amarelos, mas aí a sensibilidade e o talento do inglês falaram mais alto. Notando uma maior dificuldade em aquecer corretamente, o hexacampeão foi para três voltas, diferente do colega de equipe, que apostou em apenas um giro. Resultado: uma pole brilhante com o cronômetro zerado.

Verstappen quase colocou a Red Bull na primeira fila, mas foi superado por Lewis Hamilton nos segundos finais (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

“Portanto, podemos ter uma corrida imprevisível amanhã, em que o gerenciamento dos pneus – da gama mais dura, que foi a escolha certa como a classificação de hoje mostrou – será essencial em um ambiente relativamente frio e de baixa aderência. Como vimos, a pista se tornou mais lenta no fim, e isso pode acontecer de novo”, afirmou Mario Isola, o chefe da Pirelli.

“E com um circuito relativamente desconhecido e com falta da simulação de corrida na sexta-feira, é complicado identificar claramente as lacunas de desempenho entre os pneus, bem como os níveis de desgaste e degradação, o que torna difícil prever as melhores estratégias de corrida”, completou.

Uma vez mais, a Fórmula 1 se prepara para uma corrida no mínimo diferente e que, por enquanto, já lembra o que aconteceu em Mugello, com a adição de que, em Portimão, a estratégia não está tão clara assim.

A largada do GP de Portugal está marcada para 10h10 (de Brasília). Antes, a partir de 9h, o GRANDE PRÊMIO traz a edição pré-corrida do Briefing com a análise do treino classificação e as últimas informações de PortimãoTudo na GPTV, o canal do GP no YouTube.

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