Falta de segurança irrita pilotos e coloca futuro da MotoGP em Jerez em xeque

O fim de semana do GP da Espanha, em Jerez, viu vários acidentes fortes e incomodou os pilotos da MotoGP. Com motos cada vez mais rápidas, a situação deve forçar uma mudança no circuito para o próximo ano e abre até uma possibilidade de saída do calendário

Marc Márquez sofreu forte acidente no fim do TL3 (Vídeo: MotoGP)

A pista de Jerez de la Frontera foi inaugurada em 1985. Dois anos depois, recebeu o Mundial de Motovelocidade pela primeira vez e, desde então, só ficou fora do calendário em uma única oportunidade. Combinando curvas de alta e baixa, o circuito espanhol possui apenas duas retas não muito longas. E viu, no último fim de semana, vários pilotos da MotoGP sofrendo acidentes fortes e perigosos. A segurança da categoria voltou a ser um dos principais assuntos.

No primeiro dia de treinos, Tito Rabat escapou na curva final de Jerez e levou um susto. Com o impacto da queda, o airbag foi acionado e abriu seu macacão. No sábado e no domingo, Marc Márquez sofreu dois fortes acidentes e chegou a ser levado a um hospital na região para exames mais detalhados. Mesmo assim, seguiu na corrida. Esses são apenas dois exemplos de pilotos que caíram na pista espanhola, pois outros incidentes aconteceram na Moto2 e na Moto3.

Após a classificação, Franco Morbidelli foi uma das vozes ativas no grid para reclamar do circuito. “É uma ótima pista, andar aqui é incrível, é um grande prazer, mas é verdade que as áreas de escape são próximas demais”, pontuou.

Marc Márquez caiu na curva 4 no warm-up (Foto: Reprodução)

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Além da proximidade do muro com a pista em muitos trechos, o tamanho das pedras usadas na caixa de brita também foi questionado, dessa vez por Jack Miller, o vencedor da prova.

“O tamanho da brita aqui é como uma pedra de rio. São grandes pedaços de brita e você vai notar que ninguém realmente vai lá”, afirmou o australiano.

Vale lembrar que foi nessa mesma pista que Marc Márquez sofreu um grave acidente na abertura da temporada 2020, fraturou o braço e ficou nove meses ausente da MotoGP. Se voltarmos no tempo, vamos lembrar que a carreira do grande Mick Doohan também acabou após uma queda em Jerez. Por isso, mudanças serem feitas na pista somente agora não agradam os pilotos, especialmente Aleix Espargaró.

Tito Rabat perdeu o controle da moto na última curva do circuito espanhol (Vídeo: MotoGP)

“Me deixa bem irritado. Eu não sei porque temos que esperar dois acidentes para falarmos sobre segurança. Nós falamos muitas vezes que as barreiras aqui são próximas demais, já sabemos disso. Não devemos aguardar uma queda para levar isso a sério”, pontuou o piloto da Aprilia.

“O problema é que Jerez é um circuito seguro, mas a MotoGP está indo cada vez mais rápida graças a pneus, asas, tudo. No passado, você freava para a curva 6 e depois só acelerava um pouco na curva 7, mas agora você pode ganhar até 150 km/m por conta do downforce. Os circuitos estão ficando cada vez menores”, acrescentou.

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Circuito de Jerez foi duramente criticado pelos pilotos da MotoGP (Foto: Yamaha)

Joan Mir foi outro que bradou contra a segurança em Jerez, especialmente contra as barreiras de ar, como as que Marc Márquez foi de encontro no terceiro treino livre. “O desenho da curva 7 não é suficiente. Eu caí aqui em um teste em 2019 e fui parar embaixo da proteção. As áreas de escape não são suficiente para a MotoGP, estamos realmente no limite”, afirmou o atual campeão da categoria.

Se olharmos para o calendário da MotoGP, Jerez é, de fato, um dos circuitos mais antigos e obsoletos. Por outro lado, a categoria está cada vez mais rápida e tecnologica, deixando os pilotos em situação bem complicada se nenhuma reforma for realizada.

Em uma categoria que busca avançar na segurança, mas ainda deixa pilotos vulneráveis e expostos, toda e qualquer melhoria é necessária. Só pode esperar uma tragédia acontecer para mudanças surgirem.

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