Com abordagens opostas, Power e Rossi partem para tudo ou nada em Gateway e saem vivos na briga

O pódio em Gateway foi daqueles que explicam um campeonato: Will Power venceu e se colocou com chances de título; Alexander Rossi brigou até o fim e diminuiu a distância para o líder numa estratégia espetacular; e Scott Dixon manteve-se no topo sendo mais uma vez constante. A Indy se desenha para duas corridas emocionantes até seu final - e imprevisíveis

Scott Dixon é o piloto mais consistente da temporada 2018 da Indy: passa despercebido por diversos momentos das corridas, não necessariamente vence, não produz vídeos de melhores momentos. Mas segue no topo, já que sempre arranja uma maneira de pontuar bem, de brigar na parte de cima do grid, de ir aos pódios.

Não à toa, tem 568 pontos e é o líder da temporada. Não é acaso, também, que esteve no pódio do GP de Gateway deste sábado (25), meio que fazendo o que dava para fazer após sair de uma pole que caiu no seu colo por causa da chuva. Mais uma vez ele não precisou triunfar para se manter como primeiro colocado. Faltando duas corridas, é onde ele precisa estar para justificar toda análise feita sobre seu ano.

 
"Acho que foi uma grande corrida. Foi bom conseguir liderar muitas voltas e ter um bom carro, especialmente depois de não conseguirmos testar aqui. Tivemos duas estratégias como possibilidades e eu estou um pouco irritado comigo mesmo por não ter tomado a decisão de forma rápida em qual delas seguir. Não sei se faria muita diferença no final, mas é um resultado sólido e perdemos apenas um pouco para Rossi", resumiu o sempre perfeccionista Scott.
Scott Dixon foi a mais um pódio (Foto: IndyCar)

Mas Gateway também viu um show de ultrapassagens, quase batidas, manobras espetaculares e também estratégia brilhante dos que vêm logo atrás do neozelandês: Will Power e Alexander Rossi.

Conscientes de que as chances de título passavam por um grande resultado na antepenúltima corrida da temporada, tanto o piloto da Penske como o da Andretti foram para cima – um do outro, inclusive. Melhor para Power, sim, que venceu, mas longe de ter sido ruim para Rossi: ele diminuiu a vantagem de Dixon no topo e segue em segundo, com 542 pontos. Power tem 500 e fecha o trio que domina a Indy no momento.

Mas as abordagens foram bem diferentes. Claro que Rossi foi combativo na pista, conseguiu grande salvada para evitar ir ao muro, segurou Dixon no braço, mas seu destaque maior veio na tática, parando uma vez a menos que os rivais e quase repetindo a Indy 500 2016. 

Não repetiu porque Power, agressivíssimo o tempo todo e achando espaços impensáveis para passar, voltou dos boxes enfurecido e o superou sem maiores problemas, vencendo a corrida.

Will Power comemora a vitória em Gateway (Foto: IndyCar)

"O carro não estava bom ontem. Tivemos que trabalhar, pensar muito sobre isso e falar muito com meu engenheiro. Criamos uma boa configuração, ou o que achamos que seria uma boa configuração, e acabou sendo uma. Foi bem divertido. Estou muito feliz em vencer minha primeira corrida com Roger Penske como estrategista. Estava pensando em quando essa vitória viria porque não trabalhei com ele em Indy e venci duas lá. Quando ele me falou para eu seguir e não poupar combustível foi ótimo – e divertido sair cortando pela pista. Nunca passei tantos carros em tão pouco tempo. Tenho que agradecer à Indy pelo pacote aerodinâmico também. Ano passado era muito difícil de ultrapassar e este ano eles nos deram um que permite ultrapassar e correr próximo", falou Power.

Quem vem atrás do top-3 é o nome que, até poucas semanas atrás, era o favorito ao título: Josef Newgarden afundou de vez sua chances com o sétimo lugar no circuito de Madison, palco em que brilhou intensamente e basicamente garantiu o caneco em 2017. Nem a pontuação dobrada de Sonoma, por mais que a pista seja boa para ele, deve fazê-lo ultrapassar tantos nomes. Só um milagre salva.

