Por que Mercedes acredita que Hamilton teria chance de vitória no GP da Espanha de F1

Diferentemente do resto do grid, Lewis Hamilton optou por largar com os pneus médios na Espanha, mas um toque logo no início acabou por jogar o heptacampeão para o último lugar. Ainda assim, o inglês se recuperou e foi capaz de terminar em quinto. Mas a Mercedes entende que, sem o incidente, Hamilton poderia ter lutado pela vitória. Era possível?

A Mercedes celebrou demais o pódio obtido por George Russell no GP da Espanha. De fato, não foi um resultado aleatório, embora seja razoável considerar o abandono do líder Charles Leclerc. Só que é igualmente verdade dizer que o desempenho do inglês foi genuíno e, ao mesmo tempo, oportunista, uma vez que Russell não se intimidou com os ataques de Max Verstappen durante a primeira parte da corrida. George se aproveitou, sim, do drama vivido pelo campeão, diante de impossibilidade de usar o DRS, mas também foi forte ao defender a posição em um ritmo de corrida dos mais sólidos. Eventualmente, o piloto do carro #63 acabou sucumbindo ao desgaste de pneus e à velocidade da Red Bull de Sergio Pérez, mas a esquadra austríaca precisou mudar a tática com Verstappen para manter George atrás. Isso por si só já torna o cenário interessante, mas é só uma parte da história perto do que fez Lewis Hamilton em Barcelona e que, de certa forma, justifica o entusiasmo de Toto Wolff, quando disse que “provavelmente tivemos o carro de corrida mais rápido de todos“.

É preciso dizer antes que, ao menos no circuito espanhol, o pacotão de atualizações preparado pelos alemães deu muito certo. A Mercedes trabalhou muito na fábrica para entender como neutralizar o crônico porpoising – o principal problema do W13. A solução veio por meio de um novo assoalho em uma combinação com a asa traseira. De cara, foi possível notar uma melhora significativa. Desde os treinos livres, o carro prata perdera os infernais saltos em reta, embora os quiques ainda atormentassem em curvas. Mesmo assim, a equipe foi capaz de encontrar uma altura ideal em relação ao solo, e isso promoveu uma maior eficiência aerodinâmica, dando velocidade. “O carro está se comportando de forma mais normal aqui em Barcelona. Nós progredimos e houve uma redução do salto com esta atualização aerodinâmica, além disso o ritmo parece ser um passo frente”, definiu Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes.

De fato, a classificação de sábado mostrou que os multicampeões estavam em um patamar diferente das últimas corridas. É bem verdade que Russell se colocou à frente de Hamilton – que enfrentou mais dificuldade para encontrar o equilíbrio do carro. Aí chegou o domingo. Os engenheiros optaram por dividir as estratégias entre a dupla de pilotos, pensando especialmente no calorão de Barcelona e na degradação dos pneus. A borracha sofreu no asfalto catalão abrasivo e quente – tanto que a maior parte do grid precisou visitar mais duas vezes o pit-lane. Não era o caso de Hamilton.

Diferentemente de todo o resto do grid, o heptacampeão largou com pneus médios. A ideia era ter um primeiro stint muito longo, para uma corrida de apenas dois pit-stops – a estratégia mais rápida sugerida pela Pirelli. Os demais concorrentes priorizaram as disputas iniciais. Leclerc, por exemplo, guardou um jogo de pneus macios novos como forma de garantir um início de prova mais forte na comparação com Verstappen, que partiu de compostos macios usados. A meta foi cumprida. O ferrarista saltou bem da pole e não deu chances a ninguém.

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Lewis, por outro lado, teve mais problemas na largada, também por causa do pneu médio e da alta carga do carro. Mas o que tirou a chance de uma corrida interessante foi mesmo o toque com Kevin Magnussen logo após o apagar das luzes de partida. O furo no pneu dianteiro esquerdo acabou levando Hamilton aos boxes. Entre o incidente e o retorno à pista, o recordista de vitórias da F1 ainda sugeriu à equipe poupar o motor, mas ouviu que ainda dava para pontuar. O engenheiro Pete Bonnington fez uma previsão de que o carro #44 da Mercedes ainda poderia terminar a corrida na oitava colocação. Foi então que o piloto passou a imprimir um ritmo sério. A distância entre o britânico e o líder Leclerc neste momento inicial era de pouco mais de 54s.

Hamilton se colocou como o homem mais rápido da pista e ocupou esse posto por diferentes momentos ao longo das 66 voltas. O gerenciamento de pneus do inglês foi primoroso, o que o fez chegar à quarta posição – antes do contratempo do vazamento de água –, em uma estratégia forçada de três pit-stops. O inglês obteve a segunda melhor volta da corrida – 1min24s253 – apenas 0s145 atrás de Pérez, que já havia calçado pneus mais novos. E fechou a prova com a melhor média de tempos de volta (1min25s538), além da maior velocidade final.

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Lewis Hamilton e Kevin Magnussen tiveram um toque logo após a largada no GP da Espanha (Foto: Reprodução)

“Como piloto, é sempre difícil quando você está 50s atrás, mas nunca desistimos. E o ritmo de Lewis foi impressionante, ele poderia ter disputado a vitória”, disse o chefe Wolff. “O fim de semana foi melhor do que o esperado porque estou sempre pessimista sobre as coisas. Saímos do pelotão do meio, pelo menos em Barcelona. Estávamos 1s atrás e agora a diferença está em 0s5. Nós desbloqueamos o potencial do carro ajustando o que foi necessário, então o nosso entendimento é que demos um grande passo para frente e, definitivamente, há mais por vir”, completou o dirigente da Mercedes.

É claro que há também uma compreensão de que Leclerc estava muito rápido e que o ritmo da Ferrari no início foi assustador. Além disso, há também o fato de que Verstappen enfrentou problemas com o DRS durante boa parte da corrida, e isso o impediu de impor um desempenho mais sólido. De toda a forma, Toto parece ter razão sobre o passo adiante dado pela Mercedes. Talvez a vitória se tornasse mais circunstancial, mas a performance esteve lá.

“Lewis foi brilhante e superou nossas expectativas para alcançar o quarto lugar, uma pena um vazamento de água forçá-lo a perder posição, para terminar a corrida. Mas o mais animador é a melhora de ritmo que vimos. Foi um trabalho duro entender os problemas e trazer novas peças. Agora podemos ver um caminho para sair disso e voltar a uma posição onde podemos lutar por poles e vitórias”, acrescentou Shovlin.

Fórmula 1 retorna já no próximo fim de semana, entre os dias 27-29 de maio com o GP de Mônaco, nas ruas de Monte Carlo.

Da Warm Up, direto do Circuito Barcelona-Catalunya

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