Exigente, incrível, fantástica e divertida: Portimão encanta no primeiro dia da MotoGP
No dia da estreia, a MotoGP se viu competitiva na pista do Algarve com 18 pilotos no mesmo segundo do líder. Além do ritmo forte, o traçado português também encantou os pilotos da classe rainha
Portimão nem precisou de muito tempo para encantar os pilotos da MotoGP. No primeiro dia de treinos para o GP de Portugal, o que se viu foi uma longa lista de elogios ao traçado do Algarve, que só ganhou espaço no calendário por causa da reformulação demandada pela pandemia do novo coronavírus e que aparece apenas como reserva na programação de 2021.
Das 15 edições anteriores do GP de Portugal, uma foi realizada em Jarama (1986), outra em Jerez (1987) ― ambos na Espanha ―, e as demais no Estoril, traçado que ficou no calendário até 2012. Assim, Portimão é o 72º circuito diferente a receber o Mundial de Motovelocidade.
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Embora já tivessem feito um teste prévio no traçado português usando motos de rua, a sensação com as MotoGP foi ainda mais gritante, o que resultou em toda sorte de elogios.
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“Esta pista é incrível! É muito boa!”, disse Viñales. “Estou curtindo bastante. Honestamente, não me importei com tempo de volta, estava só tentando curtir a experiência”, contou.
Companheiro de Yamaha, Valentino Rossi também cedeu aos encantos do traçado conhecido como ‘montanha-russa’.
“A pista é fantástica. É diferente de outras pistas. Com as motos de MotoGP, é difícil, porque você vai muito rápido, mas é linda e muito divertida de pilotar”, comentou.
Pol Espargaró, que se despede neste fim de semana da KTM, já que vai correr pela Honda no próximo ano, também elogiou o traçado, mas reconheceu que não gostaria de disputar um título por lá.
“É um circuito muito exigente, tanto física como mentalmente. São muitas coisas que precisamos colocar no lugar, mas, no fim, acho que estamos bem posicionados”, comentou o catalão, que fez o oitavo tempo nesta sexta-feira (20). “Antes de rodar com a MotoGP, achava que uma condução mais agressiva seria melhor. Mas a medida que fui rodando, acho que quanto mais fluidez, mais rápido você é. Se você exagera ou força além da conta, os tempos não saem”, explicou.
“Mugello é um circuito parecido em termos de nível de adrenalina que você carrega quando para nos boxes. A grande diferença é que normalmente conhecemos os circuitos, mas neste caso, tudo é muito estressante”, comentou. “Eu não diria que é um circuito perigoso, mas evidentemente que há pontos em que você pode cair muito rápido. Isso sim. Não gostaria nem um pouco de disputar um título aqui. Existem muitos pontos críticos, nos quais a roda dianteira pode travar e você cair”, completou.
Na briga pelo vice-campeonato de 2020, Álex Rins foi mais um que se mostrou animado com o traçado.
“Esta pista é muito exigente, mas é muito legal de pilotar”, resumiu. “Você tem de se concentrar bastante, porque a pista tem muitos elementos diferentes, com subidas e descidas, diferentes cambagens e curvas, não tem tempo para respirar! Você precisa ficar focado e controlar bem, apontou.
15 pilotos cobertos por 0s560
Além da animação com o traçado, a sexta-feira também foi um dia de buscar acerto em um território desconhecido. O que deu um trabalho extra para as equipes. No entanto, ao contrário da tradicional 1h30 de toda sexta de treinos livres, desta vez a MotoGP foi uma mãe, dando 2h20 de pista livre para todos. O que não agradou todo mundo.
Titular da Aprilia, Aleix Espargaró fechou o dia com o terceiro melhor tempo, só 0s228 atrás de Johann Zarco, o líder das atividades. Mas acredita que poderia ter mais vantagem não fosse o treino mais longo, já que a casa de Noale tinha testado no Algarve com os titulares antes.
“A verdade é que quando vi os horários, não fiquei muito feliz. Não me parece muito justo. No fim, se você tem as vantagens que a Aprilia tem com as concessões, poder vir aqui e testar, mas aí chega na sexta-feira e tem 2h30 de sessão de treinos, você perde essa vantagem e o esforço que a Aprilia fez de vir aqui há um mês comigo e a equipe de testes”, falou. “No TL1, nós claramente tiramos vantagem dos dados do teste, mas com duas sessões tão longas, os outros pilotos rapidamente atingiram velocidade”, ponderou.