"Noite dura. Tentamos dar o máximo. Mas perdi muitas posições no final. Durante toda a corrida não consegui me acertar. Will ficou preso no tráfego e nós perdemos velocidade quando tentamos alcançá-lo, acabando por perder posições. Tentamos acertar no combustível no final e não deu certo. Trabalhamos muito, fizemos ótimas paradas. A equipe fez ótimo trabalho. Só não conseguimos acertar no geral e tivemos que nos contentar com o sétimo lugar. Vamos para Portland para nos redimir", disse Josef.

Josef Newgarden se complicou em Madison (Foto: IndyCar)

Porém, voltemos aos nomes anteriores, os donos da noite em Gateway. É curioso ver que, na hora decisiva, Rossi conseguiu entregar um de seus desempenhos mais focados e sem invenções do ano. Logo ele, que entregou pontos preciosos durante a temporada por erros infantis, até. Aparentemente, percebeu que não podia mais se dar a este luxo. Agora, até corridas táticas faz.

"Todo final de semana apenas temos que tentar bater Soctt. Will foi fantástico hoje, então parabéns a ele. Estou um pouco sem palavras. Não sei como conseguimos fazer o que fizemos hoje, é inacreditável. Não tive aceleração total pelas últimas 70 voltas. Foi algo grande quando Rob [Edwards, o estrategista de Rossi] falou no rádio quanto combustível eu tinha. Eu fiquei: 'lá vamos nós de novo…'. Não poderia ter feito o que fiz sem a equipe. Não sei se tínhamos força para chegar em Will, mesmo estando próximo até o final. Mas o importante é que batemos Scott e diminuímos a distância nos pontos", comentou Alex.

Alexander Rossi fez tudo na base da estratégia (Foto: IndyCar)

Já Power buscou a volta à briga pelo título do jeito que o torcedor gosta: partindo para cima dos rivais e manobrando quase como uma dança na pista. Visualmente, lindo. E ao seu estilo, o Power 8 ou 80 que, bem ou mal, foi o Power um dia campeão da Indy. Será que dará resultado? 

A terceira abordagem, por enquanto, é que vai vencendo: Dixon é experiente e capaz de segurar os dois nomes. É o favorito, mesmo com um pouco menos de carro que seus rivais. Mas a Indy é imprevisível.

Dentre os brasileiros, Pietro Fittipaldi foi quem mais se destacou. O brasileiro acertou na estratégia, mas teve, principalmente, sua corrida mais segura no ano. Chegou em 11º com a Dale Coyne.
 
"Estou muito feliz com o resultado. A equipe fez um ótio trabalho nas paradas. Sabíamos que nosso ritmo era bom, mas como largamos em último pensamos que terminar em 15° ou 16° seria bom, pois aqui é muito difícil de ultrapassar. Mas passamos alguns carros e usamos uma estratégia de poupar combustível que trabalhou a nosso favor para que terminássemos em 11°. Estou muito feliz com isso, especialmente por voltar de lesão e enfim conseguir minha primeira corrida sólida. Animado para as duas próximas corridas", vibrou Pietro.
Pietro Fittipaldi quase fez top-10 (Foto: IndyCar)
A estratégia jogou contra Tony Kanaan. Apesar de um ótimo ritmo que parecia o garantir no top-10, o brasileiro foi pego no contrapé por uma bandeira amarela fora de hora e perdeu volta para os ponteiros, fechando em 13º.
 
"Apostamos em uma estratégia e não deu certo. Estou desapontado pois o carro foi rápido a noite toda e estávamos no top-10 quando fomos surpreendidos pela bandeira amarela", lamentou brevemente Tony.
 
Matheus Leist foi quem mais sofreu e não conseguiu acompanhar os carros mais velozes. No fim, o gaúcho foi 16º.
 
"Corrida muito difícil, é duro correr no tráfego. Na maior parte da corrida tivemos que entender o que fazer para ir mais rápido. Tentei diversas maneiras. Ao final, acho que foi uma boa corrida. Melhoramos em algumas coisas durante o final de semana, o que é bom, então estamos chegando lá. As paradas foram boas, então bom trabalho da equipe, que vem trabalhando duro desde o primeiro dia", falou Matheus.
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