Retrospectiva 2019: Mesmo com vitórias, ano da Ferrari fica marcado por trapalhadas

A Ferrari até terminou o ano melhor do que começou, mas isso não chega a deixar o pessoal sorridente em Maranello. 2019 foi um novo ano de chances desperdiçadas, seja pelo SF90 inconstante, seja pelos pilotos autodestrutivos

RETROSPECTIVA F1 2019
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A pré-temporada da Fórmula 1 se encerrou com uma impressão clara. A Ferrari tinha acertado a mão no carro e, mesmo tendo a Mercedes como rival próxima, iria para a Austrália como leve favorita aos títulos. Não poderia ser uma previsão mais equivocada: mesmo que os italianos tenham feito um bom trabalho no desenvolvimento do problemático SF90, 2019 será lembrado em Maranello como um ano de muitas trapalhadas e poucos acertos.
 
A parte das trapalhadas fica até difícil de ser explicada, tamanha a diversidade de erros cometidos pelos ferraristas. Teve corrida comprometida por pit-stop ruim, teve estratégia que virou tiro na água, teve problema mecânico na pior hora possível e teve também dificuldade em gerenciar dois pilotos que brigavam para ver quem é o alfa.
Mattia Binotto, o chefe da Ferrari, não teve um minuto de sossego em 2019 (Foto: Reprodução)
Desse jeito, não demorou para ver que o ano estava fadado ao fracasso. O GP da Austrália de atuação esquecível foi seguido por um GP do Bahrein promissor. Sebastian Vettel e Charles tinha ritmo forte, mas não conseguiram trazer a vitória – o alemão rodou sozinho e ficou para trás, isso enquanto o motor do monegasco cedeu quando menos podia. Era uma nova vitória de Lewis Hamilton, que se firmava como favorito conforme Valtteri Bottas começava a ruir.
 
Uma nova chance de vitória só viria para valer no Canadá, através de Vettel. O alemão fez pole e liderou a maior parte da prova, mas foi traído por uma punição que até hoje causa polêmica – Seb cortou uma chicane e voltou de forma considerada perigosa ao traçado. Mas não era só o tetracampeão que sentava no pavê: Leclerc, dois GPs depois, teve a chance de vencer na Áustria zerada por uma ultrapassagem ousada de Max Verstappen na penúltima volta. 
 
Dessa forma, a primeira metade da temporada se encerrou sem um único triunfo da Ferrari, algo inimaginável no começo do ano.
Sebastian Vettel perdeu uma chance grande de vencer (Foto: AFP)
Só que talvez essas pipocadas não tenham sido o mais feio. Chato mesmo foi como a Ferrari esteve inofensiva nas outras provas do ano, quando levou pau até mesmo da Red Bull. A dificuldade de até mesmo ir ao pódio deixava claro que o SF90 era inconstante demais para permitir luta por título.
 
As férias de agosto se encerraram com corridas que favoreciam a Ferrari. O motor mais potente do grid fez a diferença e rendeu vitórias na Bélgica e na Itália, ambas com Leclerc, apesar da dura pressão da Mercedes. Singapura veio e, apesar de previsões pessimistas, o carro rosso voltou a conseguir pole e vitória – só que agora com Vettel, e até com certa tranquilidade.
 
Acontece que, mesmo na vitória, ficava claro porque o ano da Ferrari não tinha como dar certo. Leclerc se sentiu injustiçado pela estratégia adotada e deixou clara sua insatisfação. A dupla seguiria se bicando em Sóchi, quando Vettel ensaiou não obedecer uma ordem de equipe. Na prova russa, a indecisão foi um fator que ajudou a Mercedes a vencer, reencontrando o caminho das vitórias que logo confirmaria o título de Hamilton.
A Ferrari celebra vitória em Monza (Foto: Beto Issa)
A Ferrari sofreu também nos bastidores, sendo forçada pela FIA a reverter uma atualização no fluxômetro de combustível, que, aos olhos da Red Bull, dava uma vantagem em retas. Seja isso verdade ou não, fato é que a reversão da novidade pegou a equipe italiana no contrapé.
 
O SF90 não voltaria a vencer no ano, só que seria errado dizer que foi tudo culpa do carro. Os pilotos não colaboraram, vide a desnecessária disputa por posição no GP do Brasil, quando um toque forçou abandono tanto de Vettel quanto de Leclerc.
 
Para 2020, o cenário é claro. A Ferrari não será campeã se seguir se atrapalhando sozinha. É verdade que a pressão da F1 costuma ser alta, ainda mais contra rivais duras como Mercedes e Red Bull. Acontece que, das três gigantes da atualidade, a equipe italiana é de longe a que pior sabe lidar com problemas. Estes se arrastam sem solução, fazendo a equipe encerrar a década sem título. E já fica o aviso: os anos 2020 não serão magicamente melhores sem uma reavaliação interna. 
 

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