Bandeira amarela embaralha pelotão, Dixon surge na frente e vence GP de Indianápolis 1

A batida de Oliver Askew jogou para o alto a estratégia de muita gente no GP de Indianápolis. Com o pelotão embaralhado, Scott Dixon brotou na frente e, ao seu estilo, venceu pela segunda vez em 2020, disparando na liderança do campeonato

O GP de Indianápolis parecia encaminhado para um duelo entre Will Power e Graham Rahal, mas a Indy é uma caixinha de surpresas. Um acidente de Oliver Askew mudou os rumos da prova, chamando uma bandeira amarela que mexeu com as estratégias e embaralhou completamente o pelotão. O resultado? Scott Dixon brotou na frente e, de quebra, com a tática que virou a melhor possível diante da batida do piloto da McLaren.

O neozelandês passou Rahal e Spencer Pigot depois da relargada, aproveitando os pneus gastos dos rivais da RLL. Aí, abriu, abriu muito e fez a última parada tranquilamente para voltar ainda mais líder e marchar para a segunda vitória no ano. É a primeira vez desde Power, em 2010, que alguém começa a temporada com dois triunfos.

Rahal chegou na segunda colocação, mas certamente sai com um gosto agridoce da prova, afinal, ainda que o americano tenha passado longe de ser o maior prejudicado com a amarela de Askew, perdeu a chance do duelo pela vitória.

E o que dizer de Simon Pagenaud? Após péssima classificação, o francês fazia corrida totalmente discreta e parecia na pior das estratégias possíveis. Tal qual Dixon, brotou no grupo da frente com a amarela e arrancou um pódio inesperado.

Scott Dixon venceu em Indianápolis (Foto: AFP)

Colton Herta embarcou na estratégia de Dixon e fechou na quarta colocação, bem como o quinto, o estreante Rinus VeeKay. Marcus Ericsson, em boa jornada, foi sexto com a Ganassi.

Josef Newgarden foi um dos três maiores prejudicados com a batida de Askew, mas, como de costume, o americano conseguiu fazer sua parte para minimizar o estrago. Um potencial pódio virou sétima posição, melhor do que nada.

Depois de uma estreia ruim, Pato O’Ward chegou em oitavo com a McLaren, enquanto Santino Ferruci e Takuma Sato fecharam o top-10.

Graham Rahal fez grande GP de Indianápolis (Foto: Indycar)

Power, que parecia o principal nome para vencer a corrida, foi jogado para o meio do pelotão antes da relargada e não saiu mais de lá. Para piorar, ainda errou nos boxes e perdeu um caminhão de tempo, fechando em 20º e encaminhando mais um começo duríssimo de campeonato.

Outro que inicia a temporada com muitos problemas é Alexander Rossi, que abandonou a disputa. Pigot, que era outro forte postulante ao pódio, se arrastou em 24º, com problemas no motor.

Simon Pagenaud achou um pódio em Indianápolis (Foto: AFP)

Saiba como foi o GP de Indianápolis

Num intenso calor de 32ºC, o GP de Indianápolis começou às 13h09 (em Brasília). A primeira curva da corrida até foi limpa, mas teve contato na reta. Graham Rahal, que vinha em quarto, tocou em Jack Harvey e teve a asa levemente danificada.

Will Power saiu lançado e manteve bem a dianteira, enquanto Harvey e Rahal apareciam atrás, mesmo com qualquer dano leve. Colton Herta aparecia em quarto, na frente de Josef Newgarden e Scott Dixon, que largaram bem. Outros destaques da primeira volta foram Santino Ferrucci e Spencer Pigot, que apareciam em 12º e 13º, respectivamente.

A largada em Indianápolis (Vídeo: Indycar)

As primeiras colocações seguiam intactas nas voltas iniciais, mas Pigot seguia escalando e deixava Ferrucci e Alexander Rossi pelo caminho. Já na volta 5, Rinus VeeKay abria o trabalho nos boxes, colocando pneus duros.

Na 9ª volta, a mostra de que os pneus estavam mesmo se desgastando rapidamente e vários pilotos do fundo do grid como Pato O’Ward, James Hinchcliffe e Simon Pagenaud resolveram tentar algo diferente.

