Entre a cruz e a caldeirinha: Lorenzo chega à Itália pressionado por resultados e com futuro incerto na MotoGP

Tricampeão da classe rainha, Jorge Lorenzo viu a vida mudar em menos de dois anos e, depois de assinar aquele que é tido como o maior contrato da história da MotoGP, hoje se vê pressionado por resultados e com futuro em xeque no Mundial de Motovelocidade

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A MotoGP desembarca na Itália neste fim de semana com Jorge Lorenzo vivendo uma situação para lá de atípica. Dono de 44 vitórias na classe rainha, o #99 se vê hoje entre a cruz e a caldeirinha, pressionado por resultados e com o futuro incerto na elite da motovelocidade.
 
Tricampeão da MotoGP, Lorenzo foi contratado pela Ducati em meados de 2016 para ser o protagonista do biênio seguinte, mas apesar da clara evolução apresentada pela Desmosedici ― que venceu seis vezes no ano passado e chegou a brigar pelo título sob o comando de Andrea Dovizioso ―, o piloto de Palma de Maiorca segue sem se encontrar com o protótipo italiano.
 
Nas 23 corridas que disputou até aqui com a Ducati, Lorenzo conseguiu apenas três pódios ― dois terceiros lugares (nos GPs da Espanha e de Aragão) e um segundo (na Malásia) ―, todos no ano passado, enquanto que em 2018 tem como melhor resultado um sexto lugar no GP da França. Com tal desempenho, Jorge amarga hoje o 14º posto no Mundial de Pilotos, 79 pontos atrás do líder Marc Márquez
Jorge Lorenzo desembarca na Itália pressionado e com futuro na MotoGP em xeque (Foto: Ducati)
É bem verdade que Lorenzo evoluiu ao longo do tempo, especialmente na segunda metade da temporada passada, mas o ‘desencaixe’ com a Ducati segue evidente. Em Le Mans, por exemplo, o #99 chegou a apontar a ergonomia da moto como uma barreira para sua performance.
 
Contratado a peso de ouro, Jorge tem hoje aquele que é considerado o maior contrato da história da MotoGP, mas, por uma razão ou outra, não vem fazendo jus ao salário milionário. Em um cenário como tal, a Ducati foi impelida a transferir para ‘aquele que produz’ uma parte importante de seu orçamento, premiando Dovizioso pela atuação, mas deixando a situação do espanhol um bocado mais difícil, já que também é preciso tratar as contas do time com parcimônia. 
 
Dono de um currículo vistoso, com um total de 65 vitórias, 148 pódios, 65 poles e cinco títulos ― dois nas 250cc ―, o ex-titular da Yamaha segue confiante em seu ‘valor de mercado’, mas ele mesmo reconhece que essa quantificação não leva em conta o compilado de sua vida profissional, mas, sim, um desempenho atual que ainda está bastante aquém daquilo de Lorenzo costumou a exibir.
 
A caminho de Mugello, onde no ano passado a Ducati abriu sua melhor sequência em anos, Lorenzo tem as costas contra as cordas e precisará desviar dos golpes que vierem em sua direção neste fim de semana para aumentar suas esperanças de seguir na Ducati. Mas, infelizmente, o cenário parece longe de ser positivo.
 
Depois de uma demora até certo ponto injustificada, a Ducati confirmou em Le Mans a renovação do vínculo de Dovizioso, mas as declarações mais recentes vindas do entorno de Borgo Panigale devem ser um sinal de alerta para Jorge.
 
 
 
Diretor-esportivo da Ducati, Paolo Ciabatti disse ao site britânico ‘Crash.net’ que Mugello é uma espécie de ‘tudo ou nada’ para o #99, já que a fábrica de Bolonha também precisa se preocupar em manter vivas suas opções com Petrucci e Miller.
 
“Se essa química não começar a funcionar no nível que esperamos, que é lutando por vencer corridas, lutando por pódios, então eu não acho que seja uma boa ideia continuar”, afirmou Ciabatti. “O que nós dissemos foi, vamos esperar pelas três primeiras corridas europeias e aí sentamos e vemos, antes de mais nada, se ele está feliz com a moto, se é capaz de lutar pela posição que merece, e também se ele é capaz de lutar pelas posições que a Ducati quer de um piloto do nível dele. Acho que não faz sentido continuar, continuar e continuar e fazer funcionar se não funciona”, ponderou.
 
“Essa abordagem é positiva dos dois lados. Acho que, do outro lado, nem mesmo Jorge ficaria feliz em continuar se ele ainda tem dificuldades e não é capaz de lutar por vencer corridas. Ele venceu tantos GPs na carreira dele que o ano passado foi o primeiro em que ele não venceu uma única corrida. Até aqui, a situação é ainda pior”, resumiu.
 
Mas, e se a renovação com a Ducati não sair? Até agora, só Yamaha e KTM têm seus times completos para o próximo ano, com as outras quatro fábricas, incluindo, aí, a vermelha, com apenas 50% de seus times definidos.
 
