Vettel supera expectativas da Ferrari e encerra primeira parte da temporada com duas vitórias e até pensando em título

Sebastian Vettel parou no verão e é difícil imaginar que o momento seria tão favorável. A Ferrari saiu de uma bagunça em transição para o maior desafio da Mercedes, e Vettel mostrou porquê é um grande piloto, com o equilíbrio entre a evolução de um carro e a forma de guiar na pista

Ultrapassagem de Webber em Alonso é melhor dos últimos anos 

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Era outubro de 2014 quando Sebastian Vettel de repente estava fora da Red Bull. Um comunicado saiu meio que de lugar algum na surdina da manhã japonesa, e nele a equipe que deu quatro títulos mundiais a Vettel informava que ele seria liberado de seu contrato ao fim da temporada e que Daniil Kvyat o substituiria.

Ficou claro muito cedo qual era o desenrolar natural das coisas. O desgaste de Fernando Alonso com Luca di Montezemolo virou desgaste de Alonso com a Ferrari como um todo, exposto após a saída do presidente por mais de duas décadas. O espanhol não ficaria, e a Ferrari não privaria Maranello e os tifosi de um dos pilotos de ponta. E Kimi Räikkönen fazia uma temporada ruim o suficiente para garantir que não fosse ele.

Lewis Hamilton ou Vettel? Nenhum, ora, ambos muito bem estabelecidos. Opa, Sebastian está livre, então deve ser ele. Era ele. Outro alemão, campeão, participando de um momento de reconstrução da Ferrari. Qualquer semelhança não é mera coincidência, sabe-se.
 
Se nos cargos de direção, o time italiano mudava quase todo mundo – e mantinha apenas o diretor de engenharia, James Allison -, especialmente presidente e chefe – antes Montezemolo e Stefano Domenicali, depois Sergio Marchionne e Maurizio Arrivabene -, nas pistas Vettel iria se juntar ao amigo Räikkönen num lugar onde esteve o amigo, mentor e ídolo, Michael Schumacher, a partir de 1996.
Vettel faz selfie com funcionários da Ferrari (Foto: Divulgação/Twitter)

Rapidamente, as imagens de Vettel eram de total simpatia recíproca com quem quer que fosse em Maranello. Confortável estava, sorridente, feliz, era o tipo de coisa que se ouvia antes do começo da temporada por quem convivia com Vettel. Durante 2014, notoriamente, a felicidade não estava ali, com um carro da Red Bull que nunca casou bem com ele e o fez comer a poeira deixada por Daniel Ricciardo.

Um ano de ajuste da Ferrari era o mais normal, mas tão logo os carros começaram a acelerar na Espanha para a pré-temporada, estava evidente que seria um 2015 muito mais divertido para os tifosi do que a lógica teimava em dizer. 
 
A unidade de força muito melhor que no ano anterior, somada a um chassi de primeira linha e um Vettel daqueles. Na Austrália, Sebastian ficou em terceiro, mas bem longe das Mercedes. E brincou com Rosberg na coletiva após a corrida que ninguém conseguiria sequer chegar perto das Flechas Prateadas. O compatriota embarcou na brincadeira e chamou Seb para participar do briefing dos pilotos com os engenheiros na Malásia. Teve inclusive convite oficial envolvido na galhofa divertida da F1 cheia dos carrancos.
 
Obviamente, Vettel não apareceu de verdade – mas talvez Rosberg era quem devesse ter ido ao briefing da Ferrari e levado o rival, companheiro e ex-amigo Lewis Hamilton consigo. Talvez assim aprendessem alguns truques sobre como fazer os pneus atuarem no carro alemão quando a temperatura é de calor forte. Ou talvez seja simplesmente uma simbiose entre pneu e carro italianos. Fato é que, já na segunda prova do ano, Vettel bateu todo mundo sob o escaldante sol malaio e venceu a primeira pela Ferrari.
Toda a festa ferrarista em Sepang (Foto: Getty Images)
E Vettel chorou. O primeiro alemão a vencer na Ferrari após Schumacher, que não estava lá por razões óbvias, mas não escapou da lembrança do piloto renascido que gritava loucamente pelos tifosi num italiano recém-aprendido.
 
