Golpe de sorte? Tudo bem, faz parte, mas Dixon já é piloto a ser batido em 2020

Scott Dixon passou longe de ser o homem mais rápido no GP de Indianápolis 1, mas venceu mesmo assim. Com duas vitórias em duas etapas e com todo seu histórico, o neozelandês já é o grande favorito ao título. E quem quiser brigar com ele vai precisar se virar nos 30

“A Itália é assim: se deixar passar da fase de grupos, ela vai crescer e brigar pelo título da Copa do Mundo”. A frase que usamos para abrir o texto é bastante conhecida e muito usada no futebol, afinal, a Itália é uma seleção de chegada, daquelas que gostam de decisão e que sobem de nível na hora certa. Mas qual o motivo de a citarmos? Bom, levando para o automobilismo e para a Indy, não é exagero algum dizer que Scott Dixon tem um jeito de Itália.

O neozelandês é do tipo de piloto que cresce na hora certa, que sempre dá um jeito de lutar e que, se deixarem, vai ser campeão. Na realidade, Dixon não é só a Itália das pistas, mas um cara que reúne o poder de chegada italiano com a absurda regularidade da Alemanha, que raramente fica de fora de uma semifinal.

A mistura de duas das maiores seleções da história do futebol só poderia resultar em uma combinação quase imbatível que, no fim das contas, é no que Dixon se transformou nos últimos anos. Ele não vai ganhar sempre, a Ganassi nem sempre vai ser a melhor, mas ele estará lá, ele ficará no páreo.

E 2020 começou da melhor forma possível para Scott. Na primeira etapa, no Texas, uma vitória ao seu estilo, controlando totalmente uma prova que não teve grandes emoções. Na segunda, no GP de Indianápolis, outro triunfo que teve a sua cara, desta vez com estratégia e, sim, um belo punhado de sorte para levar a melhor mesmo sem nem de longe ser o mais rápido.

Scott Dixon conquistou a segunda vitória em duas corridas da Indy em 2020 (Foto: AFP)

“Acho que tivemos sorte, mas foi algo que se encaixou na nossa estratégia. Os três carros da Ganassi começaram agressivos com os pneus duros, que são mais difíceis de manter um ritmo. Planejamos três paradas e acertamos a hora de parar. Quatro voltas depois, veio a amarela. Tivemos sorte, sim, mas era a nossa estratégia. Tínhamos ritmo. O começo foi complicado com as saídas de frente, acho que forçamos um pouco os pneus vermelhos, mas quando acertamos o carro durante as paradas e a pista melhorou. Fomos muito fortes na última hora de corrida”, disse Dixon.

Com todo seu histórico e do jeito que costuma crescer com a temporada em andamento, já é bastante seguro dizer que Dixon é o piloto a ser batido em 2020 e que, mais do que isso, superá-lo vai ser uma tarefa muito árdua, considerando que raramente o neozelandês tem resultados realmente ruins. Em suma, para os rivais, Dixon é o pior líder do campeonato possível a essa altura dos acontecimentos. É também um All Black e a dominação maori que se posta na cabeça dos adversários e faz do haka sua forma de morar na cabeça de quem só pensa nele o ano todo.

Falando da corrida de hoje, talvez Scott nem tenha sido o maior dos sortudos, afinal, estava ali no bolo que cercava os líderes quando Oliver Askew causou a amarela que embaralhou o pelotão. Simon Pagenaud, vice-líder do campeonato e terceiro em Indianápolis, sim, que levou umas dez posições de uma hora para a outra.

Simon Pagenaud conquistou um pódio improvável (Foto: AFP)

Vencedor da etapa do misto do IMS em 2019 quando teve um maio perfeito, Simon tinha tudo para se complicar em 2020, já que não passou nem perto de uma classificação decente e fazia uma prova para lá de discreta. Quando veio a amarela, saltou para o grupo da frente e, então, embalou um ritmo impressionante para fechar em terceiro.

