Malandragem da Audi com Di Grassi é cartada final de quem ficou para trás na Fórmula E

Lucas Di Grassi e Audi já não são tão competitivos quanto eram no passado. Só isso justifica a tentativa estapafúrdia de usar uma zona cinzenta do regulamento da Fórmula E para tentar vencer e seguir lutando por título na reta final do campeonato de 2020/21

Lucas Di Grassi passou pelos boxes durante o safety-car para ganhar posições (Vídeo: Fórmula E)

A temporada 2020/21 é a última da Audi na Fórmula E. Até aqui, não está sendo uma despedida de gala: a escuderia segue no meio do pelotão, raramente conseguindo mais do que alguns resultados medianos. É nesse contexto que os alemães causaram saia justa no eP de Londres deste domingo (25), em que só uma tentativa de trapacear o regulamento foi capaz de colocar Lucas Di Grassi na briga pela vitória.

Para quem não viu a corrida, eis a história: Di Grassi era o oitavo colocado quando o safety-car foi acionado. O carro de segurança estava lento demais na pista, significando que passar pelo pit-lane com limitador de velocidade era mais rápido. A Audi chamou o brasileiro para os boxes justamente para tirar proveito disso. Consequência: Lucas em primeiro, mas sob investigação por não parar no box. Mesmo cruzando a linha de chegada em primeiro, uma punição de 20s significou a queda para oitavo. Depois, uma revisão da pena levou a FE a desclassificar o campeão.

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Lucas Di Grassi acabou punido em Londres (Foto: Fórmula E)

A polêmica ficou armada, já que a decisão da Audi fica numa zona cinzenta do que é certo ou errado numa disputa esportiva. Não é 100% ético, convenhamos. E é até um tanto triste que só uma jogada mandrake seja capaz de colocar a Audi na liderança de uma corrida hoje em dia. Àqueles que lembrarem o triunfo de Di Grassi em Puebla, cabe destacar também que isto só foi possível por conta de uma desclassificação boba de Pascal Wehrlein.

Via de regra, a Audi é uma equipe que consegue apenas pontuar e fazer pódios na Fórmula E atual. Brigar por vitórias, só em condições especiais, mesmo que você tenha de criar esse algo especial por uma interpretação otimista das regras. É uma diferença tremenda na comparação com aquela equipe que poderia muito bem ter sido campeã por quatro anos seguidos no começo da FE, simplesmente porque tinha equipamento muito bom e um piloto no auge. Os anos passaram e pelo menos uma dessas peças parece não se encaixar tão bem quanto antes.

Se a Audi tivesse feito tudo certo, com Di Grassi de fato parando no pit-stop, a briga pela vitória ainda seria possível. Seria uma cartada final na briga pelo título, que muito provavelmente deixaria o brasileiro no top-5 do Campeonato de Pilotos. Com um oitavo lugar, o cenário é bem diferente: são 66 pontos contra 95 do líder De Vries. Com 60 tentos ainda em jogo, será necessário torcer para que os ponteiros vacilem muito em Berlim para a virada memorável se concretizar.

Nyck De Vries lidera um campeonato ainda incerto (Foto: Fórmula E)

Se não Di Grassi, quem pode sonhar de verdade com o título? Incrivelmente, a Mercedes: a escuderia que passou as últimas seis corridas mal pontuando precisou apenas de dois segundos lugares com Nyck de Vries para voltar à vida. O holandês lidera o Campeonato de Pilotos, e com 6 pontos de vantagem sobre o compatriota Robin Frijns, da Virgin. Stoffel Vandoorne vinha forte para vencer, isso até ser abalroado por Oliver Rowland e voltar a ter chances remotas de título. As esperanças de título da equipe prateada residem em Nyck, que vai para a decisão no Tempelhof em uma posição incrivelmente boa. Não que haja conforto ou favoritismo, mas a alta pontuação em Londres é um alento para quem vinha em fase tenebrosa na Fórmula E até aqui.

Frijns, apesar de ainda não vencer em 2021, merece atenção por ser um piloto mais regular do que os demais. O holandês consegue fazer corridas de recuperação, o que é particularmente importante para quem costuma largar do fundão, graças ao regulamento zoado da FE para classificações. Não dá para tecer os mesmos elogios sobre Sam Bird, que conseguiu a proeza de abandonar duas vezes em Londres e começou a desperdiçar sua chance mais clara de título. António Félix da Costa, quinto, é outro que parece disposto a jogar fora qualquer possibilidade de chegar ao bicampeonato.

Falta um fim de semana para a Fórmula E encerrar os trabalhos em 2021. Um último fim de semana de Audi no grid, e com Di Grassi como um de seus pilotos. Uma última chance também para alguém pilotar um pouco melhor e se portar como um campeão. Ficamos na expectativa para o eP de Berlim, com corridas nos dias 14 e 15 de agosto.

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