Dos primeiros colocados, Dixon foi quem abriu as paradas na volta 11, colocando pneus macios. Felix Rosenqvist foi junto, era a Ganassi tentando o bote com os compostos que rendiam muito melhor. Sem Dixon, os cinco primeiros escapavam na frente de Conor Daly, o sexto. Power tinha só 1s3 para Harvey, que puxava consigo Rahal, Herta e Newgarden.

Se a janela previa a primeira parada ali para a volta 26, isso não ia mesmo se confirmando e o asfalto parecia consumir muito mais os pneus do que o esperado. Newgarden parou na volta 15, enquanto Herta foi aos boxes na 16. Ali, inclusive, o campeão da Penske ganhou a posição do garoto da Andretti.

Colton Herta chegou a dar uma volta no oval (Vídeo: Indycar)

O giro seguinte teve o líder Power indo aos boxes e voltando não mais que 3s na frente de Newgarden com seus pneus macios. Harvey parou na volta 18, mas aqueles segundos a mais de pneus usados custaram a posição para Newgarden.

Completamente impressionante era o ritmo de Rahal, aliás, das RLL, afinal, Pigot já surgia em segundo ultrapassando Daly. Os dois esticavam ao máximo o primeiro stint e, não bastasse isso, ainda viravam no mínimo na mesma balada de quem já havia parado. Era um início bastante promissor para o time.

Na volta 26, ali no limite do combustível, Rahal foi aos boxes e colocou os pneus duros. Pigot também parou, mas teve um trabalho bem menos eficiente do time e foi jogado para o fundo do pelotão. Outro trabalho muito ruim foi da Dale Coyne com Ferrucci, que retornou na frente apenas do lanterna Dalton Kellett.

Rahal voltou em quarto, mas parecia em posição bem interessante para a corrida pela estratégia de paradas. Na frente, Power tinha 5s1 para Newgarden e 8s5 para Harvey. Rahal vinha 12s4 distante do ponteiro, com Dixon, Herta, VeeKay, Rossi, O’Ward e Marcus Ericsson na sequência.

Rinus Veekay chegou a frequentar o grupo dos líderes (Foto: Indycar)

Mas VeeKay e O’Ward, assim como no começo da prova, pararam cedo e deixaram o grupo dos líderes. Na volta 34, foi a vez de Dixon e Herta nos boxes e o neozelandês confirmava, ali, a posição levada em cima do americano.

Aí foi que tudo mudou, na volta 36. As estratégias poderiam sofrer fortes alterações porque a primeira bandeira amarela apareceu, com Askew escapando na curva 14 e batendo forte no muro, na entrada da reta, ali no trecho do oval. Em amarela, quase todos os líderes foram para os boxes, com exceção feita a Rahal e Pigot, que estavam claramente ali para duas paradas.

O acidente de Oliver Askew (Vídeo: Indycar)

Assim, a corrida chegava à metade das 80 voltas com Rahal, Pigot e Daly na frente, os três rumando a apenas mais um pit-stop. Na sequência vinha o pessoal das três paradas, com Dixon, Herta, VeeKay, Rossi, Ferrucci, Pagenaud e O’Ward no top-10. Os líderes foram parar no meio do pelotão com o pit-stop em amarela: Power em 14º, Newgarden em 15º e Harvey em 16º.

A relargada aconteceu na volta 41 de uma forma muito esquisita: os seis primeiros escaparam, mas Rossi teve problemas e ficou, segurando o pelotão alguns segundos atrás. Era toda cara de fim de prova para o americano, que começou a temporada muito abaixo do esperado.

Lá na frente, Rahal e Pigot voltaram a escapar nas duas primeiras posições, mas Daly perdeu rendimento e foi superado por Dixon, Herta e o companheiro VeeKay. Pagenaud já surgia em sétimo, dando muita sorte na estratégia.

Na volta 45, Dixon conseguiu aproveitar que os pneus de Pigot já estavam no fim e levou a segunda colocação do americano. Basicamente, a corrida voltava a ter a cara do neozelandês, num misto de velocidade, talento, estratégia e, claro, sorte.

