Presidente da Sauber pede demissão e diz: “Não quero ser associado à gestão de Vasseur”

Um fato ocorrido há cerca de um mês só se tornou público nesta semana. Pascal Picci, empresário e executivo que respondia como presidente da Sauber, pediu demissão depois de divergências com Frédéric Vasseur, chefe da Alfa Romeo, sobretudo quanto à escolha dos pilotos para a equipe

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Pascal Picci, figura central da Sauber nos últimos anos como presidente da companhia, pediu demissão. O executivo ítalo-suíço de 63 anos estava na função desde 2016, depois que a empresa foi vendida para o fundo de investimentos Longbow Finance. Picci trabalhou junto ao consórcio Islero Investments, empresa que controla a Sauber em nome da Longbow. A Islero, por sua vez, é controlada pelo bilionário sueco Finn Rausing, que é também coproprietário da empresa multinacional de embalagens Tetra Pak, fundada pelo avô. Mas a trajetória de Pascal à frente da Sauber se encerrou após divergências com Frédéric Vasseur, chefe da Alfa Romeo, em razão da escolha dos pilotos para a próxima temporada.

A revelação foi feita pelo próprio Picci em entrevista à versão italiana do site Motorsport. A decisão do executivo foi tomada dias antes do GP do México, em novembro, mas só veio à tona mesmo quase um mês depois.

“Não quero ser associado à gestão de Fred Vasseur no futuro”, declarou Picci ao falar sobre as discordâncias que travou com o chefe de equipe da Alfa Romeo, nome da equipe que representa a Sauber na F1 desde 2019.

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Frédéric Vasseur foi o estopim que provocou a saída de Pascal Picci da Sauber (Foto: Alfa Romeo)

O empresário preferiu não entrar em detalhes sobre qual foi, de fato, a decisão de Vasseur sobre os pilotos que o desagradou. Valtteri Bottas e Guanyu Zhou foram contratados para a temporada 2022, enquanto Kimi Räikkönen vai se aposentar e Antonio Giovinazzi, que perdeu sua vaga para o novato chinês, vai se transferir para a Fórmula E como piloto da Dragon.

De acordo com a reportagem, um dos pontos de desagrado para Picci é o distanciamento da união histórica entre Sauber e Ferrari, em projeto traçado em conjunto pelo antigo presidente da marca italiana, Sergio Marchionne, que morreu em 2018. A saída de Giovinazzi, membro da Academia da Ferrari, representa parte do fim deste elo, embora a Alfa Romeo siga sendo cliente da escuderia de Maranello para o fornecimento de motores.

“A forma como os pilotos foram escolhidos foi um dos pontos de rompimento entre mim e a atual gestão. Lamento que Antonio não esteja mais aqui e estou feliz que Zhou chegue. Conheço o jovem chinês e também sua família desde quando queríamos levá-lo para a Academia da Sauber, bem como avaliar as oportunidades comerciais que ele pode abrir”, disse.

Bottas, ao longo de toda a sua carreira, jamais teve qualquer ligação com a Ferrari. O piloto sempre foi ligado a Toto Wolff, atual chefe e diretor-esportivo da Mercedes. Zhou, em contrapartida, foi membro da Academia da Ferrari antes de se unir ao projeto de desenvolvimento de jovens pilotos da Renault, hoje Alpine.

Por outro lado, Picci revelou também por que a venda da Sauber foi seriamente considerada. A negociação entre a empresa sediada em Hinwil e Michael Andretti foi encerrada nos minutos finais em razão da discordância sobre o controle da companhia, algo que Finn Rausing decidiu não abrir mão.

“O que aconteceu no GP da Bélgica ainda é uma ferida aberta. Ter feito uma não-corrida de três voltas atrás do safety-car permitiu à Williams somar pontos que tiraram qualquer chance de recuperar nossa posição nos Construtores. Spa foi um divisor de águas importante para nós: foi uma das principais razões pelas quais decidimos desistir da F1 e vender”, explicou.

Naquela oportunidade, a Williams somou 9 pontos com George Russell, segundo colocado do não-GP da Bélgica, e mais 1 com Nicholas Latifi, nono. Com os 10 tentos que a equipe britânica já havia somado no GP da Hungria, a missão da Alfa Romeo para terminar em oitavo no Mundial de Construtores ficou muito difícil, mesmo com os 4 pontos alcançados por Kimi Räikkönen graças ao 8º lugar no GP da Cidade do México. O placar aponta, com duas corridas para o fim da temporada 2021, 23 pontos para a Williams contra 11 da Alfa Romeo.

Perguntado sobre a posição de Rausing a respeito, Picci deixou claro que decidiu sair por sentir que é voto vencido nas decisões da Sauber para a Alfa Romeo na Fórmula 1.

“Ele [Finn Rausing] é livre para fazer as escolhas, representa os acionistas e é uma pessoa confiável que coloca toda sua paixão e energia em cima disso. Fui colocado em minoria e tirei minhas conclusões. Finn parece tão confiável para mim quanto as outras pessoas que representam a equipe. Sem hesitar, desejo sinceramente o melhor possível a toda a equipe”, salientou o agora ex-presidente da Sauber.

“Estou muito tranquilo quanto ao futuro da equipe porque os donos são pessoas entusiastas e muito apaixonadas, cuja prioridade número 1 é a proteção dos quadros que a integram. Minha demissão, portanto, não deve, de forma alguma, se tornar um motivo de preocupação para os funcionários da Sauber, tenho certeza”, concluiu.

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