As críticas se amontoaram após o eP de Ad Diriyah que abriu a temporada 2018/19 da Fórmula E, ainda na metade de dezembro do ano que passou. O modo de ataque foi quase fantasma, sem avisos de como funcionaria, sem indicação de quando estava acionado, nada. O público ficou sem saber direito como funcionava, mas o gosto de artificialidade era forte e amargo.
Infantil, o
evento, o que mais? As críticas nessa linha foram todas acertadas depois do que se viu na Arábia Saudita. Mas a categoria fez o jogo virar no Marrocos.
Primeiro e mais importante, porque parece ter assimilado que o novo formato foi apresentado com falhas clamorosas. No começo do
eP de Marrakech, então, a transmissão oficial de TV trouxe a informação: seriam necessários dois acionamentos que durariam quatro minutos cada. Ao lado do nome de todos os pilotos, a quantidade de vezes que ainda podia ativar o modo de ataque estava indicada. Assim como, cada vez que alguém estava utilizando a velocidade extra, o nome mudava de cor para deixar claro.
Na pista, a indicação do espaço necessário para a ativação estava clara na tela o tempo todo, mesmo quando ninguém estava lá. Foi possível, então avaliar o efeito. É verdade que dá velocidade e é uma vantagem preponderante, mas não definitiva. É possível atrasar ou defender daqueles que estão dotados do modo de ataque.
Jérôme D'Ambrosio (Foto: Reprodução/Fórmula E)
A situação do modo de ataque, se correr bem dessa forma durante o restante das corridas, tem tudo para ser muito melhor aceito do que foi na abertura da temporada. Claro que acompanhar a quantidade de ativações que cada um tem necessita mais que dois olhos, mas é também uma questão de costume.
É difícil imaginar o motivo da categoria ter achando OK ir para a primeira corrida com tantas falhas, mas o que importa é que a organização fez mais que comer panetone no fim do ano. Trabalhou bem para mudar radicalmente o efeito do modo de ataque na corrida.
Outra questão que aliviou o eP de Marrakech foi a falta de punições. António Félix da Costa foi o único que teve implicações esportivas após usar mais que a energia permitida na volta de classificação lenta. Perdeu três posições, mas ainda ficou nas três primeiras filas. Na corrida, nada. É quase impossível imaginar que isso seja uma tendência, mas só por ter acontecido desta vez já é motivo de comemoração.
Ela, a selfie do pódio (Foto: Virgin)
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Sombra e água fresca no oásis
Jérôme D'Ambrosio não era um dos candidatos à vitória. Não foi em momento algum do dia, para falar a verdade, mas foi crescendo na corrida mesmo sem usar o modo de ataque. Saindo de décimo, só conseguiu acionar o modo quando ocupava o terceiro posto. O belga estava distante dos dois líderes, a dupla da BMW, e tinha o pódio já como prêmio. No deserto, António Félix da Costa e Alexander Sims era uma miragem.
Mas não eram.
Quando Sims tentou atacar por fora e Da Costa se assustou, os dois se tocaram e saíram da pista. Caminho aberto. A dupla era um oásis, com lagoa e coqueiro, para D'Ambrosio receber o fôlego necessário a ponto de ganhar a corrida e
assumir a liderança do campeonato.
É uma baita recuperação de D'Ambrosio, que agora lava a alma. Demitido da Dragon por onde guiou nas primeiras quatro temporadas – ainda que José María López, com menos pontos que ele, tenha ficado -, descolou uma vaga para a Mahindra. Estreou com pódio e muitos elogios, mas logo na segunda corrida coroou a escolha dos indianos com uma vitória.
"Essa é uma vitória real. Eu lutei duro por ele, e estou bem feliz. Estou na categoria desde o começo e brigo para estar nessa posição. Ano passado eu tive momentos difíceis, mas fico feliz de poder pagar o time pela confiança com isso", afirmou após a prova.
António Félix da Costa e Alexander Sims (Foto: Reprodução/TV)
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Tragédia lusa
Robin Frijns e Sam Bird tiveram bom rendimento com a Virgin e, com um pouco de sorte e erros alheios, encaixaram dois carros no pódio atrás de D'Ambrosio. Mas nada disso deveria ter acontecido, porque uma dobradinha da BMW estava praticamente garantida.
Com o erro grosseiro de Jean-Éric Vergne no começo, o atual campeão não apenas saiu da briga pela vitória, mas também limou o caminho de outros pilotos – consigo, fez Sébastien Buemi, Mitch Evans e Nelsinho Piquet perderem pontos. Não demorou até que Da Costa e Sims tomassem as duas primeiras colocações e sumissem. A dobradinha não resistiu ao pavor de Da Costa quando Sims apertou o passou e atacou. O erro causou a batida, tirou o português da corrida e afastou Sims da luta pela vitória.
Da Costa assumiu o erro. "Foi minha culpa. Devia ter deixado Alexander passar e ir, assegurando a dobradinha”, assumiu Da Costa. “Pilotos são pilotos e nós queremos ganhar. Daí o que aconteceu. Eu não deveria ter lutado pela posição", lamentou.
"Nós conversamos e está tudo bem. Eu pedi desculpas para a equipe. Aprendemos com isso e saímos mais fortes", completou.
O diretor da BMW, Jens Marquadt também se manifestou.
“Durante a fase final da corrida, os dois estavam em posições promissoras. Infelizmente, não conseguimos capitalizar da nossa boa performance. Ocorreu um contato entre os nossos pilotos pouco antes do final e António Félix da Costa teve de abandonar. Alexander Sims conseguiu terminar a corrida na quarta colocação. Nós analisamos o incidente com os dois pilotos e vamos aprender com isso conforme a temporada continua", falou.
"Nós todos concordamos que um incidente como este não vai se repetir”, encerrou.
Lucas Di Grassi (Foto: Audi)
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Lucas Di Grassi teve um começo de dia muito complicado, mas a corrida foi boa desde o início. Chegou a ocupar o quarto posto, mas a batida das BMW acabou fazendo com que ele não usasse o segundo modo de ataque durante corrida em campo aberto, como fizeram os rivais próximos que passaram por ele – especialmente Bird e Frijns. Terminou em sétimo, mas ao menos com um alento do rendimento bem melhor da Audi em relação ao que foi visto na estreia.
"Sétimo e a volta mais rápida foi o máximo que a gente conseguiu fazer. O safety-car atrapalhou muito a estratégia com o modo de ataque, dava para ter feito um pódio com certeza", lamentou.
"É isso aí, a gente vai para cima. Agora vamos para Santiago", lembrou.
Nelsinho Piquet (Foto: Jaguar)
Piquet, que tinha boas possibilidades de pontuar ao largar em nono, acabou atrapalhado por Vergne na largada e caiu para o fim da fila. A recuperação parou no 14º lugar.
"Foi frustrante. Não demos sorte em estar no lugar errado e na hora errada. Eu tinha energia para acabar nos pontos com uma estratégia mais agressiva, com receio de não dar um safety-car. Mas aí deu o safety-car, e tinha energia de sobra. Não faria grande diferença, eu terminaria no máximo ali em décimo. Foi um dia difícil, vamos ver o que dá para melhorar, sobretudo nas classificações", encerrou.
Por fim, Massa viveu um dia para esquecer. Depois de uma das punições repentinas da FE na Arábia Saudita custar o que possivelmente seriam os primeiros pontos na categoria, o nível foi bem diferente em Marrakech. A sensação foi que Massa passou o dia com problemas, tanto que terminou na última colocação da prova entre os pilotos que chegaram ao fim.
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