Polêmicas em Portimão ligam alerta da MotoGP com novos painéis e limites de pista

A MotoGP estreou novo sistema de sinalização, com painéis luminosos, no GP de Portugal. Isso não impediu punições e polêmicas nos treinos. Além disso, os limites de pista, cada vez mais detalhistas, voltaram a ceifar tempos e irritar os pilotos da classe rainha do Mundial

Jorge Martín caiu no fim do terceiro treino livre para o GP de Portugal (Vídeo: MotoGP)

No GP de Portugal, disputado no último domingo (18), a MotoGP estreou uma novidade: os painéis luminosos de sinalização. O item de segurança, então previsto para 2022, foi adiantado após acordo da Dorna, promotora do Mundial, com a EM Motorsport. Ainda assim, uma polêmica envolvendo bandeiras amarelas movimentou a classificação em Portimão, ao tirar a pole de Francesco Bagnaia. A outra foi com os limites de pista, cada vez mais detalhistas e impiedosos.

Se o leitor está perdido, sem saber o que aconteceu, vamos recapitular. Nos minutos finais do Q2, Miguel Oliveira perdeu o controle da KTM e caiu na curva 9. Francesco Bagnaia ignorou as bandeiras amarelas, manteve o ritmo forte e fez a pole. Logo depois, porém, perdeu a volta rápida e a primeira posição no grid caiu no colo de Fabio Quartararo. Pronto, insatisfação instaurada no paddock do circuito português.

É bem verdade que a instalação dos painéis luminosos chegou à MotoGP para facilitar a vida dos pilotos e também dos comissários. As luzes são controladas pela direção de prova e podem ser alteradas instantaneamente, dependendo do status da pista. No entanto, cada tela terá um controle próprio para que o fiscal de pistal possa mudar e indicar bandeiras pontuais. Na teoria, simples. Na prática, um pouco mais complicada.

Francesco Bagnaia foi punido por desrespeitar bandeiras amarelas na classificação do GP de Portugal (Foto: Reprodução)

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Francesco Bagnaia, que perdeu a pole, questionou a visibilidade do painel assim que saiu da pista. Depois de fazer a melhor volta do treino, acabou apenas com 11º lugar no grid. Além de achar a sinalização pequena, o italiano da Ducati reclamou da localização do instrumento, o que de fato, é algo pertinente.

Se analisarmos as imagens na moto de Bagnaia, vemos bandeiras amarelas no canto direito, sim, é inegável. O problema é que a curva 8 é feita para a esquerda em alta velocidade e leva para a curva 9, travada e cega em alguns momentos, além de também ser para a esquerda. Ou seja, o piloto dificilmente vai mexer o corpo e a cabeça para olhar para fora da pista, para outro lado, antes de fazer a tangência. Fosse a sinalização do outro lado e o italiano teria notado com extrema facilidade.

“A regra existe, tem de ser respeitada, mas as bandeiras precisam estar visíveis e não dava para vê-las naquele ponto. Painéis? Sim, mas nos locais certos. Eu preciso levantar a moto, então é difícil”, pontou Pecco após a classificação.

As regras de fato precisam ser cumpridas. Oliveira estava caído próximo ao circuito, era perigoso seguir em alta velocidade. Mas como fazer se o piloto sequer notou que havia bandeira amarela no local? Esse foi o ponto debatido entre os pilotos da MotoGP após a sessão. Pol Espargaró foi um dos que defendeu Bagnaia no incidente.

Novos painéis luminosos estrearam na MotoGP no GP de Portugal (Foto: Yamaha)

“Era impossível que o Pecco [Bagnaia] conseguisse ver essa bandeirinha. Entendo os comissários e, quando há um piloto no solo, deve-se penalizar [quem não diminui a velocidade]. Mas nesses momentos, não se vê nada, ainda mais em um pouco cego a mais de 180 km/h. Vi os replays do lance e era impossível enxergar”, colocou o piloto da Honda.

Em um fim de semana que deveria ter sido marco para a MotoGP facilitar a vida dos pilotos, a classe rainha do Mundial de Motovelocidade viu ainda mais questionamentos e polêmicas surgindo. Bagnaia ainda conseguiu se recuperar na corrida, saindo de 11º para terminar no pódio, em 2º, atrás apenas do pole Fabio Quartararo. Tivesse largado na primeira fila, o cenário seria diferente.

A ideia está certa, a teoria é ótima. Quanto mais segurança para todos os envolvidos, principalmente os pilotos, melhor. Mas é preciso entender que cada circuito possui suas características e que nem sempre o piloto em alta velocidade vai ter a capacidade de visualizar os painéis luminosos ou mesmo as bandeiras amarelas agitadas pelos fiscais. No primeiro teste, o sinal amarelo foi ligado. Ainda estamos no início do campeonato, na terceira de 17 etapas, mas que a MotoGP estude bem melhor a localização e a visibilidade dos painéis nos outros circuitos. Conversar com os pilotos pode ser uma boa solução.

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Os limites de pista também foram bem questionados pelos pilotos em Portimão. A pista portuguesa é de alta velocidade, com subidas e descidas, não é anormal pensar em pilotos perdendo o controle do equipamento e saindo da pista. Na classificação, Maverick Viñales estava pronto para brigar pela pole, mas perdeu duas vezes a melhor volta no treino. Resultado: largou apenas em 12º. Nas categorias menores, como Moto2 e Moto3, o show de punições foi ainda maior.

Na repetição da imagem, foi possível ver que o espanhol da Yamaha teve a volta final cancelada no detalhe, escapando por muito, muito pouco. Com sensores localizados nas áreas logo após a zebra, a categoria tenta diminuir injustiças e deixar a situação bem tecnológica, mas ainda gera confusão e desconforto para pilotos e espectadores que muitas vezes se questionam se meia roda fora da pista realmente faz alguém levar vantagem em uma volta de quase 1min40s.

Novamente, o sinal está ligado na MotoGP. A tecnologia é amiga, é parceira, mas também pode trabalhar contra e gerar polêmicas. Uma lição a ser aprendida e levada adiante no campeonato.

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