Pérez luta por vice, mas, acima de tudo, para manter emprego. Ainda não é suficiente

Em uma temporada marcada por resultados ruins com um dos carros mais dominantes da história, Sergio Pérez precisa de mais que um segundo lugar entre os pilotos para mostrar que é merecedor de uma vaga na Red Bull

“Quando você não está totalmente confiante com o carro as coisas são mais complicadas”. A frase dita por Sergio Pérez pouco antes do GP da Hungria revela bem o período complicado que o mexicano enfrenta na temporada 2023 da Fórmula 1. Enquanto a Red Bull tem dominado com performances praticamente perfeitas de Max Verstappen, ‘Checo’ sofre para entregar resultados convincentes com o que pode vir a ser o melhor equipamento que o esporte já viu em todos os tempos. 

Se alguém que não acompanha a Fórmula 1 olhar a tabela de classificação e ver Pérez na vice-liderança do campeonato certamente vai pensar que os resultados são, ao menos, razoáveis. No entanto, analisando por esse prisma, é possível dizer que os números estão omitindo uma verdade que só pode ser encontrada quando se faz uma avaliação mais aprofundada da situação.

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Apesar de ser o segundo no campeonato, performance de Pérez não tem convencido em 2023 (Foto: Red Bull Content Pool)

Em análise rasa, estar na segunda posição de um campeonato de F1 com duas vitórias e duas pole-positions, de fato, não é algo de se jogar fora. Por outro lado, quando se entende que a Red Bull tem o que pode ser o carro mais dominante da história do esporte, que tem capacidade de vencer todas as corridas do ano, a situação começa a ficar ruim para o #11.

O cenário de ‘Checo’ é delicado não pelo fato de ele estar tomando um baile de Verstappen, que já venceu dez vezes em 2023 e sustenta uma vantagem de 125 pontos na liderança. Na verdade, a Red Bull nunca esperou que Pérez fizesse frente ao holandês. Porém, existia a expectativa de que ele entregasse o mínimo para a equipe. E esse mínimo é muito mais do que simplesmente ser o segundo colocado no Mundial.

Pérez começou a temporada competitivo e venceu duas das quatro primeiras corridas do ano, com destaque para atuação maiúscula durante todo o fim de semana de sprint no Azerbaijão. Contudo, após ser superado por Verstappen nas voltas finais do GP de Miami, o #11 nunca mais foi o mesmo e começou a dar sinais de fraqueza. O primeiro aconteceu durante a classificação do GP de Mônaco, em que bateu ainda no Q1 e precisou largar do fundo do grid.

O acidente, que como o próprio piloto da Red Bull disse, fez perder a confiança no RB19 e entrar para a história da equipe de forma negativa. Depois de ficar de fora do Q3 por cinco GPs seguidos (entre Mônaco e Silverstone), Pérez carrega o fardo de ser o pior classificador taurino em 17 anos de escuderia. As voltas lançadas, de fato, nunca foram o ponto forte de Pérez, que durante sua carreira na F1 se destacou por fazer boas corridas de recuperação. Mas nem isso tem conseguido entregar com frequência em 2023.

Sergio Pérez chegou a bater nos minutos iniciais do TL1 na Hungria (Foto: Reprodução/F1 TV)

Quando se classificou mal nos GPs da Espanha, Canadá e Inglaterra, pistas com bons pontos de ultrapassagem, o mexicano até escalou o pelotão, mas não foi além de um quarto lugar — resultado fraco para um dos projetos mais bem sucedidos de Adrian Newey. A fase ruim chegou a colocar a vice-liderança em xeque depois de Fernando Alonso reduzir a diferença para apenas 9 pontos após a corrida em Montreal.

A disputa pelo segundo lugar ficou mais tranquila depois de voltar a performar bem nos GPs da Hungria e da Bélgica e de ver a Aston Martin perder rendimento ao longo da temporada. A permanência na Red Bull, no entanto, pode ser uma incógnita, visto que por muito menos pilotos como Alexander Albon e Pierre Gasly perderam o assento.

Vale lembrar que, nas respectivas passagens pela equipe dos energéticos, Gasly e Albon se colocavam com frequência no top-6 quando a Mercedes era soberana e a Ferrari brigava em pé de igualdade com a Red Bull como segunda força. Hoje, os taurinos estão em uma liga própria e qualquer resultado que não seja o segundo lugar pode ser considerado abaixo do esperado. Contudo, por que os austríacos ainda não demitiram Sergio?

Bem, o período de domínio pode ser uma das justificativas. Hoje, o RB19 é tão superior que Verstappen, sozinho, seria capaz de conquistar o Mundial de Construtores. São 314 pontos do bicampeão contra 247 da Mercedes, vice-líder. Além disso, a equipe não quer se desfazer do robusto dinheiro das companhias de Carlos Slim, patrocinador de longa data de Pérez e magnata das telecomuniações.

Somado a isso existe a falta de opções no mercado. Há alguns anos a academia de jovens pilotos não revela um grande nome, e, embora tenha seis integrantes na Fórmula 2, nenhum deles está apto a subir para a F1 no momento. A fase do programa é tão ruim que segundo o chefe da equipe, Christian Horner, a gama de pilotos à disposição da equipe será reduzida em 2024. Uma opção seria buscar alguém de fora, mas nomes conceituados como Lando Norris e Charles Leclerc, por exemplo, têm contrato amarrado com suas respectivas escuderias.

Por isso, é possível dizer que o cenário atual força os taurinos a seguirem com Pérez por mais algum tempo. No entanto, não dá pra dizer que não tem um substituto sendo preparado para uma eventual troca em um futuro não muito distante. Do contrário, qual seria o sentido de Daniel Ricciardo substituir Nyck de Vries na AlphaTauri? Fosse apenas um ‘tapa-buraco’ seria melhor dar a oportunidade a Liam Lawson, piloto que faz parte da academia e reserva direto da escuderia de Faenza.

Daniel Ricciardo pode voltar à Red Bull em breve? (Foto: AlphaTauri)

Embora tenha passado por uma fase difícil na Fórmula 1 com a McLaren, Ricciardo é um piloto bom que sabe trabalhar junto aos austríacos e conquistou bons resultados com eles entre 2014 e 2018. Prova disso foi o bom desempenho nos testes com os pneus Pirelli, em Silverstone, que lhe garantiram a volta ao grid.

“As voltas dele [no teste de pneus em Silverstone] foram competitivas com os três jogos de pneus. Se Ricciardo não tivesse velocidade, teríamos considerado outra opção”, afirmou Helmut Marko, consultor do time.

Por isso, Pérez precisa ligar o sinal de alerta. Caso Daniel desencante e volte a mostrar na AlphaTauri os bons tempos que teve quando passou pela Red Bull, se manter ‘apenas’ na segunda colocação no Mundial de Pilotos não vai ser o suficiente para o mexicano sustentar a vaga por muito tempo.

Fórmula 1 entra nas tradicionais férias de verão na Europa e retorna de 25 a 27 de agosto em Zandvoort, na Holanda, para a disputa da 13ª etapa da temporada 2023. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO e em TEMPO REAL. Aos sábados e domingos, há ainda a transmissão em segunda tela, no canal 1 do GP no YouTube, em parceria com a Voz do Esporte.

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