Guia Fórmula E 2024: Attack Charge chega com ares de revolução, mas evidente incógnita

Era para acontecer em 2023, mas a tecnologia não alcançou o efeito desejado e os planos não foram adiante. Para 2024, entretanto, não há mais desculpas: o Attack Charge vai estrear oficialmente na temporada que está prestes a começar na Fórmula E e vai marcar o retorno dos pit-stops — que não envolvem trocas de pneus — à categoria, oferecendo uma nova camada de estratégia e uma gama de possibilidades inédita. A revolução está posta, mas resta saber como isso vai funcionar na prática.

O Attack Charge vai funcionar da seguinte forma: os pilotos terão de fazer uma parada obrigatória por um intervalo de tempo estipulado antes de cada corrida no pit-lane e receberão uma carga extra de potência que vai levar o carro de 300 kW para 350 kW — sua capacidade total. A questão, entretanto, é que essa potência a mais não será imediata e vai depender das escolhas de cada equipe.

Ao sair do pit-lane, cada piloto terá a oportunidade de ativar essa carga extra duas vezes ao longo da corrida durante um limite pré-determinado de minutos. Esse artifício lembra um pouco o modo ataque, mas sem a necessidade de passar por um traçado externo da pista. É uma questão de escolher os momentos certos e ativar. Parece simples, mas, ao mesmo tempo, levanta algumas dúvidas.

Obviamente, o ‘timing’ das paradas será vital para a estratégia da corrida, principalmente em uma categoria que cobra seu preço àqueles que ocupam a liderança por muito tempo. As duas cargas extras de potência não podem ser desativadas, o que significa que a entrada de um safety-car durante esse período vai arruinar o plano daqueles que estiverem em 350 kW no momento.

Vale destacar que as equipes estão proibidas de fazer qualquer troca de pneus em seus carros enquanto o ‘boost charger‘ do Attack Charge estiver plugado. Ou seja, em caso de necessidade de ida ao pit-lane para trocar os compostos, será necessário primeiro fazer a carga completa antes de retirar a borracha.

Além disso, as equipes também não terão o direito de chamar seus dois carros ao pit-lane na mesma volta. A Fórmula E proíbe terminantemente a famosa ‘fila’ nas garagens, o que significa que as duplas obrigatoriamente precisam ser chamadas em voltas diferentes. Por fim, a versão inicial do regulamento esportivo também proibia a ativação do Attack Charge durante o período de safety-car. Na versão final, entretanto, esse trecho foi cortado, e a categoria ainda não esclareceu se o uso será permitido ou não.

A grande incógnita em relação ao Attack Charge, porém, diz respeito ao andamento das corridas. Em uma categoria que apresenta um pelotão tão próximo, com carros sempre na mesma volta, a ida ao boxes vai fazer com que os pilotos despenquem para as últimas posições.

Assim, não será incomum ver, por exemplo, dois pelotões diferentes caso vários pilotos optem por parar ao mesmo tempo. Fica a dúvida para saber, visualmente falando, se será algo atrativo para o público. O fato é que os pit-stops eram algo pedido com frequência na Fórmula E, e eles estarão de volta em 2024.

Com possibilidades estratégicas diferentes, será possível ver se isso vai ser suficiente para aumentar o grau de imprevisibilidade em uma categoria já bastante equilibrada. Por outro lado, este mesmo equilíbrio pode implicar em uma corrida estranha, com pelotões bastante divididos. Os testes já começaram na pré-temporada e continuarão no TL1 do eP da Cidade do México. Agora, é esperar para ver.

A temporada 2023/24 da Fórmula E está marcada para começar no dia 13 de janeiro, com o eP da Cidade do México, no Autódromo Hermanos Rodríguez. No ano que vem, a categoria ainda passa por Diriyah, Hyderabad, São Paulo, Tóquio, Misano, Mônaco, Berlim, Xangai, Portland e Londres. O GRANDE PRÊMIO transmite todas as atividades de pista do ano AO VIVO e COM IMAGENS.

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