Sexta-feira de treinos livres apresenta F1 parelha no México e já ensaia surpresas

O dia de treinos livres do GP da Cidade do México mostrou uma Fórmula 1 inesperadamente equilibrada. Max Verstappen ainda liderou a sexta-feira, mas por uma margem bem menor e mais diversa. A classificação, portanto, tende a ser imprevisível, enquanto a corrida parece querer uma revanche da prova da semana passada

Incrível como a reta final da temporada 2023 da Fórmula 1 finalmente entrega algum desafio à Red Bull. E mais uma vez, a sexta-feira (27) de treinos livres terminou com a sensação de que a briga tende a ser mais aberta e menos previsível. Isso se deve em grande parte à natureza peculiar do lendário circuito Hermanos Rodríguez, mas também ao salto técnico — ainda que tardio — das principais oponentes dos taurinos, sem contar a altitude e as condições adversas do clima na Cidade do México. Max Verstappen, é verdade, liderou o dia, só que com uma diferença bem menos assustadora. Indo além, nem mesmo o tricampeão aparece solitário no topo quando o assunto é ritmo de corrida. Então, a etapa mexicana já reserva um pouco mais da diversão que começou na semana passada, nos EUA.

Verstappen comandou ambas as atividades. Na primeira sessão, foi o mais rápido, mas viu Alexander Albon na segunda posição, apenas 0s095 atrás. Já à tarde, quando as equipes fortalecem a preparação para a classificação e a corrida, Max também cravou o melhor tempo, só que Lando Norris foi capaz de colocar a McLaren logo na sequência, 0s119 mais lenta. E mais: chamou muito a atenção o fato de que 16 carros ficaram no mesmo segundo no TL2 mexicano — algo realmente raro em uma temporada de domínio e marcada por uma extrema oscilação do resto do grid. Quer dizer, diante da performance geral, já é possível imaginar uma batalha mais apertada em todas as fases da decisão das posições do grid.

O caso também é que o traçado do autódromo da capital do México está a mais de 2 mil metros de altitude, o que provoca um efeito importante no desempenho dos carros, já que o ar rarefeito reduz o arrasto e a carga aerodinâmica. Tudo isso combinado causa um desgaste maior dos pneus — o asfalto, ainda pouco emborrachado, demanda mais trabalho.

Neste ano, especificamente, a Pirelli ainda decidiu por uma gama mais macia que a do ano passado, como uma tentativa de ampliar as possibilidades de estratégia. Portanto, todo mundo testou os três tipos de compostos disponíveis — C3 (duro), C4 (médio) e o C5 (macio) —, além do pneu experimental dos italianos. Aliás, o uso desses últimos também ajudou a mascarar o ritmo geral do pelotão, o que apenas joga um tempero a mais neste início confuso de fim de semana.

Max Verstappen liderou os treinos livres da sexta-feira e é favorito à pole (Foto: Red Bull Content Pool)

“Foi uma sexta-feira agitada aqui, pois trabalhar com os protótipos de pneus sempre confunde as coisas”, confirmou Carlos Sainz, apenas o 11º na tabela. O espanhol enfrentou problemas hidráulicos e ficou longe do desempenho do companheiro ferrarista.

Diante disso, as equipes mesclaram o trabalho entre classificação e ritmo de corrida. O campeão de 2023 não precisou de muito para se colocar forte na disputa da volta única, fazendo bom uso da costumeira melhor performance do conjunto da Honda na altitude. Max é favorito à pole, mas não está só. O dia de treinos mostrou que a briga pela posição de honra será acirrada, tanto quanto na semana passada, em Austin.

Norris ficou pouco atrás, também sem esforço, enquanto a Ferrari de Charles Leclerc acompanhou de novo o desempenho, confirmando o ponto forte da SF-23. Valtteri Bottas ainda fez graça com a Alfa Romeo em quarto, seguido por Sergio Pérez, que tentou seguir o colega de equipe. O mexicano tenta driblar a pressão de correr em casa e ainda lidar com as cobranças da Red Bull. Dito isso, a sexta-feira foi das mais complicadas.