Spencer Pigot teve o pódio muito perto, mas o motor impediu (Foto: Indycar)

Dois giros mais tarde, lá estava Dixon liderando a corrida e com todo jeito de que venceria tranquilamente se mais nenhuma amarela surgisse. Não demorou muito para que o neozelandês colocasse 5s em Rahal e 6s3 em Pigot, com Herta sem conseguir superar a dupla da RLL.

A última rodada de paradas começava na volta 54 com Daly e, no giro seguinte, era a vez de Rahal e Pagenaud. Dixon, VeeKay e Power foram aos boxes na volta 56, enquanto Pigot e Herta pararam na 57. Deles todos, problemas para Power, que deixou o carro apagar e perdeu um bom tempo.

Newgarden e Veach foram os pilotos que esticaram bastante o penúltimo stint, com o atual campeão parando apenas com 20 voltas para o fim. Quando Veach finalmente foi aos boxes, o top-10 tinha: Dixon, Rahal, Pagenaud – que ultrapassou Pigot pouco depois da parada do americano -, Herta, VeeKay, Pigot, Ericsson, Newgarden, O’Ward e Daly.

Depois de dois grandes stints, Pigot perdia completamente o ritmo nas voltas finais e não conseguia mais segurar ninguém. Depois de ver praticamente o pelotão inteiro passar, o americano reportou problemas no motor no rádio, a chance do pódio e até do top-10 acabava ali.

Marcus Ericsson andou forte no Indy GP (Foto: AFP)

A briga quente nas voltas finais parecia ser mesmo entre o décimo e o 13º, mas ainda havia algumas posições em jogo, como o segundo lugar. Rahal perdia ritmo e via Pagenaud encostar, enquanto Herta, VeeKay e Ericsson brigavam pelo quarto posto. Newgarden e O’Ward andavam próximos pelo sétimo lugar.

Mas distante mesmo estava Dixon, vivendo já uma realidade paralela, quase 20s na frente de todo o resto do grid e comprovando que ter passado Pigot e Rahal depois da relargada mudou a história da corrida.

Ainda que de forma bem leve e discreta, um princípio de chuva rolava com sete voltas para o fim. Possivelmente, nada que fizesse alguém parar, mas alerta ligado.

A chuva não veio, ninguém passou perto de ameaçar Dixon e Rahal, muito bem, segurou Pagenaud para se garantir em segundo. No fim, Scott saía de Indianápolis com uma belíssima margem no campeonato, no melhor início de alguém desde 2010 na Indy.

Indy 2020, GP de Indianápolis 1, Final:

1S DIXONGanassi Honda1:41:59.32380 voltas
2G RAHALRLL Honda+19.947 
3S PAGENAUDPenske Chevrolet+20.564 
4C HERTAAndretti Honda+25.088 
5R VEEKAYCarpenter Chevrolet+25.636 
6M ERICSSONGanassi Honda+25.713 
7J NEWGARDENPenske Chevrolet+31.897 
8P O’WARDMcLaren Chevrolet+33.836 
9S FERRUCCIDale Coyne Honda+43.047 
10T SATORLL Honda+44.891 
11J HINCHCLIFFEAndretti Honda+46.167 
12C DALYCarpenter Chevrolet+49.977 
13R HUNTER-REAYAndretti Honda+50.489 
14Z VEACHAndretti Honda+52.217 
15F ROSENQVISTGanassi Honda+56.688 
16M CHILTONCarlin Chevrolet+1:00.232 
17J HARVEYMeyer Shank Honda+1:03.846 
18C KIMBALLFoyt Chevrolet+1:05.519 
19A PALOUDale Coyne Honda+1:06.478 
20W POWERPenske Chevrolet+1:11.613 
21D KELLETTFoyt Chevrolet+1 volta 
22M ANDRETTIAndretti Honda+1 volta 
23S KARAMDRR Chevrolet+1 volta 
24S PIGOTRLL Honda+6 voltasNC
25A ROSSIAndretti Honda+39 voltasNC
26O ASKEWMcLaren Chevrolet+46 voltasNC
Paddockast #68 | O QUE ESPERAR DA FÓRMULA 1 2020?
Ouça também: PODCASTS APPLE | ANDROID | PLAYERFM
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Indy direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.