Até quando? Haters sobem tom e afastam pilotos da MotoGP das redes sociais

Dias depois de Jack Miller anunciar que tinha se afastado das redes sociais para preservar a própria saúde mental, Maverick Viñales excluiu a conta no Twitter na esteira de ataques pela performance no GP de Portugal

Marc Márquez acabou a corrida em Portimão cansado e emotivo (Vídeo: MotoGP)

Os haters largaram na frente na temporada 2021 da MotoGP. Passadas apenas três etapas do campeonato 2021, dois pilotos se afastaram das redes sociais: Jack Miller entregou o acesso para um assistente para preservar a própria saúde mental após a rodada dupla do Catar. Maverick Viñales excluiu a conta no Twitter logo após o GP de Portugal.

O que se passa com os dois não é exatamente diferente do que acontece com outros atletas. Ou até mesmo com pessoas que têm algum nível de notoriedade. Faça um teste: entre na rede social de algum jogador de futebol que jogou abaixo do esperado recentemente. Ou de um piloto de Fórmula 1 que não teve a melhor das performances no GP da Emília Romanha. Esses dias teve até uma narradora que levou a culpa pela derrota de um time na Copa do Brasil. É bem fácil achar um hater. Parece que eles estão por toda parte.

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Maverick Viñales excluiu conta no Twitter após o GP de Portugal (Foto: Reprodução)

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No caso de Miller e Viñales, o auge das críticas vem após performances abaixo das expectativas. O australiano foi muito bem na pré-temporada, mas ainda não conseguiu converter o desempenho dos testes em resultados. Maverick venceu a primeira corrida do ano, não foi mal no GP de Doha, mas caiu para último ainda no início da prova de Portimão.

Olhando para o torcedor mais fervoroso, é claro que a irritação é natural. A expectativa era mesmo maior do que os dois entregaram. Mas existe uma grande diferença entre se decepcionar com a performance do atleta para o qual você torce e ir avacalhá-lo nas redes sociais, não? Se não tem, deveria!

É fato, também, que muitas dessas críticas não vêm de pessoas são fãs de Miller ou Viñales. Alguns partem para o ataque só pelo puro prazer de atacar alguém ‘acessível’. Outros acham que, para defender seus ‘queridinhos’, precisam ir lá ofender outro coitado.

Só que tem gente que ― finge que ― esquece que por traz de cada tela de computador, smartphone ou sei lá eu o que, tem sempre um ser um humano. Uma pessoa real, com crises e inseguranças. E tem que ignora mesmo que pode machucar os outros com aquilo que diz.

Será que você, advogado, gostaria de ler um comentário nas suas redes sociais dizendo que o profissional X é que deveria estar no comando do departamento jurídico dessa grande empresa pela qual você é responsável? Ou você, arquiteto, acharia legal ouvir que seu trabalho é uma porcaria? E que tal você, chefe de cozinha, como se sentiria se os clientes do restaurante ao lado decidissem entrar nas suas redes sociais questionando o sabor dos seus pratos sem nunca sequer terem provado do seu tempero?

Tudo isso acontece nas redes sociais. E acontece mais e mais. O tempo todo. Dia desses aqui no Brasil, alguns adultos acharam que era ok ofender uma criança, inclusive com ofensas racistas ― alô, polícia! ―, por estarem insatisfeitos com o comportamento da mãe dela em um reality show.

Muita gente esquece que as pessoas que nós vemos na TV ― atletas, atores, músicos e etc. ―, embora às vezes tenham habilidades perto de sobrenaturais, são tão humanos quanto todos nós. E se nós ficaríamos incomodados com críticas grosseiras ao nosso trabalho, porque eles não ficariam?

Você tem todo o direito de achar que a temporada do Miller é uma desgraça. Você pode achar que Viñales não merecia a M1. Você pode achar o que você quiser, é um mundo livre ― pelo menos, boa parte dele ―, mas será que precisa mesmo ir lá falar para o sujeito que ele é uma porcaria?

Maverick Viñales excluiu conta no Twitter após bate boca com seguidores (Foto: Reprodução)

Em resposta do GRANDE PRÊMIO durante uma coletiva organizada pela Petronas para um pequeno grupo de jornalistas, Franco Morbidelli sugeriu que as pessoas modifiquem a maneira de transmitir seus pensamentos às pessoas.

“Quando você tem uma grande visibilidade, com certeza, em algum momento, vai dividir opiniões. Então algumas pessoas vão pensar bem a seu repeito e outras vão pensar coisas ruins. É assim que é a vida”, disse Franco. “Às vezes, a entrega dessas coisas ruins pode ser dura, pode ser difícil. Algumas pessoas podem se machucar com a maneira como esse pensamento negativo é entregue”, continuou.

“Haters são normais nesse mundo. Acho que talvez devessem melhorar a maneira como entregam, não o pensamento deles, pois as pessoas dizem o que pensam. Não podem mudar o que pensar. Quando dizem, é o que estão pensando, então precisam dizer. Talvez possam melhorar a maneira de manifestar isso, para que não machuquem demais as pessoas para quem estão dizendo”, sugeriu. “Às vezes, nós esquecemos que grandes personagens, como um piloto de MotoGP pode ser, nós olhamos para eles apenas como grandes personagens, mas, no fim das contas, são pessoas, um ser humano normal, então podem se magoar”, concluiu.

As redes sociais podem ser ferramentas incríveis, já que permitem um canal direto de comunicação com pessoas que talvez não estivessem ao alcance do grande público. Mas, como tudo na vida, precisa ser saudável para todo mundo. Quando deixa de ser, não faz sentido. Miller e Viñales têm razão em se afastar. Errado é que eles tenham precisado fazer isso.

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