É destaque também a AlphaTauri, com Daniel Ricciardo — a equipe caçula da Red Bull também tira proveito do motor Honda na Cidade do México. O australiano, portanto, já sonha com o Q3. Yuki Tsunoda não teve a mesma sorte. A esquadra decidiu trocar o motor do carro do japonês, que agora terá de largar do pit-lane.

A surpresa aqui é a Mercedes. Lewis Hamilton e George Russell enfrentaram mais dificuldade em performance de classificação. O pneu macio parece um pouco mais intrigante. Tanto que o heptacampeão terminou o dia, afirmando que “sentiu o carro bem diferente dos EUA”. De fato, os engenheiros terão no que pensar até a classificação deste sábado. “A pista tem seus desafios, mas costumamos andar bem. Ainda não estamos onde queremos para amanhã, mas vamos trabalhar durante a noite para melhorar e fazer as mudanças necessárias”, ratificou o dono do carro #44.

Lewis Hamilton (Foto: Mercedes)
Mercedes sofreu com o W14 durante os treinos livres no México (Foto: Mercedes)

Mas se o ritmo do sábado parece complicado, o mesmo não se pode falar do domingo. Ainda que tenha de resolver algumas questões em termos de acerto e refinar a carga aerodinâmica, a Mercedes é uma ameaça — até maior do que o resultado desta sexta leva a crer. Hamilton conduziu uma simulação de corrida bastante interessante — em um determinado momento, cravou médias melhores que as de Verstappen, inclusive. A equipe alemã está na briga porque o ritmo de corrida é muito consistente. Dá para dizer que a performance é muito semelhante neste recorte de sessão.

Pelos lados da Red Bull, o holandês também foi capaz de imprimir um desempenho sólido, tendo a companhia inesperada de Pérez. Ambos apresentaram também rendimento parecido. “Ainda podemos melhorar algumas coisas, mas foi um começo positivo para o fim de semana. Melhor do que a gente esperava, na verdade, o que nunca é ruim”, afirmou Max.

“A pista está muito escorregadia, como sempre é aqui no México, e acaba ficando difícil de gerenciar os pneus nas simulações de corrida, então ainda temos de trabalhar em certos aspectos”, reconheceu o piloto #1. “Durante a classificação, em ritmo de volta lançada, vai ficar muito apertado, mas o ritmo de corrida é uma história diferente.”

A tendência é ver, de fato, uma Red Bull ainda melhor no domingo, assim como a Mercedes. Enquanto isso, a McLaren busca se enfiar nessa disputa e tem condição para tal. Norris foi muito veloz em classificação e, ainda que falte um detalhe ou outro, a equipe laranja tem suas cartas na manga. Em termos de ritmo, o MCL60 é o terceiro da ordem de forças, com um déficit de pouco mais de 0s2. A Ferrari aparece em quarto novamente, assim como foi em Austin, mas aqui acima dos 0s3.

Lando Norris (Foto: McLaren)
Lando Norris foi o segundo mais rápido e é candidato à pole (Foto: McLaren)

“Foi um primeiro dia produtivo na Cidade do México. Não tivemos problema algum nas duas sessões, o que significa que pudemos trabalhar no acerto do carro, nos pneus, na refrigeração. Nossa performance é promissora”, confirmou Andrea Stella, chefe da McLaren.

Em corrida, lidar com o desgaste de pneus e os efeitos da altitude será crucial, por isso a etapa mexicana tende a repetir o jogo de estratégias do GP dos EUA, mas antes é preciso uma boa posição de largada. E nada está definido.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Cidade do México de Fórmula 1. No sábado, o terceiro treino livre está marcado para as 14h30 (de Brasília, GMT-3), com a classificação às 18h. Já no domingo, a corrida larga às 17h. O GRANDE PRÊMIO ainda exibe classificação e a corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporteatravés da GPTV — o início das transmissões se dá 15 minutos antes das atividades.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.