Dovizioso fecha capítulo Ducati em baixa e com sonho distante de voltar à MotoGP
O GP de Portugal de 2020 marcou o fim de uma bonita história entre o piloto de Forli e a casa de Borgo Panigale. Mas a fase atual deixa dúvidas em relação às chances de o piloto do número 4 conseguir voltar ao grid em 2022
A parte mais bonita da carreira de Andrea Dovizioso na MotoGP teve um fim melancólico no GP de Portugal. A etapa no estreante circuito de Portimão marcou o divórcio entre o italiano de Forli e a Ducati e, possivelmente, também foi a despedida do piloto da classe rainha do Mundial de Motovelocidade.
Aos 34 anos, Andrea surpreendeu em meados de agosto ao dar por encerradas as tratativas com a Ducati pela renovação de contrato. Vice-campeão nos últimos três anos, Dovi tinha uma relação desgastada com o grupo de Borgo Panigale, que esperava de alguém extremamente racional um pouco mais de passionalidade.
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Embora os sinais de desgaste fossem evidentes, especialmente por conta da demora da fábrica dirigida por Claudio Domenicali em abrir as negociações, a ruptura surpreendeu principalmente pelo fato de Dovizioso não ter nenhuma carta nas mãos. As melhores vagas no grid já estavam todas fechadas e a única estrutura oficial pendente era a Aprilia, que esperou por Andrea Iannone até a Corte Arbitral do Esporte sentenciá-lo com um gancho de quatro anos por doping.
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Mas, apesar de ser um time de fábrica, a casa de Noale nunca fez brilhar os olhos de Andrea. Afinal, seria sair de uma equipe onde podia sonhar em ser campeão para cair em uma onde a realidade é a lanterna do Mundial de Construtores. De fato, o time chefiado por Massimo Rivola nunca foi nem uma opção.
O italiano, então, passou a falar abertamente na possibilidade de atuar como piloto de testes. E teve ofertas para isso. Segundo consta, foi procurado por Yamaha, Honda e até KTM, que nem tem motivo para cobiçá-lo, já que o trabalho de Dani Pedrosa é para lá de satisfatório.
Mesmo repleto de alternativas, Dovizioso fez uma escolha: recusou as ofertas e decidiu permanecer um “agente livre”. Tem quem diga que a escolha de Andrea tem relação com a condição física de Marc Márquez, que passou o ano todo afastado após fraturar o braço direito no GP da Espanha, abertura do campeonato. De acordo com essas teorias, o experiente italiano seria a primeira opção da fábrica da asa dourada caso o hexacampeão não possa voltar à ativa no prazo previsto.
Mas isso é só especulação. Afinal, ninguém sabe ao certo o verdadeiro estado de saúde do mais velho dos Márquez. Por enquanto, a versão oficial é de que Marc estará na abertura da próxima temporada.
E, se isso acontecer, permanecer “agente livre” não fará muito por Dovizioso. A melhor versão do italiano de Forli foi exibida nos últimos anos. Andrea mostrou mais qualidade a bordo da Desmosedici do que tinha feito até mesmo nos tempos de Honda e Tech3. Mas o fato é que a temporada 2020 tampouco esteve a altura da capacidade já demonstrada por ele. O piloto deste ano está longe de ser o mesmo de 2017, por exemplo.
Andrea insiste que o adeus de Portimão é temporário, apenas o início de um ano sabático. Mas a história mostra que não faltam talentos para assumir as MotoGP. A Moto2 parece ser uma fonte inesgotável de pilotos preparados para dar espetáculo em cima dos potentes protótipos. Fabio Quartararo, Brad Binder, Miguel Oliveira e Franco Morbidelli, por exemplo, são mostras claras disso.
Difícil imaginar que, aos 35 anos, Andrea conseguirá uma chance de voltar ao grid. Ainda mais depois de passar um ano afastado.
No fim das contas, o 2020 trouxe para o italiano foi um roteiro similar ao que vimos anteriormente com Dani Pedrosa e Jorge Lorenzo: pilotos com talento comprovado ― e, no caso dos espanhóis, com um currículo muitíssimo mais recheado ―, mas que viram a passagem pela classe rainha terminar mais do que em baixa.
No caso do #26 de Sabadell, o posto de piloto de testes da KTM serviu para lembrar o mundo do talento de Dani, que é um dos responsáveis pela forma atual da RC16. O tricampeão da MotoGP, por outro lado, assinou para ser piloto de testes da Yamaha, pouco foi usado ― e, quando foi, apareceu fora de forma e não correspondeu ― e acabou perdendo a vaga para Cal Crutchlow, a quem agora se dedica a diminuir em uma série de posts nas redes sociais.
Se voltar ao grid em 2022, Dovizioso será mesmo um cara de sorte. Se não voltar, resta saber se ele seguirá o rumo de Dani ou o de Jorge. Mas, seja como for, o fim em Portimão não esteve a altura do piloto dos últimos anos.
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