Crise, abandono da Honda e reação na Ducati: os 1.043 dias de jejum de Marc Márquez

Marc Márquez viveu uma legítima epopeia para chegar à 60ª vitória da carreira na MotoGP. Neste domingo (1), ao receber a bandeirada do GP de Aragão na primeira posição, o espanhol não só encerrou um jejum de 1.043 dias, mas também colocou uma pedra sob um dos momentos mais tumultuados da carreira.

Protagonista desde que chegou à MotoGP, em 2013, Márquez viu a carreira sofrer um enorme revés em 19 de julho de 2020, quando caiu na curva 3 de Jerez de la Frontera e fraturou o úmero do braço direito. Uma destrambelhada tentativa de voltar precocemente acabou culminando em uma segunda cirurgia e, depois, em um ainda mais tumultuado processo de recuperação.

Depois de três cirurgias, Marc voltou a vencer 336 dias após a fratura, no GP da Alemanha de 2021. O triunfo seguinte veio meses depois, na Emília-Romanha.

Na sequência, porém, o caos voltou a reinar. Em outubro daquele ano, dias depois de vencer em Misano, Marc caiu em um treino e foi diagnosticado com concussão, o que o fez perder os GPs do Algarve e de Valência.

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Marc voltou a pilotar em janeiro e fez toda a pré-temporada, mas, em março, caiu no warm-up da Indonésia e foi barrado da corrida por uma nova concussão. Dois dias depois, um diagnóstico já conhecido voltou a afetar o mais velho dos irmãos Márquez: a diplopia.

3.803 dias depois do primeiro diagnostico, Marc se viu novamente às voltas com um problema de visão que o faz enxergar dobrado. A volta às corridas, contudo, não tardou a acontecer, mas, em 28 de maio de 2022, o #93 anunciou que se submeteria a uma quarta cirurgia no braço direito, já que seguia sofrendo com as consequências da lesão de Jerez.

No início de junho, Marc passou por uma osteotomia — um seccionamento cirúrgico do osso — na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, nos Estados Unidos. O procedimento realizado pelo Dr. Joaquin Sánchez Sotelo foi um sucesso, mas exigiu uma longa recuperação. O retorno à MotoGP veio apenas em setembro, no GP de Aragão.

A temporada 2023 foi a primeira que Marc conseguiu iniciar plenamente em forma, mas o esforço dele para estar fisicamente preparado não foi acompanhado pela Honda. Por anos, o talento do #93 mascarou as deficiências da RC213V, mas, nem quando ele faltou, a montadora fez os movimentos necessários para reagir.

Pouco a pouco, a Honda foi ficando mais e mais distante das vitórias. Desesperado para saber se ainda era capaz de ser competitivo depois de tudo que passou, o mais velho dos filhos de Roser e Julià negociou uma liberação antecipada do contrato, que ia até 2024, e se juntou ao irmão na garagem da Gresini em 2024.

No time de Nadia Padovani, Márquez encontrou respostas para todas as dúvidas. Com uma Ducati GP23 nas mãos, ele provou que não só era competitivo, mas que tinha capacidade de brigar por pódios.

Antes mesmo de a vitória chegar, Márquez conseguiu um contrato de dois anos com a Ducati, derrotando Jorge Martín na briga pelo lugar ao lado de Francesco Bagnaia a partir de 2025.

Agora, 1.043 dias depois daquela corrida em Emília-Romanha, Márquez volta ao topo do pódio da MotoGP, provando que tomou todas as decisões certas para recolocar a carreira nos trilhos após aquela quarta cirurgia.

A MotoGP volta a acelerar entre 6 e 8 de setembro, com o GP de San Marino e Riviera de Rimini, em Misano, 13ª etapa da temporada 2024. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade durante todo o ano.

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