“Não foi o dia que queríamos na classificação. Fomos na direção errada com este carro que é basicamente novo, mas penso que fomos do negativo ao positivo. Eu penso que começamos a temporada sem saber o que queríamos para o carro. Não comecei muito feliz a corrida, ainda ajustando o carro para melhor. Fizemos uma sequência muito forte quando os outros pararam, ganhamos muito terreno. No fim, tivemos muito ritmo. A amarela nos ajudou, já que paramos cinco voltas antes. Estava quente demais no carro, ainda bem que estava preparado, foi uma corrida bem desgastante. Quero agradecer a Chevrolet pela potência nas retas para passar todos”, comentou Pagenaud.

O terceiro colocado do campeonato é Josef Newgarden. O atual campeão da Indy podia estar em situação bem melhor, já que era um real candidato à vitória quando veio a amarela. No entanto, se olharmos o que aconteceu com Will Power e Jack Harvey, dá para dizer que o sétimo lugar ainda foi bem digno para Newgarden, em mais uma boa atuação de minimizar estragos.

Atual campeão, Josef Newgarden foi apenas 7º em Indianápolis (Foto: AFP)

“Foi um dia difícil, bem decepcionante. Eu e Will fomos prejudicados pela amarela. Senti que tínhamos uma grande chance de terminar com 1-2, e foi uma pena perder por pouco. Quase paramos antes da amarela, mas demoramos uma volta. Acho que foi um bom dia, conseguimos ficar atrás do Will e fomos para o fundo na amarela. Depois disso, fui tentando escalar o máximo que poderia de 15º ou 16º. Foi difícil. O carro estava bom, me sinto orgulhoso de nós neste fim de semana e penso que estamos dando pequenos passos a cada sessão, e parece que estamos melhorando. Pensei que estávamos decentes comparado ao Will, que parecia o melhor neste fim de semana. Uma pena que não conseguimos transformar isso em dobradinha”, falou Newgarden.

Power, por sua vez, vive justamente o que mais temia: começa a temporada muito atrás dos rivais e, a menos que algo inesperado aconteça, já vai ficando de fora da briga mais efetiva pelo título. O dia foi de lamento para alguém que saiu da pole e tinha boas chances de vitória antes do acidente de Askew.

“Tínhamos um ótimo carro e a velocidade que mostramos na classificação. Fomos pegos por uma infeliz amarela que não ajudou. Depois disso, tivemos problema nos pits que nos custou muito tempo e não tinha chance de recuperação. Chevrolet fez um grande trabalho hoje com a potência, nosso carro era ótimo, mas o dia foi duro. Somos rápidos, só precisamos encaixar uma corrida juntos”, lamentou Will.

Graham Rahal teve ótimo ritmo durante a corrida, mas não suficiente para tirar a vitória de Dixon. Foi 2º (Foto: AFP)

Quem praticamente não mudou de posição mesmo com a amarela foi Graham Rahal. Na realidade, o americano perdeu a vantagem da estratégia de parada a menos, mas ganhou posição de pista ali. No fim, segundo lugar e uma reação fundamental para a RLL, que praticamente nem correu no Texas.

“Acho que a estratégia foi perfeita com duas paradas. Ao sair da primeira no mesmo bolo do Power, Harvey e o resto dos caras da frente, segui pensando que quando parássemos de novo, teríamos uma vantagem de 25 ou 30s. Quando a amarela veio, meio que anulou nossa estratégia porque todos ganharam um pit-stop extra. Dixon tinha mais ritmo. Eu estava com pneus duros, com alguns problemas, mas o carro foi ótimo. Todos trabalharam muito, uma pena para Spencer [Pigot] que estava na batalha também. Para nosso time, depois do Texas, isso é ótimo para nós”, comemorou Graham.

Com Dixon comandando a turma, a Indy entra em uma fase de maratona. Na próxima semana, rodada dupla em Elkhart Lake, na seguinte, nova rodada dupla em Iowa. São quatro provas em 15 dias e um caráter já de decisão.

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