Não era novidade que Sebastian não conseguiria competir de igual para com as Mercedes em todos os finais de semana, mas a chave foi permanecer perto. Mais um terceiro lugar na China, antes de um P5 no Bahrein, quando danificou a asa dianteira tentando brigar com Rosberg pela segunda colocação.
 
Na Europa, novamente Vettel vinha na cola e aproveitando os espaços que recebia. Voltou ao terceiro lugar na Espanha e se valeu da trapalhada da Mercedes com o pit-stop que roubou de Hamilton a vitória em Mônaco. Foi segundo no Principado. 
 
A prova solitária na América do Norte foi condenada no sábado, quando uma sequência de problemas o fez largar no 18º lugar. Com uma aula de ultrapassagens, terminou em quinto. Na Áustria, ficou atrás também de Felipe Massa, já que as Ferrari não foram páreo para as Williams no Red Bull Ring. E voltou à normalidade do terceiro posto no GP da Inglaterra.
Até que a F1 ficou de luto. A história da ida de Vettel à Ferrari começa com o anúncio da Red Bull de que sua cria que recebera status de tetracampeão mundial estava tomando outro caminho. Dia 4 de outubro de 2014. Pouco mais de 24 horas depois, Jules Bianchi sofreria seu acidente durante o GP do Japão. Uma semana antes do GP da Hungria de 2015, Bianchi morreu em virtude dos ferimentos de nove meses antes.
 
A F1 chegou a Budapeste com uma tristeza difícil de ser mensurada. O enterro de Jules havia sido na terça, mas na sexta as atividades começaram em Hungaroring. No domingo, Vettel saltou para a liderança da prova nos primeiros metros, deixando Hamilton e Rosberg para trás. Ele nunca realmente foi ameaçado e venceu pela segunda vez.
 
Na comemoração, uma homenagem para Bianchi, que era cotado como o substituto de Räikkönen e próximo na linha de sucessão do programa de desenvolvimento da Ferrari. "Essa é para o Jules. Você sempre estará em nossos corações. Sabemos que, cedo ou tarde, você seria parte desta equipe", disse em francês ainda no cockpit.
Sebastian Vettel abraça pai de Jules Bianchi, Phillipe, durante funeral em Nice (Foto: AP)
Ao mesmo tempo, Vettel igualava o número de 41 vitórias de Ayrton Senna. Apenas Alain Prost e Schumacher cruzaram a bandeira quadriculada na frente mais vezes.

O campeonato está parado para as férias de verão com Vettel dono absoluto do terceiro posto. São 83 e 84 pontos, respectivamente, na frente de quem o segue, Valtteri Bottas e o companheiro Räikkönen. Em compensação, apenas 21 e 42 de desvantagem para Rosberg e Hamilton, respectivamente. Título? "Eu tenho certeza que nós faremos de tudo e tentaremos tornar o impossível possível".
 
Após apenas cinco meses, a reconstrução virou papo de título. Tão distante, é verdade, quanto significativo. É quase impossível que a Ferrari ache uma fórmula mágica na segunda metade na temporada, e Vettel tenha condições de brigar. Mas após o primeiro meio ano, é cristalinamente claro que os anos pela frente tendem a ser animados para os tifosi.
 
Não por isso, a forma como Vettel parece habituado às maneiras italianas e o retorno de suas habilidades na pista em força máxima mostram que o casamento entre as partes faz sentido.
 
E talvez nem em alguns dos anos de título, quando tinha o melhor carro do grid, Sebastian fosse tão apreciado enquanto o piloto completo que é quanto neste início de Ferrari. É o 2015 dos sonhos para o maior campeão em atividade.
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