Retrospectiva 2020: Alfa Romeo tem ano sofrível e é vítima do fraco motor da Ferrari

A Alfa Romeo despencou para o fim do grid com um motor Ferrari deficiente e pouco fez ao longo da temporada. O único lado positivo de 2020 foi superar Haas e Williams no fundão

Pode não parecer, mas a Alfa Romeo já foi uma equipe muito promissora no passado recente. Em 2018, superou expectativas com Charles Leclerc e um desenvolvimento impressionante. Em 2019, chegou a pontuar com frequência com Kimi Räikkönen. Só que aí chegou 2020 e o trem saiu dos trilhos: muito por conta de um motor Ferrari decepcionante, a temporada da escuderia alvirrubra foi para lá de decepcionante.

Os problemas da Alfa Romeo já estavam dando as caras no fim de 2019, verdade seja dita, mas ganharam dimensão inesperada em 2020. A equipe só pontuou em um dos últimos seis GPs do ano, mas ainda estava no pelotão médio. 12 meses se passaram e está claro que Räikkönen e Giovinazzi estão presos no fim do grid.

Curiosamente, os problemas de 2020 não são os mesmos de 2019. Um ano atrás, o ótimo motor Ferrari compensava um desenvolvimento que não deu muito certo no C38. Fast-forward de 12 meses e vemos uma equipe que desenvolveu bem o bólido, mas não chegou a lugar nenhum com uma unidade de potência problemática, para dizer o mínimo.

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Kimi Räikkönen enfrentou limitações, mas conseguiu se destacar um pouco (Foto: Alfa Romeo)

Caso essa tal evolução do carro não esteja clara, vejamos os resultados do ano: a Alfa Romeo pontuou no GP da Áustria, aquele de 11 carros vendo a bandeira quadriculada, e aí passou sete GPs zerada. O trabalho na fábrica eventualmente surtiu efeito e, nos cinco GPs entre Mugello e Ímola, três deles tiveram Räikkönen ou Giovinazzi nos pontos. Não adiantou muito em termos de evolução no Mundial de Construtores – a AlphaTauri terminou com 99 pontos de vantagem –, mas mostrou que a esquadra suíça tinha competência.

A verdade é que a Alfa Romeo tinha um campeonato particular com a Haas, não com o resto do grid. Essas duas equipes desabaram com o motor péssimo da Ferrari e precisavam fazer do limão uma limonada em 2020. O pessoal de Hinwil fez trabalho digno e se portou como a melhor cliente de Maranello. Não parece grande coisa, até porque não é, mas basta para mostrar que nem tudo está perdido.

Parte desse lado minimamente positivo de 2020 se deve aos pilotos, incrivelmente. A dupla Räikkönen-Giovinazzi não é nem um pouco badalada, mas deu para o gasto e terminou o ano em alta, tanto que é mantida para 2021. Kimi começou como carta marcada para a aposentadoria, mas passou a entregar apresentações progressivamente mais fortes e segue em 2021; Antonio se tornou menos errático e soube aproveitar oportunidades que em 2019 acabavam desperdiçadas. Para uma escuderia que luta para não ser a lanterna, os dois trouxeram atributos cruciais.

Antonio Giovinazzi deu calor em Kimi Räikkönen (Foto: Alfa Romeo)

É discutível se foi bom negócio abrir mão do talento de Mick Schumacher para seguir com Räikkönen e Giovinazzi, mas os motivos são claros e compreensíveis. Além disso, manter a mesma dupla e seguir com uma base sólida promete ser uma vantagem em 2021. Isso, entretanto, só vai se concretizar em caso de algumas expectativas virarem realidade: se Kimi não decair com a idade, se Antonio voltar a viver uma fase ruim…

Se por um lado a Alfa Romeo mantém o que deu certo em 2020, é verdade também que infelizmente terá de seguir com o que deu errado também. O motor ainda será o Ferrari, que é de longe o pior do grid atual, mesmo com atualizações nos meses finais. É possível que o martírio dos alvirrubros no fim do grid ainda leve mais algum tempo até se encerrar.

O que quer que 2021 reserve, é importante lembrar 2020 do jeito que ele realmente foi: a história de uma equipe competente, que fez sua parte, que teve pilotos que fizeram trabalho bastante honesto, mas que foi pega com as calças na mão pelos problemas da Ferrari. Paciência.

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