8×1 da Honda no Fast Nine projeta briga interna na Indy 500. E Alonso vira figurante

A Chevrolet passou vergonha na classificação e só terá um improvável Rinus VeeKay na luta pela pole. Enquanto isso, Fernando Alonso parece estar, de novo, no lugar errado e na hora errada

O sábado (15) de classificação das 500 Milhas de Indianápolis teve praticamente um Bayern x Barcelona para chamar de seu. Inalcançável, a Honda deu um verdadeiro baile na Chevrolet e colocou oito carros no Fast Nine, sessão que vai definir o pole da principal corrida do calendário neste domingo. Como no duelo de quartas de final da Liga dos Campeões, aliás, o lado derrotado esteve passivo, abatido, como deu para notar no semblante dos pilotos da poderosa Penske e mesmo nas pouquíssimas tentativas extras dos carros da fabricante americana nas horas finais do dia.

Ocorre que, também como no caso da partida entre os gigantes clubes europeus, o cenário já estava desenhado bem antes do fato em si. Claro, não precisava ter sido um 8×1, mas a Honda esteve mais rápida o tempo inteiro, especialmente nas voltas sem uso do vácuo. Chegou a classificação e, com a quantidade extra de potência, só deu a marca japonesa, impulsionada por uma feroz Andretti, que parece ter aberto mão de tudo para focar em voltar a vencer a Indy 500, algo que já foi bem mais comum na categoria do que é hoje.

A expectativa geral em Indianápolis é de que tal domínio não se repita na corrida, pelo menos não com a intensidade que vimos hoje, afinal, a potência extra do motor da classificação vai embora. Só que pode já ter ficado tarde para a Chevrolet. Para início de conversa, por mais que tenha brilhado no primeiro dia, Rinus VeeKay é o menos favorito para a pole amanhã. Mais do que isso, o cenário fica ainda pior se olharmos em que posição largam os carros da Penske, grande time da fabricante. Josef Newgarden, para variar, tirou leite de pedra, mas abre somente a quinta fila. Will Power? Oitava fila. Simon Pagenaud? Nona. Helio Castroneves? Décima.

Josef Newgarden foi o menos pior da Penske na classificação (Foto: IndyCar)

E é aí que está. Por mais que a distância entre Honda e Chevrolet realmente deva cair nos próximos dias de treinos livres e, claro, na corrida do próximo final de semana, a Penske parece ter escolhido um dos anos mais complicados para ter suas piores posições de largada desde 2001. É que a previsão não é das mais otimistas quanto ao número de ultrapassagens, os carros ganharam um arrasto novo com o aeroscreen e, no momento, parece mais seguro apostar em uma Indy 500 mais como a de 2018 e menos como a de 2019: os melhores carros andando na frente o tempo todo.

No meio disso tudo vem a McLaren e, lógico, Fernando Alonso. Bem longe do ritmo dos primeiros colocados, o espanhol tomou mais de 1s7 do líder Marco Andretti, foi bem pior do que os companheiros Pato O’Ward e Oliver Askew e vai largar no meio da nona fila, atrás de nomes como Dalton Kellett e James Davison. Impacto ainda da pancada no TL2? Talvez, já que Fernando tinha um carro consideravelmente mais rápido até então.

Mas a questão aqui vai muito além disso. Parece, mais uma vez, que Alonso está no lugar errado e na hora errada. Por ironia do destino, a rixa do espanhol com a Honda pode custar caro mais uma vez. Se olharmos para trás, a estreia de Fernando aconteceu em 2017 em uma parceria justamente com a Andretti, o time mais forte da 104ª edição até agora. Dali para frente, ruptura total com os japoneses, uma aliança fracassada com a Carlin que gerou uma eliminação no Bump Day de 2018 e, agora, nova investida com a Chevrolet numa McLaren que fez um projeto competente de equipe própria, mas que também não é milagreira.

Marco Andretti: vem para a pole? (Foto: IndyCar)

A conclusão imediata é a de que Alonso tem tudo para ser um mero figurante na Indy 500 da Honda, que desenha um duelo divertido entre quatro pilotos da Andretti e o sempre faminto Scott Dixon. Mas já vale olhar também para o futuro. É que, por mais que seja só mais uma edição, estamos falando de alguém que já descartou voltar em 2021 e 2022, focando totalmente nos compromissos com a Renault na Fórmula 1. Sendo assim, na melhor das hipóteses, Fernando voltará a disputar uma Indy 500 quase com 42 anos e sem ritmo.

Na Indy 500 que é a mais decisiva dos últimos anos por acontecer em agosto em meio a uma pandemia e com toda cara de que vai definir o campeão da temporada, a sorte sorriu para Dixon, virou o rosto para Newgarden e Pagenaud e riu de Alonso.

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