“É por isso que estou muito satisfeito com a terceira posição geral, pois estar na frente no TL2 também mostra que fizemos um trabalho muito bom. Além da volta lançada, também fomos competitivos com pneus usados, o que é um aspecto muito importante, porque o desgaste dos pneus na corrida será crucial, especialmente nas últimas dez voltas”, indicou. “Amanhã vou batalhar para terminar dentro do top-6. Acho que é um resultado que tanto o time quanto eu merecemos”, alegou.
Ao contrário de Aleix, Johann Zarco saiu bastante satisfeito. Mesmo com uma Ducati defasada, o piloto da Avintia ficou com o topo da folha de tempos.
“Sinto que trabalhamos muito bem a equipe, pois ao fim da sessão da manhã não estava satisfeito. A moto estava difícil de controlar, mas na parte da tarde, nós progredimos”, falou Zarco. “Sinto que nos últimos 20 minutos fizemos ainda mais progresso, não apenas com os pneus, mas também com os ajustes e estou feliz que tivemos tempo de testar as coisas para melhorar a sensação para andar ainda melhor com o pneu macio. Estou feliz com o dia. É bom estar na ponta em um novo circuito”, completou.
Segundo na tabela, Viñales viu a YZR-M1 funcionando bem, mas ressaltou que a MotoGP como um todo foi bastante competitiva.
“A moto está funcionando bem e estamos pilotando bem nesta pista. Foi bom testar todos os pneus hoje para entender e ter uma noção de qual direção seguir amanhã. Vamos ver o que acontece”, falou o ‘Top Gun’. “Todos são rápidos. Os primeiros 15 pilotos estão em 1min39s, então tudo está muito apertado. Estamos todos no limite. O anti-wheelie é muito importante, então vamos tentar dar outro passo lá”, completou.
Rossi, por outro lado, sofreu um bocado e, apesar de ter melhorado ao longo do dia, ficou apenas em 21º, 1s862 atrás de Zarco.
“Tentamos algumas coisas diferentes hoje, mas, no fim, não encontramos um passo de verdade. Com a minha primeira moto, eu tinha um acerto próximo do normal, eu fui um pouco mais rápido. Mas, infelizmente, perdi a frente na curva 4. Eu cai, mas estou bem”, relatou. “Mas depois, tive de sair com a outra moto e não tive a mesma sensação, então não fui rápido o bastante. Tentamos melhorar a aderência na traseira, mas perdi velocidade na entrada de curva. O que ganhamos por um lado, perdemos por outro. Amanhã, vamos ficar com um acerto mais padrão para tentar entender se podemos ser mais fortes”, comentou.
Campeão antecipado, Joan Mir fechou o dia na sexta colocação, 0s315 mais lento que Zarco. O espanhol destacou a dificuldade em adaptar a GSX-RR ao traçado.
“Considerando que é o primeiro dia nesta pista, me sinto muito bem. Trabalhamos bastante no acerto e na eletrônica. É bem difícil acertar a moto para se encaixar a um circuito em que nunca estivemos. Trabalhamos muito para encontrar o acerto certo. Mas no fim do dia já me sentia confortável e achei um bom ritmo, então ficamos muito satisfeitos com esse primeiro dia”, disse Mir. “É a mesma coisa para todo mundo, então é importante ficar tranquilo o mais rápido possível e aprender rápido. Me senti forte em vários lugares da pista, mas sempre temos margem de melhora e espero ter uma boa performance amanhã”, completou.
Companheiro de Suzuki, Álex Rins levou um tombo nos treinos e voltou a sentir o ombro lesionado no início do ano, mas não pareceu muito preocupado com a lesão.
“Depois da queda, senti um pouco de dor no meu ombro ‘ruim’, mas, felizmente, nada que um tratamento rápido não resolva. Estou ansioso para pilotar amanhã de novo e vou continuar trabalhando duro para encontrar o melhor acerto para lutar pela ponta”, concluiu.
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