Nesse cenário, a Suzuki apareceu como alternativa mais forte para Lorenzo nas últimas semanas, até porque, historicamente, a marca de Hamamatsu sempre teve protótipos mais similares aos Yamaha. Entretanto, a coisa parece ter desandado.
 
Segundo a imprensa europeia, contar com Lorenzo era um desejo de Davide Brivio, mas a opção do italiano, que trabalhou com o #99 na Yamaha, encontrou resistência na cúpula do time. Além disso, o jornal espanhol ‘AS’ dá como certo um acerto entre a Suzuki e Joan Mir, campeão de 2017 da Moto3 e atual piloto da Marc VDS na Moto2.
 
Restariam, então, em times oficiais, as vagas da Honda e da Aprilia. Do lado da asa dourada, Alberto Puig fala abertamente em avaliar opções, mas, com o passar dos dias, a permanência de Dani Pedrosa parece mais e mais provável. 
 
No que diz respeito à casa de Noale, Scott Redding ainda não tem contrato e sabe que está sob pressão, mas é Andrea Iannone também é uma opção para os italianos. Até outro dia, o #29 podia parecer uma alternativa ruim, mas o ‘Maniac’ encontrou alguma forma e vem se destacando nas etapas mais recentes, o que pode favorecê-lo em eventuais negociações.
 
A situação de Lorenzo, então, fica ainda mais complicada. Sem lugar entre as seis equipes de fábrica, o que resta ao espanhol? Especulações recentes falam em um resgate da Yamaha.
 
Anos atrás, Valentino Rossi tentou a sorte na Ducati, mas não teve muito mais sucesso que Lorenzo e optou por fazer o caminho de volta. A decisão do #46, porém, veio muito mais cedo. 
 
Ao jornalista Enrico Borghi, autor do livro ‘Valentino Rossi – A obra-prima’, Masao Furusawa, chefão da Yamaha na primeira passagem do piloto de Tavullia pelo time, contou que o italiano pediu sua ajuda para voltar à YZR-M1 ainda em 2011, durante o GP dos Estados Unidos, em Laguna Seca. Era o primeiro ano de seu contrato com a Ducati.
 
Aposentado, Furusawa estava no circuito californiano a convite da Yamaha e foi chamado por Rossi para uma conversa. O #46, então, pediu ajuda para ‘voltar para casa’ e coube a Masao fazer os primeiros contatos com a fábrica dos três diapasões, ainda que não tenha sido parte ativa das negociações. Na época, Valentino tomou o lugar de Ben Spies.
 
Desta vez, porém, a situação é diferente. Não existe vaga no time de fábrica, já que a Yamaha acertou a renovação de Maverick Viñales até 2020 antes mesmo do início da temporada e não tardou muito mais a prolongar a permanência de Rossi.
 
A imprensa espanhola fala, então, em uma terceira moto oficial em um time de satélite, algo como o que Cal Crutchlow, por exemplo, tem com Honda e LCR. Mas aí surge um outro porém: hoje, 29 de maio, a Yamaha sequer tem uma equipe independente para chamar de sua.
 
Inicialmente, a Marc VDS aparecia como candidata mais cotada, mas as negociações viraram em favor da Suzuki e, depois, degringolaram, muito, também, por conta dos problemas da equipe belga, que tem o chefe Michael Bartholemy afastado do time sob suspeita de ter feito uma gestão um tanto inapropriada dos recursos financeiros do time.
 
Digamos, porém, que a esquadra de Marc van der Straten resolva sua complicada situação interna e se torne equipe satélite da Yamaha, mas o que a casa de Iwata ganharia ao colocar Lorenzo por lá? Seria mesmo uma boa ideia ter um piloto em um time satélite em condições de bater a dupla oficial?
 
A Yamaha teve a chance de alinhar uma terceira moto oficial meses atrás, o que poderia ter salvo um relacionamento de 20 anos com a Tech3 e dado a Johann Zarco merecidas melhores condições. Mas não o fez. Claro, Lorenzo tem um currículo muito mais estrelado que o #5 e seria um ativo importante para o time, mas Iwata sempre pareceu firme no propósito de manter as equipes independentes com motos defasadas. Uma prática que, aliás, está em vigor hoje.
 
Se esse ‘plano-tampão’ não sair do outro lado, restaria a Lorenzo apenas um ano sabático ― já que é difícil imaginar alguém da estatura do espanhol em uma equipe satélite ‘qualquer’. 
 
Em Le Mans, Lorenzo descartou a possibilidade de dar uma pausa na carreira e aí tentar uma recolocação no futuro: “Não acho que exista a possibilidade de tirar um ano sabático. Quando parar, vou parar para não voltar”.
 
Se nada mais der certo, Lorenzo corre, sim, o risco de ficar a pé em 2019, o que seria uma pena não só para ele, mas para o Mundial de Motovelocidade como um todo. 
 
Ofuscar a concorrência em Mugello parece mesmo o melhor caminho para um futuro garantindo. Resta saber se a Desmosedici enfim aceitará ser domada pelo cavaleiro de Maiorca. 
 

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