5 coisas que aprendemos no eP de Tóquio, 5ª etapa da Fórmula E 2024
A estreia da Fórmula E no Japão trouxe uma corrida estratégica, marcada por disputas próximas e certo grau de confusão. Nissan e Stellantis mostraram mais uma vez que estão se aproximando de Jaguar e Porsche, e a imprevisibilidade do campeonato é um atrativo enorme
Depois de dez anos, a Fórmula E finalmente estreou em Tóquio no último fim de semana e proporcionou uma corrida animada, com uma batalha estratégica pela vitória e muita festa da torcida japonesa nas arquibancadas. No fim, Maximilian Günther jogou um balde de água fria nos locais, que torciam pela vitória da Nissan, e passou Oliver Rowland no fim para garantir o segundo triunfo da história da Maserati.
Jake Dennis completou o pódio com a Andretti depois de largar em quinto, aproveitando uma tentativa de ultrapassagem frustrada de António Félix da Costa sobre Rowland — que quase jogou o rival no muro. O português da Porsche ficou mesmo em quarto, um posto à frente do companheiro Pascal Wehrlein, que retomou a liderança do campeonato.
Norman Nato viveu uma prova de altos e baixos após ser punido e ter a penalidade revista, mas executou uma boa estratégia e saiu de 11º para sexto. Nico Müller, o sétimo, conseguiu os primeiros pontos da Abt Cupra na temporada e comprovou a evolução do trem de força Mahindra, enquanto Nick Cassidy precisou se recuperar após uma desclassificação na fase de grupos e saltou de 19º para oitavo.
Robin Frijns, que se envolveu na polêmica batida com Nato, foi o nono, enquanto Sérgio Sette Câmara finalizou em décimo e garantiu mais um ponto para a combalida ERT. Vale, ainda, uma menção honrosa para Edoardo Mortara, que se manteve entre os primeiros colocados com a Mahindra durante toda a prova e acabou desclassificado por exceder o limite permitido de energia.
Diante deste cenário, o GRANDE PRÊMIO aponta cinco coisas que aprendemos na quinta corrida da temporada da Fórmula E em 2024, no Japão:
Günther vive fase incrível e não deve a ninguém neste momento
Uma das principais críticas sobre Maximilian Günther sempre se referiu à capacidade do alemão de ser regular. Durante muito tempo, o piloto alternou entre grandes momentos e situações bizarras, o que parece ter mudado de vez em 2024 depois de uma grande segunda metade de campeonato em 2023.
Com pontos em todas as corridas do ano até aqui, Günther executou uma recuperação sensacional em São Paulo, saindo de último para nono com um stop-and-go no meio do caminho, e coroou a grande fase em Tóquio, com uma corrida perfeita e foco na vitória a todo momento. É um dos grandes nomes da Fórmula E este ano e não deixa a desejar para nenhum piloto do grid neste momento.
Nissan vive crescimento evidente. Mas não é a única
A Fórmula E viveu — e ainda vive — um domínio óbvio dos trens de força Jaguar e Porsche, donos de 17 vitórias em 21 corridas da Era Gen3. Mas a diferença está claramente diminuindo. O motor Nissan tem quatro pódios, uma vitória e duas poles nas últimas três etapas e se aproxima a passos largos, mas a Stellantis também evolui e venceu a terceira em dois anos na corrida japonesa.
Ainda que não esteja necessariamente se aproximando dos ponteiros, a Mahindra também mostra evolução e andou no top-10 durante todo o fim de semana em Tóquio. Na corrida, Mortara caminhava para um tranquilo sexto lugar, mas acabou desclassificado. Müller acabou sendo o responsável por fazer justiça e terminou em sétimo com a cliente Abt Cupra. Com mais entendimento sobre o carro, as diferenças são ínfimas a esta altura, principalmente na classificação.
A Fórmula E é o campeonato mais imprevisível do mundo
Cinco corridas em 2024, com cinco vencedores diferentes de cinco equipes distintas. Pascal Wehrlein [Porsche], Jake Dennis [Andretti], Nick Cassidy [Jaguar], Sam Bird [McLaren] e Maximilian Günther [Maserati] foram os primeiros colocados da temporada até aqui, o que dá um total de quatro trens de força na primeira colocação. Apenas Mahindra e ERT não venceram entre as fornecedoras.
A verdade é que o vencedor nunca é conhecido antes do início das atividades, e tem sido comum que a decisão seja apenas nas últimas voltas. Mais uma vez, o campeonato promete competitividade até o fim, e apenas 15 pontos separam todo o top-5 do Mundial de Pilotos. Para aqueles que gostam de imprevisibilidade, a Fórmula E é um prato cheio.
António Félix da Costa deixou fase ruim para trás
Depois de três corridas irreconhecíveis, António Félix da Costa voltou aos pontos no Brasil e fez uma excelente corrida no Japão. Não fosse uma defesa que chegou ao limite — e talvez tenha passado — de Rowland na 33ª de 35 voltas, o português poderia ter arrancado um segundo lugar depois de largar em oitavo.
Com crescimento visível nas corridas, Da Costa precisa acertar os ponteiros na classificação para se colocar entre os favoritos à vitória. O desempenho voltou a aparecer, e o português nunca pode ser descartado em um cenário tão parelho.
Pista de Tóquio precisa de ajustes para o ano que vem
Anunciada como uma corrida que seria de poucas ultrapassagens, a estreia da Fórmula E no Japão trouxe uma boa disputa. Sem o frenesi de São Paulo, a chave da vitória em Tóquio foi a estratégia, e o corte de energia foi um acerto em cheio da categoria. Ainda assim, a pista precisa de ajustes.
Alguns pontos simplesmente não ofereciam oportunidades de ultrapassagem, mesmo com pilotos lentos à frente, e foi um milagre que o enorme vão da curva 3 não tenha proporcionado acidentes. Além disso, seria importante que a pista fosse um pouco mais larga, o que daria mais oportunidades de disputas lado a lado. No fim, o saldo da estreia em Tóquio foi bastante positivo mesmo assim.
A próxima etapa da Fórmula E está programada para acontecer entre os dias 12 e 14 de abril, com a rodada dupla de estreia do eP de Misano. O GRANDE PRÊMIO transmite todas as atividades de pista AO VIVO e COM IMAGENS no YouTube.
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