Evans vence com desempenho de Rei em Mônaco e dá sonhado ‘restart’ na Fórmula E

A temporada 2023/24 da Fórmula E, decididamente, não começou como Mitch Evans esperava. Maior vencedor de corridas no ano passado junto ao agora companheiro Nick Cassidy, com quatro triunfos, o neozelandês brigou pelo título pela maior parte do ano e chegou em 2024 disposto a mudar a história e se colocar nas primeiras posições do campeonato desde o início. Não aconteceu. A primeira vitória só veio neste sábado (27), no eP de Mônaco, e marca um ‘restart’ na temporada do piloto, que está cansado de bater na trave.

Superado consistentemente por Cassidy nas três primeiras corridas da temporada, Evans nem sequer conseguiu ir ao pódio até a quarta etapa, em São Paulo. Oscilou entre quinto e sétimo lugares no campeonato desde a abertura, na Cidade do México, um desempenho certamente longe do que imaginava no início do ano.

Depois de vencer em Mônaco, Evans admitiu que buscava um novo ponto de partida em 2024, já que o campeonato não se desenrolou conforme o esperado. A tão sonhada vitória quase veio no Brasil, mas foi pelos ares quando o neozelandês acabou superado por Sam Bird na última volta. Nas ruas de Monte Carlo, entretanto, o primeiro lugar não escapou.

Muito forte durante todo o dia, Evans liderou TL1, TL2 e chegou com pompa de favorito à classificação, na qual também registrou o melhor tempo de seu grupo. Na semifinal, porém, exagerou nos limites de pista e teve a volta deletada, mas também cometeu erros que o impediriam de vencer o duelo com Pascal Wehrlein.

Só que o dia era mesmo de Mitch. Saindo do quarto lugar, Evans se colocou entre os três primeiros logo no início e abusou de uma estratégia certeira da Jaguar, que ativou o modo ataque nos momentos certos. Vale destacar, aqui, a parceria entre os dois pilotos da equipe. Cassidy e Evans, que se conhecem desde a infância, trabalharam em conjunto ao longo de toda a prova e permitiram uma tranquilidade até surpreendente em termos de Fórmula E em Mônaco.

Primeiro, Nick se colocou em segundo e segurou o pelotão até que Evans fizesse as duas ativações obrigatórias do modo ataque; depois, o próprio Mitch deixou o companheiro passar e travou o terceiro colocado Stoffel Vandoorne para que Cassidy cumprise suas duas ativações. Com o primeiro lugar restituído pelo parceiro, restou ditar o ritmo da corrida e evitar sobressaltos para garantir o triunfo até o fim.

Se Evans buscava um reinício para a temporada, Mônaco trouxe isso. Não apenas pela vitória, que é muito importante, é claro, mas principalmente pelo desempenho. Constante, inteligente e rápido ao longo de toda a corrida, o neozelandês não deu nenhum sinal de que a vitória esteve em risco em algum momento. Foi dominante como um campeão deve ser, consciente dos movimentos a todo tempo.

Agora, Mitch tem pela frente quatro rodadas duplas que encerram o campeonato em julho. A tarefa de buscar o topo do campeonato ainda não é fácil: são 25 pontos de desvantagem para o líder Wehrlein, com três pilotos entre eles na classificação. O fato é que talento Evans tem, mas precisa de consistência. Precisa fazer com que desempenhos como o de Mônaco se tornem mais comuns, pois tem o equipamento em mãos para isso e conhecimento de sobra.

O experiente piloto da Jaguar chegou a Monte Carlo falando em reiniciar a temporada e terminou admitindo que o campeonato não foi o que esperava até aqui. Em Mônaco, Evans traduziu o descontentamento em desempenho e fez uma de suas maiores corridas nos últimos anos. Se o título bate na trave há algum tempo, o sonhado triunfo no Principado também batia. Agora, uma das metas já foi alcançada. Falta a outra, muito mais importante e que pode escrever o nome de Mitch não apenas na corrida de rua mais tradicional do mundo, mas na história da Fórmula E.

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