Prancheta GP: Vitória da Ferrari em Singapura? É possível. Monza revelou segredos

A vitória da Ferrari no GP da Itália não pode ser creditada apenas à velocidade de reta. A equipe italiana acertou ao introduzir a terceira especificação do motor, além de avançar em termos de tração. E aí o talento de Charles Leclerc fez o resto. A análise é do jornalista Paolo Filisetti para o GRANDE PRÊMIO

ASSISTA AO PRANCHETA GP

Normalmente, quando uma corrida acontece apenas uma semana depois de outra, não é plausível esperar desenvolvimento particularmente ‘pesados’ nos carros. No caso específico, as duas etapas em questão foram os GP da Bélgica, em Spa, e o da Itália, em Monza. Apesar de ambos serem incluídos automaticamente na categoria de pistas rápidas, há diferenças que colocam a pista italiana como única no calendário, levando, assim, à adoção de soluções mais extremas no nível aerodinâmico do que o que foi visto na Bélgica. 
 
Também é um dever lembrar que essas peculiaridades, que dão o nome de ‘Templo da Velocidade’ ao circuito da Lombardia, não só tiveram uma influência tangível na determinação das escolhas aerodinâmicas, mas também justificaram a estreia da quarta evolução da unidade de potência usada por Max Verstappen, no caso da Honda, e da introdução da terceira especificação do motor da equipe de Maranello.
A Ferrari foi perseguida pela Mercedes durante todo o GP da Itália (Foto: Beto Issa)

A relevância em termos de desempenho, mesmo com um aumento mínimo de potência, faz valer a escolha das duas fornecedoras em lançar unidades novas na Itália no início da quilometragem para obter o melhor desempenho. Os dois motores tiveram um acréscimo estimado de cerca de 20 cv – e, obviamente, são boatos que circularam nos paddocks de Spa e Monza, já que não possuem a confirmação de nenhuma delas. Para a Ferrari, Monza foi a segunda pista ao lado de Spa-Francorchamps, em todo o calendário do campeonato mundial, ‘feita sob medida’ para a aerodinâmica da SF90. A vitória de Leclerc confirmou essas características, mas as 53 voltas da corrida também destacaram, em particular, quais fatores específicos permitiram ao piloto monegasco vencer novamente uma semana após sua primeira vitória na Fórmula 1

 
Se, como mencionado anteriormente, ficou claro que a eficiência aerodinâmica da SF90 poderia garantir velocidade máxima no final das longas retas, é também verdade que a tração emergiu como o elemento mais importante para o sucesso do monoposto italiano. Na verdade, era uma espécie de capital gasto com grande talento por Leclerc para tentar manter a liderança da prova, defendendo-se dos ataques de Lewis Hamilton ou, melhor dizendo, tornando-os inofensivos. O acerto da SF90, de fato, garantiu aos pneus traseiros, mesmo com o composto mais duro usado por Leclerc após o pit-stop, a aderência adequada para poder colocar a potência do motor desde os primeiros metros saindo das variantes. Assim, um tipo de ‘tesouro’ foi criado em termos de diferença entre Leclerc e Hamilton, que o monegasco gerenciava nas seções em que o oponente poderia ativar a asa móvel, algo que não era possível para ele estando em primeiro lugar (exceto quando chegava atrás dos retardatários). 
 
O aumento de potência quantificado em cerca de 20 cavalos foi explorado ao máximo, sem gerar excessivos giros em falso das rodas, algo que teria desencadeado uma maior degradação dos pneus. A mistura que consiste em alta eficiência e potência aerodinâmica foi, portanto, corroborada por um terceiro elemento, a tração, que até então não parecia um ponto forte da SF90. 
A Mercedes espera encontrar condições melhores em Singapura (Foto: Mercedes)

Singapura é uma pista difícil no papel, mas diante do que aconteceu em Monza, pode haver surpresas positivas. Se o campeonato mundial caminha firme para as mãos de Hamilton, uma coisa é certa: a Ferrari não pretende, daqui até o fim da temporada, ficar satisfeita com as duas vitórias obtidas e vai lançar na pista de Marina Bay um amplo pacote, específico para faixas de alto downforce. 

 
Quanto à Mercedes, apesar da configuração de baixa carga adotada – que, para dizer a verdade, era semelhante à de Spa, com diferenças mínimas detectáveis –, parecia evidente que a complexidade dos elementos destinados a gerenciar o fluxo na parte frontal dos lados, ou seja, os bargeboards e os defletores, representam o fator mais tangível do mais alto arrasto produzido pelo W10 em comparação com a SF90. A natureza diferente dos dois carros, embora com toques relacionados às características específicas da pista, constituiu um diferencial de desempenho entre eles, em favor dos italianos. 
 
Um outro elemento não negligenciável, no entanto, dizia respeito à evolução da fase 3 do motor introduzida na Bélgica. Embora, de fato, tenha sido creditado com um aumento de potência comparável ao do motor Ferrari e uma eficiência termodinâmica aprimorada, o desempenho não pareceu um salto óbvio em relação à fase 2. A impressão dada, sobretudo em Monza, era de que o motor ainda não está no mesmo nível da unidade de potência da Ferrari.

TODAS AS MUDANÇAS EM DETALHES:

A configuração aerodinâmica da SF90 para Monza foi caracterizada na frente por uma asa equipada com o último ‘flap’ com corda reduzida e incidência quase nula na correspondência das peças laterais. Na parte traseira, a tampa do motor não tinha asa em T (seta vermelha), enquanto o perfil da asa parecia mais alto do que em Spa, e a incidência do ‘flap’ foi reduzida ainda mais (Ilustração: Paolo Filisetti)

O difusor era o mesmo da versão introduzida na Bélgica, que produz menos carga em favor de maior eficiência. As placas laterais foram as apresentadas na França, sem as franjas traseiras inferiores. Em pistas mais sinuosas, sua versão padrão pode retornar (Ilustração: Paolo Filisetti)

Não havia novidades nessa área, mas a complexidade dessa parte do W10 é evidente no design, pois implica um nível de arrasto definitivamente mais alto do que o produzido pela Ferrari. A esse respeito, destaca-se a natureza totalmente diferente dos dois projetos, que só poderiam ser parcialmente modificados para adaptá-lo às características únicas de Monza (Ilustração: Paolo Filisetti)

É interessante notar que, apesar das longas retas de Monza permitirem um resfriamento eficaz dos freios, a Mercedes manteve a versão dos tambores de freio introduzidos na Áustria, caracterizada por um soquete de resfriamento adicional abaixo do principal. Nesta versão, notamos a ausência simultânea da grade de dissipação de calor na parte superior do tambor, presente na versão anterior à corrida no Red Bull Ring (Ilustração: Paolo Filisetti)

O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e em TEMPO REAL toda a movimentação do GP de Singapura, a 15ª etapa da temporada 2019 da Fórmula 1.
 

Paddockast #33
10 ANOS DE SECA BRASILEIRA NA F1

Ouça: Spotify | iTunes | Android | playerFM

 
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.