Sorte sorri para Miller, que apazigua críticos e sai protagonista do GP do Espanha

Depois de um início de temporada abaixo da expectativa, o australiano enfim mostrou a mesma boa performance da época dos testes e tratou de encerrar um jejum que vinha desde o já distante GP da Holanda de 2016

A sorte enfim sorriu para Jack Miller. O segundo lugar no GP da Espanha deste domingo (2) já seria bom o bastante para acalmar os críticos, mas o revés de Fabio Quartararo lançou o troféu nas mãos do australiano, que voltou ao topo do pódio da MotoGP depois de 2.136 dias. Ou seja, quase seis anos.

Na sétima temporada na MotoGP, Miller foi muito bem na pré-temporada, mas decepcionou no início do campeonato. Nas três corridas anteriores, Jack foi nono nas duas provas de Losail e abandonou o GP de Portugal. Na província de Cádiz, porém, o piloto da Ducati encontrou o que tinha perdido em algum ponto de 2021.

Jack Miller passou quase seis anos sem vencer na MotoGP (Foto: Michelin)

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No circuito Ángel Nieto, Miller foi crescendo treino a treino até conquistar o terceiro lugar no grid de largada do GP da Espanha. Quando as luzes se apagaram na reta de Jerez, o australiano de Townsville pulou na frente e liderou as primeiras três voltas antes de perder a ponta para Quartararo, que era o dono da pole.

Proprietário de um ritmo destacado ao longo de todo o fim de semana, Fabio liderou as 12 voltas seguintes e chegou a abrir mais de 1s5 de vantagem, mas quando a síndrome compartimental começou a afetar o jovem de Nice, foi Jack quem cresceu enquanto a performance de Fabio derretia.

De volta à liderança, Miller teve outras dez voltas sozinho na ponta, mas foi virando na casa de 1min38s6 para não ser incomodado por Francesco Bagnaia, o companheiro de Ducati. Com 1s912 de margem, o australiano, que pulou direto da Moto3 para a MotoGP em 2015, recebeu a bandeirada para a segunda vitória na carreira na classe rainha, a primeira com a equipe de fábrica Ducati.

“Não sei se estou de volta. Digamos que finalmente estou aqui”, disse Miller. “Da última vez que venci, foi um enorme choque no molhado. Desta vez, definitivamente me matei de trabalhar para conseguir”, seguiu.

“Nunca pilotei de forma tão precisa, tão boa em toda a minha vida. Acho que nunca fiz 25 voltas seguidas como aquelas na minha vida”, indicou. “É fantástico conquistar isso. Sinceramente, é uma coisa de outro mundo”, desabafou.

Fabio Quartararo despencou no pelotão por problemas físicos (Foto: Yamaha)

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Jack, que logo que encerrou a corrida se mostrou emotivo e disse lamentar a ausência dos pais em Jerez, falou que está vivendo uma montanha-russa de emoções.

“Desde a bandeira quadriculada… Desde a curva 12, estou nesta montanha-russa e isso só continua. Estou chorando e soluçando como um bebê e, no minuto seguinte, estou muito irritado. Não sei, é difícil colocar em palavras o que estou sentindo aqui”, comentou.

“Foi um fim de semana fenomenal, fiquei mais e mais forte ao longo do fim de semana e credito isso ao fato de ter baixado a cabeça no TL1, no TL4, só fazendo as voltas sozinho. Quando vi Fabio sofrendo, pensei: ‘Tenho de tentar’. Vi quantas voltas faltavam e pensei: ‘É muito tempo sozinho na frente. Tem certeza de que consegue?’”, relatou. “Eu estava tendo essa conversa dentro do capacete”, contou.

Ainda, Miller fez questão de agradecer o apoio de Gigi Dall’Igna, chefe da Ducati Corse; Davide Tardozzi, chefe da equipe; Paolo Campinotti, chefe da Pramac; e Claudio Domenicali, o diretor-executivo da marca de Borgo Panigale.

“Não tenho palavras para agradecer o pessoal da Ducati pelo apoio, desde Gigi, a Davide, a Paolo, a Claudio. Claudio esteve ao meu lado este tempo todo, acreditando em mim”, ressaltou. “Não posso agradecê-los o bastante. Não posso agradecer aos meus pais o suficiente. É uma chuva de emoções”, concluiu.

O triunfo na Espanha dá um necessário respiro ao piloto da Ducati. As críticas foram tantas após as primeiras corridas que Jack até se afastou das redes sociais para preservar a própria saúde mental. Resolve tudo? Não, não resolve. Mas é um caminho.

Miller agora ocupa a sexta colocação no Mundial de Pilotos, 27 pontos atrás do parceiro de Ducati, que lidera a classificação. Com pelo menos 15 GPs pela frente ― sem contar os GPs da Argentina e das Américas, que seguem sem data confirmada ―, Jack tem tempo suficiente para renascer no campeonato. Só precisa preservar a forma de hoje.

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